Após grande baque com a perda da oposta Tandara por doping e 'passeio' sobre a Coreia do Sul na semifinal, a Seleção Brasileira Feminina de Vôlei busca o tri olímpico invicto diante dos EUA neste domingo (8), às 1h30, nos Jogos de Tóquio. A decisão será disputada na Ariake Arena, na capital japonesa.
Quem vê o placar apontar 3 sets a 0 pode imaginar que a semifinal olímpica do vôlei feminino contra a Coreia do Sul foi simples para o Brasil. Mas o roteiro não foi exatamente esse na manhã da sexta-feira (tarde no Japão) na Ariake Arena. A Seleção Brasileira precisou de muita paciência para superar a forte defesa adversária, vencer com parciais de 25-16, 25-16 e 25-16 e conquistar a vaga na final dos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Por outro lado, na outra semifinal, as americanas passaram com facilidade pela Sérvia. Com parciais de 25-19, 25-15 e 25-23, elas garantiram vaga na grande decisão. Os Estados Unidos buscam seu primeiro ouro no vôlei feminino em Olimpíadas - conquistaram a prata em três oportunidades (1984, 2008 e 2012) e o bronze em outras duas (1992 e 2016).
Já o Brasil tem quatro medalhas: duas de ouro (Pequim-2008 e Londres-2012, ambas contra os EUA, por três sets a um) e duas de bronze (Atlanta-1996 e Sydney-2000). As comandadas de José Roberto Guimarães vão em busca do tri olímpico neste domingo.
Brasil e EUA se enfrentaram recentemente na final da Liga das Nações. Em 25 de junho, as estadunidenses perderam o primeiro set, mas viraram para fechar em 3 sets a 1 e conquistar o título da competição disputada em Rimini, na Itália. Foi o último evento antes dos Jogos Olímpicos.
Campanha em Tóquio
Por outro lado, na fase de grupos, as americanas bateram Argentina (3-0), China (3-0), Turquia (3-2) e Itália (3-2), mas perderam para o Comitê Olímpico Russo por 3 a 0. Nas quartas de final, passaram facilmente pela República Dominicana, por 3 a 0, e, nas semis, despacharam a Sérvia com novo 3 a 0.
Baixa importante
A Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) noticiou que Tandara testou positivo para a substância ostarina, pertencente à classe de anabolizantes. Suspensa provisoriamente, a oposta da Seleção Brasileira deixou Tóquio nesta sexta-feira e não participou da vitória sobre a Coreia do Sul, na semifinal.
Palavras do comandante
O técnico da seleção feminina, José Roberto Guimarães, conversou com os jornalistas brasileiros após a vitória sobre a Coreia do Sul. Ele disse ter ficado 'paralisado' ao receber a notícia e revelou que Tandara garantiu 'inocência' em conversa privada.
"Eu recebi a notícia de madrugada e fiquei paralisado. Vamos ver os procedimentos que a gente tem que tomar. Eu tinha duas preocupações: ela e o grupo. Aí, logo pela manhã, eu conversei com ela e ela disse: 'Eu estou limpa, não tomei absolutamente nada'. Eu falei: 'Vamos pensar na sua defesa, faz a melhor coisa possível'. Só que ela não podia permanecer. Ela tinha que voltar para o Brasil. Exigência de toda a organização. Ela está suspensa e não pode permanecer", afirmou.
Em seguida, José Roberto destacou a preocupação ao passar a notícia ao grupo. 'Foi tenso', avaliou. Ainda assim, o treinador buscou reverter o foco das atletas para o duelo contra a Coreia.
Baque como impulso?
Questionado se a ausência de Tandara serviria como motivação para o grupo, Zé Roberto opinou que não. Ele espera que o time vá para a final com a 'melhor energia' e que 'jogue por ela também'.
"Eu não penso dessa maneira (que o baque vai funcionar como um impulso). Eu penso que, agora, nós também vamos viver o nosso luto e pensar no próximo jogo. Porque aconteceu. Não dá para mudar isso. Agora, a gente tem que ir para o jogo com a melhor energia que a gente possa e jogar por ela também", declarou.
Decepção, foco na defesa e 'página virada'
"O médico só perguntou o que ela tinha consumido. Ponto. E que ela tinha que fazer a defesa dela e só. 'Não consumi absolutamente nada, e agora vou ver os procedimentos'. Não ficamos alongando muito. Quando ela falou: 'Não consumi', acabou. Vamos preparar a defesa e vamos tocar a vida. Não tem outra coisa a fazer", completou.
Perguntado sobre a possibilidade de que o time faça uma homenagem à jogadora, independentemente da cor da medalha no pódio, o técnico acredita que isso ocorrerá. "Eu acredito que sim. Ela teve o ciclo todo, ela correu, se dedicou. Então, eu acho uma pena, mas, se Deus quiser, não vai dar nada. Ela vai comprovar que não consumiu, que está tudo bem", projetou.
Por fim, Zé Roberto reforçou a necessidade de 'virar a página' e estabelecer foco na decisão, diante dos Estados Unidos. "Eu senti o time virando a página para o jogo. Agora, eu não sei como é que elas estão. Porque estão na euforia e tudo mais. (...) A gente vai conversar agora, mas visando o que a gente tem pela frente. Não adianta a gente ficar dando muito enfoque nisso, porque agora é resolver o problema dela e pronto", finalizou.
Brasil x Estados Unidos
Motivo: final do vôlei feminino na Olimpíada
Data e horário: domingo, 8 de agosto de 2021, às 1h30
Local: Ariake Arena, em Tóquio
Transmissão: Globo