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NOS BASTIDORES DA TOCA

Campeões fora de campo: funcionários que contribuíram para o título nos bastidores

Cruzeiro conta com equipe de 90 pessoas que executam as mais diferentes tarefas na Toca da Raposa II. São torcedores que colecionam histórias de dedicação e amor ao clube

Sílvia Volpini - Superesportes

Publicação:

15/11/2013 09:00

 

Atualização:

14/11/2013 02:21

José Ilson, Marizete e Carlinhos: garantia de comida boa para os jogadores na Toca da Raposa II (Sílvia Volpini/Superesportes)
José Ilson, Marizete e Carlinhos: garantia de comida boa para os jogadores na Toca da Raposa II

Durante a trajetória do Cruzeiro rumo ao título do Brasileirão, o massagista Tita ganhou os holofotes ao ser chamado para compor a Seleção Brasileira do técnico Luiz Felipe Scolari. A convocação revelou aos cruzeirenses uma emocionante história de superação. Morador de rua durante a infância, Tita encontrou no Cruzeiro mais do que um clube para torcer, uma oportunidade de mudar seu destino. Assim como o time celeste foi importante na vida do massagista, o funcionário também teve papel essencial no desempenho dos jogadores campeões.

Longe câmeras e dos microfones, o Cruzeiro só consegue manter sua enaltecida estrutura por contar com a ajuda de outros 90 “Titas”, que executam as mais diferentes tarefas nos bastidores da Toca da Raposa II. Os cuidados vão desde o trabalho minucioso com a grama dos campos de treino, feito por 10 funcionários, até a preparação das refeições dos jogadores.

Entre os oito responsáveis pela cozinha, está Carlos Antônio Borges Guimarães, de 49 anos. Carlinhos, como é chamado, é quem comanda os serviços do refeitório e está no Cruzeiro há 14 anos. “Eu não torcia para nenhum clube quando vim trabalhar aqui. Naquela época, meu chefe falou: ‘a partir de hoje, você é cruzeirense’, e me deu uma camisa do time. Quando eu me dei conta, eu já estava batendo boca com atleticano. Foi aí que eu percebi que a doença tinha pegado”, conta o cozinheiro, descontraído.

Massagista Barjão é amigo dos atletas (Sílvia Volpini/Superesportes)
Massagista Barjão é amigo dos atletas
A doença a que se refere, porém, possibilitou uma mudança positiva na vida Carlinhos. Ele conta que se envolveu tanto com o clube, que chegou a se emocionar em diversas partidas. “Eu me sinto muito bem aqui, nunca vim trabalhar desanimado e já sofri muito pelo Cruzeiro. Na final da Libertadores de 2009, por exemplo, chorei quando perdemos o título. Quando o time estava para cair, em 2011, sentia meu coração na mão. Pedia aos jogadores para dar sangue e suor em campo, mas eu via uma luz no fim do túnel. O Cruzeiro é imbatível”.

Questionado sobre o prato predileto dos atletas, Carlinhos revela que as receitas que levam batata e filé são as que mais agradam. “Eles comem demais, principalmente carboidratos, porque precisam. Mas eles podem”, diz o cozinheiro, acostumado a fazer propaganda da comida preparada na Toca. “Aqui, a gente faz o melhor suco e o melhor cafezinho que você já viu”.

Barjão: amizade e bom-humor

Morador da região metropolitana de Belo Horizonte, Luciano da Luz acorda às 5h da manhã todos os dias e segue o mesmo trajeto rumo à Toca da Raposa II. O massagista de apelido Barjão trabalha no clube há 13 anos e divide com Tita as responsabilidades da função. Eles se revezam nas viagens do clube e se encarregam de cuidar de materiais de primeiros socorros, banheira de gelo para os atletas, energéticos, massagem de aquecimento antes dos jogos e de relaxamento depois das partidas.

“Quando cheguei ao Cruzeiro, percebi que tinha uma estrutura muito diferente. Trabalhando aqui eu consegui comprar meu apartamento, um carro, me casei e tive todo apoio para fazer um curso superior”, diz Barjão, aluno do último período do curso de Tecnologia de Saúde.

Bem-humorado, o massagista se diverte com os atletas e, em mais de uma década de Cruzeiro, coleciona casos inusitados para contar.

“Em 2010, depois de um jogo em Uberlândia, o Farías me pediu uma toalha no vestiário. Eu queria atendê-lo rapidamente, porque ele era novato no clube e estava fazendo muitos gols. Só que eu não entendia o que ele falava. O espanhol dele é um pouco italiano, eu acho. Eu só entendia ele falando ‘toarra, toarra’. Só descobri o que ele queria quando, já desesperado, encontrei o doutro Sérgio Freire, e ele traduziu para mim. Então eu levei umas cinco toalhas de uma vez (risos)”, relembra Barjão.

Geraldinho é personagem folclórico da Toca II (Sílvia Volpini/Superesportes)
Geraldinho é personagem folclórico da Toca II
Geraldinho: 33 anos de dedicação ao Cruzeiro

Contar a história dos funcionários do Cruzeiro passa necessariamente por uma conversa com Geraldo da Silva, o Geraldinho. Folclórico personagem da Toca da Raposa II, o roupeiro de 48 anos trabalha no clube há 33 e revela ares de um boa prosa. “O Geraldinho é o cara que mais conta mentira por aqui”, provocam alguns colegas.

Apesar das brincadeiras dos companheiros, uma verdade que todos reconhecem é a longa trajetória de dedicação ao clube. Geraldinho começou a trabalhar no Cruzeiro em 1980 na equipe que cuidava do gramado da Toca da Raposa I. “Depois, passei a ser gandula dos treinos. Como roupeiro, já são uns 27 anos”, explica o funcionário, que garante ser “o primeiro a chegar e o último a sair da Toca”.

Mineiro de Coroaci, pequeno município de 11 mil habitantes, Geraldinho mudou-se para Belo Horizonte aos oito anos, e passou a frequentar o Mineirão com o irmão mais velho. “Sempre fui cruzeirense. Tenho lembranças do Joãozinho em campo, na minha infância”. Nessa época, ele não imaginava que, anos mais tarde, teria papel importante nas principais conquistas do clube, o qual hoje ele define como “tudo na vida”.

Uma das lembranças mais marcantes foi a conquista da Copa do Brasil de 1996. “O Palmeiras era o favorito, já tinha empatado por 1 a 1 no Mineirão. Eu não assisto aos jogos, fico lá dentro do vestiário preparando as coisas. No final do jogo, eu já estava conformado, esperando uma derrota, mas o Dida entrou pulando no vestiário e veio me abraçar, gritando ‘somos campeões, somos campeões’. Foi emocionante”.

Seriedade na hora da festa


A caminhada celeste em busca do título brasileiro também ficou marcada pelas calorosas recepções da torcida durante a chegada dos jogadores ao Mineirão, especialmente antes dos duelos com os principais concorrentes à taça. Antônio Ozilton de Araújo, de 48 anos, teve uma visão privilegiada do “inferno azul”, como ficou conhecida a festa realizada pelos cruzeirenses com dezenas de sinalizadores e cantos de apoio ao time.

Motorista do ônibus do Cruzeiro há nove anos, ele explica que os momentos de celebração dos torcedores, apesar de contagiantes, requerem atenção redobrada na direção do veículo.

Motorista Ozilton cuida do ônibus cruzeirense (Gustavo Andrade/Superesportes)
Motorista Ozilton cuida do ônibus cruzeirense
“Tenho que ter uma responsabilidade maior nesses momentos. Minha visão não pode ser como a dos atletas, tenho de estar voltado para o que acontece do lado de fora. O pessoal vai para fazer festa, mas eu não posso participar. Tenho que colocar uma velocidade certa à medida em que as pessoas estão caminhando, para não acontecer nada desagradável”, disse.

A chegada do ônibus ao Mineirão para a partida contra o Botafogo – à época o principal adversário do Cruzeiro pelo título – ficou guardada na memória do motorista. Ele conta que viveu instantes de apreensão com as 'loucuras' que os torcedores são capazes de fazer.

“Há os fanáticos. No jogo contra o Botafogo, um torcedor jogou a bandeira no para-brisa e entrou debaixo do ônibus. Eu não conseguia ver se ele tinha saído de lá, tenho que estar atento às pessoas que estão ao lado, que sobem no pneu ou no teto. A fumaça dificultou muito a visão.”

Torcedor do Cruzeiro desde a infância, Ozilton se lembra de quando começou a acompanhar os jogos do clube pelo rádio, na pequena cidade de Gouvêa, região central de Minas. “Na minha cidade, quem acompanhava futebol só falava de Cruzeiro e Bayern de Munique.” Hoje, Ozilton é bem mais que um seguidor do clube. Ele é também seu guia e leva, além dos jogadores, um profundo orgulho de poder fazer parte de uma história campeã.

Assista à chegada do ônibus do Cuzeiro ao Mineirão para a partida contra o Botafogo


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