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Darlan Romani supera marca do Rio, mas fica em 4º e deixa Tóquio sem pódio

Catarinense conseguiu melhor desempenho da história brasileira no arremesso de peso nos Jogos Olímpicos, mas não conseguiu a sonhada medalha

05/08/2021 00:25 / atualizado em 05/08/2021 02:12
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Marca de 21,88m foi a melhor de Darlan Romani nesta temporada
foto: Andrej Isakovic/AFP

Marca de 21,88m foi a melhor de Darlan Romani nesta temporada

Não deu para Darlan Romani no arremesso de peso. Na madrugada desta quinta-feira (tarde no Japão), o catarinense de 30 anos alcançou o melhor desempenho da história do Brasil em Olimpíadas, mas terminou na quarta posição e deixa o Estádio Olímpico de Tóquio sem a tão sonhada medalha.

Darlan alcançou a marca de 21,88m, melhor dele na temporada, logo na primeira tentativa. Campeão no Rio de Janeiro (2016), o estadunidense Ryan Crouser arremessou o peso de 7,26kg a 23,30m, novo recorde olímpico, para conquistar o ouro mais uma vez. Em junho, ele chegou a 23,37m e quebrou o recorde mundial da modalidade, que durava 31 anos. A prata ficou com o compatriota Joe Kovacs (22,65m). O bronze foi do neozelandês Tomas Walsh (22,47m). 

Não foram tempos fáceis para Darlan Romani. Nos meses que antecederam os Jogos Olímpicos de Tóquio, o catarinense viu encurralado: contraiu COVID-19, perdeu 10 quilos, ficou sem lugar para treinar, precisou passar por uma cirurgia... E chegou à competição como candidato ao pódio, mas não era favorito.
 
“Com certeza não era o resultado que eu queria. Não consigo nem falar ainda. A gente sonha, corre atrás e isso acontece. Cada um nas suas condições, eu tenho uma condição no Brasil, eles têm outras nos Estados Unidos e na Nova Zelândia, não sei como são as condições individuais de cada um, as minhas condições para o resultado que eu tenho são boas, ano passado em março estava bem, a milhão, ia fazer uma temporada excelente, entrou a pandemia, tive que operar (hérnia de disco), passei COVID, não foi fácil pra gente. É difícil falar, cada um é cada um. Eu me dedico ao máximo”, afirmou Darlan. 

Sob intenso calor de 33ºC - e sensação térmica beirando os 40ºC - no Estádio Olímpico de Tóquio, ele superou a própria marca como o dono do melhor desempenho brasileiro no arremesso de peso, que faz parte da Olimpíada desde a primeira edição da Era Moderna (Atenas, 1896).
 
“Está muito aflorado, no calor. Vou colocar a cabeça no lugar. 2020 vinha treinando bem, mas aconteceu tudo que aconteceu. Minha recuperação era prevista para seis semanas, eu voltei em quatro. Aí teve COVID do meu irmão e da minha mãe. Depois eu passei o COVID. Você para para olhar, o quarto lugar é ruim, não  é  ruim, mas o sonho é maior. Quero isso para mim e minha família. Tenho que treinar, colocar pingos nos is, voltar para o  Brasil, ver minha família e treinar”, disse o quarto colocado no arremesso de peso em Tóquio. 

Antônio Pereira Lira, em 1936, em Berlim, na Alemanha, havia sido o último nascido no país a disputar a prova em Jogos Olímpicos. Darlan quebrou o tabu no Rio, em 2016, quando ficou em quinto. Agora, termina em quarto.

Percalços


Mas o caminho até a quarta posição não foi nada fácil. O ciclo olímpico foi muito bom até 2019, com resultados que indicavam que o brasileiro chegaria ao Japão na plenitude da forma. Mas a pandemia de coronavírus criou uma série de empecilhos na preparação.

O primeiro deles: a falta de lugar para treinar. Darlan, então, contratou um pedreiro para construir um platô de cimento em cima de terra e grama em um terreno baldio em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, para que pudesse arremessar.

"Eu apoio e respeito a quarentena, por isso mesmo estamos aqui arrumando um cantinho para eu seguir os treinos. Saúde em primeiro lugar sempre, vamos nos adaptar em casa como puder", escreveu, à época, em uma publicação nas redes sociais.

Com as más condições de treino, Darlan desenvolveu uma hérnia de disco. O atleta do Pinheiros precisou passar por uma cirurgia e ficou sem treinar e competir por quase dois meses no início de 2021.

Durante a pandemia, Darlan também ficou sem treinador. O cubano Justo Navarro precisou visitar a terra-natal em dezembro e não conseguiu retornar ao Brasil por conta das restrições para sair da ilha.

Mentalmente, a COVID-19 também impactou na preparação. A mãe e o irmão de Darlan contraíram o vírus e precisaram ser tratados em UTI. Depois disso, em maio - apenas dois meses antes dos Jogos -, o próprio atleta adoeceu. Mas se recuperou a tempo para ter um bom desempenho em Tóquio.



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