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Atleta paralímpico mineiro tem cadeira de rodas quebrada durante voo internacional

Daniel Rodrigues, atleta de tênis em cadeira de rodas, teve seu equipamento danificado ao voltar de competição na Europa

postado em 27/06/2018 11:30 / atualizado em 27/06/2018 11:46

Reprodução Instagram
O tenista paralímpico mineiro Daniel Alves Rodrigues teve sua cadeira de rodas danificada durante um voo da companhia aérea TAP, de Lisboa para o Rio de Janeiro, na última segunda-feira. A cadeira é utilizada por ele para a prática do esporte e, segundo o paratleta, é feita sob medida.

Daniel se pronunciou por meio de suas redes sociais, demonstrando grande insatisfação com relação ao ocorrido.
“Gostaria de manifestar a minha indignação pela companhia aérea TAP pelo descuido com meu material de trabalho, por conseguir quebrar minha cadeira esportiva”, disse Daniel em uma publicação no Instagram. Ele ainda frisou que as companhias aéreas “não têm nenhum cuidado” com os materiais de trabalho de seus passageiros. O atleta terminou a publicação dizendo que a cadeira custa caro e que “sem ela não tem como jogar”.

Daniel saiu do Brasil para uma sequência de cinco competições na Europa, passando por França, Holanda e Polônia. Dentre essas competições, o mineiro disputou o Campeonato Mundial com a Seleção Brasileira de tenistas de cadeiras de rodas. A equipe ficou com a 10ª colocação, que garantiu vaga direta na próxima edição do torneio.  

Ao desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, Daniel se deparou com seu equipamento de trabalho danificado. “Deixaram a cadeira no canto e a peça quebrada em cima”, revela o paratleta.

O tenista conta que a cadeira – que custa entre R$7 mil e R$8 mil – não tem mais conserto e que, sem ela, está impedido de competir, pois as cadeiras esportivas são todas fabricadas sob medida. “Já aconteceu de, em uma final de campeonato mundial, na Austrália, em 2012, um pneu da cadeira estourar e eu tentar pegar uma cadeira emprestada. Não deu certo. Eu estava vencendo o jogo, mas acabei perdendo”, afirma Daniel.

Para não ficar parado, o tenista vai improvisando. “Vou até a fábrica de cadeiras, que fica em Goiânia, para mexerem em uma cadeira velha que eu tenho. Ela não tem as minhas medidas e não consigo competir com ela, mas vou tentar usá-la para treinar”, contou o tenista.
Reprodução Instagram

Segundo a advogada Luciana Atheniense, especialista em Legislação Turística, o atleta tem direito a indenização por dano material – que deverá ser o fornecimento de uma nova cadeira, já que, conforme o tenista, não será possível consertar a que foi danificada. Ele ainda tem direito a indenização por dano moral, pelos transtornos causados com a quebra do equipamento.

“A cadeira de rodas faz parte da vida do cadeirante. Neste caso, é ainda mais grave por se tratar de um objeto utilizado para a prática de atividade profissional”, afirmou a advogada.

Luciana citou dois casos ocorridos no Brasil, nos quais a Justiça condenou empresas aéreas por extravio ou dano provocado nas cadeiras de rodas durante o transporte internacional. Nos dois, um ocorrido no Paraná e outro no Mato Grosso do Sul, as indenizações variaram entre R$15mil e R$20mil.

O tenista formalizou uma reclamação perante a companhia aérea, mas, até o momento, recebeu como retorno apenas um e-mail, informando que ele teria que aguardar a resolução do problema.

Durante três dias o Superesportes tentou contato com a TAP por telefone, mas não obteve sucesso.

Carreira


Daniel Rodrigues é atleta de tênis em cadeira de rodas desde 2006 e chegou à Seleção Brasileira em 2009. O mineiro nasceu com má-formação na perna direita, que era 20cm mais curta que a esquerda. Depois de tentar diversas cirurgias para alongamento do membro, Daniel tomou a difícil decisão de amputá-la, em 2013, em operação realizada em Belo Horizonte.

Aos 31 anos, ele ocupa a primeira posição no ranking nacional e é o 19º do mundo. Sua melhor colocação no cenário mundial foi o 15º lugar no ranking. No seu currículo, ele ainda tem vários outros títulos, como o de campeão do Circuito ITF (International Tennis Federation) de 2017, o de campeão dos Jogos Parasulamericanos de 2014, a medalha de prata nas duplas nos jogos Parapanamericanos de 2015. Ele também é tricampeão brasileiro na categoria Master e bicampeão do torneio internacional de duplas de Nova York, (2012-2013).

Apesar do bom histórico, Daniel não consegue se sustentar financeiramente somente com o tênis. Além do esporte, ele trabalha como vendedor de produtos para fabricação de móveis planejados. “Pensei que depois da Olimpíada do Rio as coisas iriam melhorar, mas não foi o que aconteceu. Tive que começar a trabalhar com outra coisa”, desabafa o tenista.

Tags: cadeira de rodas tenis paralimpiada