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INDEPENDÊNCIA

Caldeirão à espera de soluções

Independência cai nas graças da torcida, que se identifica com a modernidade do novo estádio mas se aborrece com os pontos cegos e outras limitações

Ludymilla Sá - Estado de Minas

Roger Dias - Estado de Minas

Bruno Freitas - Estado de Minas

Publicação:

10/07/2012 08:46

 

Atualização:

10/07/2012 09:07

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press


Inaugurado às pressas em abril, depois de sucessivos adiamentos na data da entrega, e aguardado com ansiedade tanto pelo torcedor como por Atlético, América e Cruzeiro – que amargaram má campanha no Brasileiro’2011 e ainda dependiam da Arena do Jacaré, a 70 quilômetros de distância, para mandar seus jogos –, o novo Independência não demorou a cair nas graças daqueles que sentiam a falta do futebol em Belo Horizonte. Bonito de se ver por fora, moderno por dentro, o totalmente reconstruído Estádio Raimundo Sampaio trouxe para a capital mineira o conceito de arena já conhecido dos europeus. Elogiado pelos mineiros (confira opiniões de torcedores), o local, de quebra, ainda elevou a autoestima dos fãs da bola e a dos clubes, que atuando em casa se fortaleceram e têm bom desempenho no Nacional deste ano.

O saldo nos 15 primeiros jogos foi incrivelmente positivo: ingressos quase sempre esgotados, coros, bandeiras, faixas e dependências lotadas de alvinegros, celestes e alviverdes. Uma grande festa, digna de um verdadeiro caldeirão.
A funcionalidade, por outro lado, se revelou longe da perfeição. Passados 77 dias de operação, problemas pendentes desde a entrega do estádio continuam a atrapalhar a grande paixão do torcedor. O principal é a presença de inadequadas grades de ferro das cadeiras superiores, o que obstrui a visibilidade de aproximadamente 6 mil pessoas (24% da capacidade da arena). Embora três opções de substituição para os atuais gradis já tenham sido apresentadas por grupo de estudo especialmente criado para o chamado ponto cego, a solução ainda parece estar longe de ser adotada.

Marcos Michelin/EM/D.A Press
Amanhã vence o prazo de 30 dias para que Ministério Público Estadual, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-MG) e Corpo de Bombeiros deem seus pareceres sobre três opções apresentadas, embora a Secretaria de Estado Extraordinária da Copa (Secopa), órgão do governo mineiro que baterá o martelo sobre quem pagará a conta e como será feita a substituição das grades, prefira manter o silêncio quando o assunto são as análises e o futuro desse setor.

Questionada pelo EM se a Andrade Valladares, que construiu o estádio, poderá ser responsabilizada pela troca dos guardacorpos de ferro e se está comprometida em resolver outros detalhes pendentes da obra – como a ausência de sinal de celular e internet e do gás canalizado nas cozinhas das lanchonetes, que impede a venda do tradicional tropeiro –, a secretaria se limitou a dizer que só voltará a se pronunciar sobre as grades do Independência depois de parecer do MP.
Corpo de Bombeiros e Andrade Valladares também optaram pelo silêncio ao ser procurados pela reportagem, sob o argumento de que somente a Secopa poderia falar a respeito do ponto cego. O MP, por sua vez, declarou que o promotor Édson Antenor de Lima Paula, que está à frente do caso, vai se pronunciar somente a partir de amanhã, fim do prazo – já estendido –, sem dar previsão de quando o anúncio será enfim realizado.

AS OPÇÕES Durante a reunião que apresentou as três opções, em 11 de junho, o prazo inicial anunciado para a análise era de 20 dias. A primeira das opções para acabar com o ponto cego é diminuir a altura da barra superior das grades de ferro de 1,10m para 1m e trocar a peça por outra de aço inox, ao custo de R$ 1,2 milhão. Outra é a instalação de vidro temperado na área, que esbarraria no alto custo: R$ 8 milhões. A terceira, apontada como a mais viável, seria serrar as grades de ferro e abrir uma área de 35cm nas atuais grades. Assim, o campo de visão seria aumentado, ao custo intermediário de R$ 3,2 milhões.

ENQUANTO ISSO...

Cadeiras sem certificação

O consórcio Minas Arena – responsável pelas obras e a futura administração do Mineirão – é alvo de nova polêmica, desta vez envolvendo o fornecimento das primeiras cadeiras do estádio. Segundo site de uma revista paulista, os 2 mil assentos iniciais fornecidos pela empresa Rhodes, com fábrica em Cambuí, no Sul de Minas, não teriam a certificação anti-incêndio da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O item é uma das exigências da Fifa. O Minas Arena já teria sido informado a respeito. Respondendo pelo consórcio, a Secopa confirma o fato, afirmando que "todos os laudos emitidos pela ABNT estão em andamento e análise". Mas ressalta que foram recebidas 11 propostas de fornecimento e todas as empresas seguiram o mesmo trâmite da Rhodes. "O contrato com a empresa prevê garantias quanto aos laudos de qualidade e certificação do produto", acrescenta a secretaria.

Crea: parecer em fase final

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Uma das três partes envolvidas na análise do ponto cego – que será levada em conta pela Secopa na tentativa de solucionar um dos principais problemas do novo Independência –, o Conselho Regional de Arquitetura e Agronomia (Crea-MG) adiantou que sua parte está próxima de ser apresentada.

Sem dar maiores detalhes sobre o que foi criticado no estudo, o assessor do gabinete da presidência, Teodomiro Matos Bicalho, afirmou que a manifestação do órgão está em fase final e ele aguarda somente o retorno do presidente Jobson Andrade de viagem para se reunir com o Ministério Público e decidir como a análise das duas instituições, realizada de forma conjunta, será apresentada.

"Até sexta-feira, nossa análise será encaminhada ao MP. Por enquanto, prefiro não dar nenhuma informação, porque seria deselegante falar sem antes passar pelo ministério", declarou Bicalho, ressaltando que o anúncio também depende do crivo do promotor Édson Antenor de Lima Paula. "É ele quem vai decidir se as análises serão anunciadas em reunião aberta ou não."

Detalhes ainda em finalização

Apesar de ter assumido o Independência desde a reinauguração, a concessionária Arena Independência – consórcio firmado pelas empresas BWA e Ingresso Fácil – ainda opera o estádio inacabado e sem perspectiva de entrega total. Detalhes nas partes elétrica, de telecomunicações, hidráulica e no sistema de descargas atmosféricas estão sendo finalizados pela Construtora Andrade Valladares e a expectativa é de que o serviço fique pronto no prazo de uma semana.

Gerente administrativo da arena, Victor Hugo Costa aponta que outro detalhe travando a plena operação são soluções técnicas inadequadas como a do ponto cego. Uma proposta de novo modelo de grade já foi apresentada ao governo mineiro, mas sem retorno oficial. Ainda assim, a concessionária garante que a solução no setor não vai interferir no calendário dos clubes. Garantindo não saber a origem de ausência de sinal e de internet, Costa explica que o problema é de responsabilidade das operadoras de telefonia. "Não temos interferência nesse caso. Na Cidade Administrativa, também houve essa ocorrência e com o tempo foi corrigida." Uma das possibilidades levantadas pela BWA é oferecer aos usuários internet wi-fi.

A venda do tropeiro, acrescenta ele, também dependeria de detalhes além da falta do gás canalizado. Por isso, a modernização das lanchonetes é descartada por ora. "As cozinhas não foram desenvolvidas para manipulação de alimentos. Seriam necessários investimentos em exaustão e vedação. A montagem da central de gás é o principal motivo, talvez o mais caro, mas não o único."

As pendências no Independência, acrescenta Costa, causam dificuldade à BWA. "Um dos investimentos é o de automação. Isso exige a finalização da parte elétrica. Ou seja: uma coisa acaba atrasando a outra. É necessário terminar todo o estádio para que sejam feitos os investimentos mais refinados", ressalta.

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