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HANDEBOL

Com uma única equipe profissional e sem campeonato estadual, handebol mineiro amarga perda de atletas

Nos anos 70, Minas teve até campeão nacional na modalidade

postado em 14/09/2018 10:21 / atualizado em 14/09/2018 10:35

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Os (raros e resistentes) amantes do handebol em Minas não têm dúvidas em eleger a década de 1970 como marco de um esporte que, nos dias atuais, viu encolher assustadoramente sua representatividade. Se naquela época um clube mineiro foi bicampeão brasileiro, o Ginástico, de Lelei – então o maior jogador do país –, Bacalhau, Jamanta, Fred, Lúcio, Toco, Gustavo, Chato e Nélson, o cenário agora é de busca do recomeço. Contraste aos tempos áureos em que eram promovidos campeonatos estaduais com 24 clubes masculinos e nove femininos, hoje tudo está restrito a duas categorias, com cinco times e disputas regionais unicamente masculinas: cadete (16 anos) e juvenil (18 anos).

A “seca” tem provocado o êxodo de atletas, como a de quatro jogadoras de 16 anos que despontaram no circuito escolar em Belo Horizonte e neste semestre foram parar no Corinthians (três) e no Novo Hamburgo-RS. Em meio à longa crise na modalidade em Minas, há exemplos de resistência. Um deles está na Abesc (Associação Buritis de Esporte e Cultura). “Não teremos nenhuma competição de handebol feminino neste ano em Minas Gerais, mas nossa entidade está promovendo um metropolitano e para isso temos a ajuda da federação. É um torneio aberto, que já tem 12 equipes inscritas, grande parte do interior”, detalha o presidente Luiz Soares. Serão oito categorias no masculino e oito no feminino.

Outro foco de esperança está no Sul de Minas, onde a Liga Minas, independente, já realizou em 2018 competições no adulto (etapas de Três Pontas, Santa Rita do Sapucaí e Itajubá) e no Cadete (Varginha, Caxambu e São Lourenço). E está com tudo pronto para os torneios juvenis em Varginha e Lavras, além de uma terceira cidade a ser definida.

A Liga Minas é sediada em São Lourenço. A promoção de competições foi iniciada nesta temporada, reunindo 20 times, nenhum da capital. “Apesar da crise que o país e o estado atravessam, conseguimos viabilizar os torneios, premiando em todos eles. Realizar competições e fomentar um esporte é questão de gestão”, diz o presidente Ivo da Silva Santoso.

SOZINHO Na fase em que o handebol tinha peso no estado, Minas Gerais já participou com Ginástico, Atlético, América e ADJF na Liga Nacional masculina e Ouro Branco e Montes Claros na feminina. Entre os profissionais, porém, resta uma única equipe, o Uberaba, e restrita a atletas masculinos.

Representantes de clubes que deixaram a modalidade ou foram extintos defendem a reestruturação a partir da formação de jogadores. Com incentivo público e privado, acreditam, o esporte poderia se reerguer e voltar a ter representatividade em Minas.

Um Mundial em 2013

O Brasil é o 13º do ranking, segundo a Federação Internacional de Handebol (FIH). Em 2013, a Seleção Brasileira feminina foi campeã mundial. Fora da Europa, o país é considerado uma potência, como a Coreia do Sul. Há 83 atletas brasileiros atuando em equipes europeias – 55 homens e 28 mulheres. Ricardo Souza, presidente da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), diz que a entidade realiza acampamentos com atletas que se destacam nos estados, valendo como observação para a Seleção Brasileira. “Estamos trabalhando para melhorar o nível dos nossos torneios, apesar das dificuldades. Perdemos o patrocínio do Banco do Brasil e 80% do contrato com os Correios. Mas, mesmo assim, estamos realizando competições de nível e preparação igual para nossas seleções em todas as categorias.”