2

Envolvido em troca com Cris, em 99, João Carlos diz que foi surpreendido por Zezé

Para contratar ex-zagueiro, Corinthians cedeu Cris e mais quatro milhões de dólares

08/01/2013 08:30 / atualizado em 12/09/2022 13:42
compartilhe
João Carlos recebeu telefonema de Zezé para informar que havia sido vendido para o Timão
foto: Juarez Rodrigues/Estado de Minas

João Carlos recebeu telefonema de Zezé para informar que havia sido vendido para o Timão


O ex-zagueiro João Carlos chegou a conciliar a atividade de jogador de futebol com a profissão de servente de pedreiro nos tempos em que atuava na base do Democrata de Sete Lagoas. Depois de conseguir bons contratos no esporte, ele largou o ofício que ocupava ao lado do pai e se dedicou apenas à vida nos gramados. Parte importante nessa mudança de quadro, o Cruzeiro ajudou o ex-atleta a melhorar a condição financeira.

“A realidade em clubes do interior é muito complicada, porque há pouco dinheiro nos cofres. Ainda nos juniores do Democrata, que treinava apenas um período, eu trabalhava com meu pai como servente de pedreiro. Mas eu tinha que trabalhar para ajudar em casa, porém, queria jogar e viver o sonho do futebol. Depois que fui para o Cruzeiro é que mudou a história toda. Eu tenho um carinho enorme pelo Cruzeiro”, explica João Carlos ao Superesportes.

João chegou ao clube celeste em 1994 e foi reemprestado por dois anos antes de receber as primeiras oportunidades na Toca. Ele ganhou mais espaço graças à contratação do ex-diretor de futebol Moraes, que esteve ao lado do defensor quando ele atuou pelo Democrata de Valadares, em 95.

“Fui contratado, mas acabei repassado ao Democrata de Sete Lagoas novamente. Já na temporada seguinte, eu fui para o outro Democrata, de Valadares. Só voltei para jogar no Cruzeiro em 1996, quando o Moraes, que havia trabalhado na Pantera, saiu para ser diretor do Cruzeiro. Não fiz muitos jogos em 96, mas fiz mais jogos em 97 e 98”, conta

João decidiu ser treinador
foto: Jorge Gontijo/Estado de Minas

João decidiu ser treinador

Atleta do clube desde o início da gestão da família Perrella, que começou em 1995 e durou até o fim de 2011, João Carlos vivenciou de perto a filosofia de negociar os jogadores adotada pelos mandatários. Ele revelou à reportagem que, à época de sua saída do Cruzeiro, foi surpreendido por um telefonema de Zezé.

“Foi muito repentina a minha saída. Eu nem esperava, não havia nada em andamento. Estava com a Seleção disputando a Copa América, no Paraguai, e o Zezé Perrella me ligou e disse que eu havia sido vendido para o Corinthians, que seria bom para mim. Ele só me informou que eu estava sendo vendido e que algum jogador viria para cá, mas não me consultou em nada. Num primeiro momento, eu fiquei chateado porque queria renovar o meu contrato. Mas isso faz parte do futebol”, lembra.

A despedida de João Carlos da Toca não foi tão sentida pela torcida pela reposição viabilizada na transação. Além de receber quatro milhões de dólares do Corinthians, o Cruzeiro encontrou no “contrapeso” Cris segurança para a defesa e liderança nas quatro linhas. O zagueiro conquistou títulos importantes no clube e, depois de defender Lyon e Galatasaray nos últimos anos, retornou ao futebol brasileiro para jogar no Grêmio.

João Carlos elogiou o zagueiro e comentou a volta dele ao Brasil. “Eu cheguei a jogar com ele (Cris) em 2001, quando tive minha terceira passagem pelo Cruzeiro. Ele é uma pessoa maravilhosa e deu muita alegria para os torcedores daqui. Hoje, ele é mais experiente e será uma ótima opção para o Grêmio”, analisa João Carlos.

Seleção Brasileira


Conhecido pela força física em campo, João Carlos alega que também possuía técnica. “A minha força e impulsão me destacavam, mas eu também tinha nível técnico bom. Outro ponto positivo era a minha lealdade. Posso dizer que meu vigor físico me dava uma boa recuperação e rapidez”.

Todas as características citadas por João Carlos o ajudaram a vestir a camisa da Seleção Brasileira. Em 1999, época de sua transferência para o Corinthians, ele jogou a Copa América pelo Brasil, além de outras competições e amistosos. Para o ex-zagueiro, todo o esforço para se tornar profissional no futebol encontra a recompensa na convocação para defender a pátria

“Minha passagem foi boa e tive em alguns amistosos, Copa América, Copa das Confederações. A Seleção era muito qualificada. Vários jogadores de nome e o treinador era o Luxemburgo. Posso dizer que foi um momento de plena felicidade. O melhor momento de todo atleta é viver a Seleção. A gente trabalha, supera as dificuldades, para chegar lá”, concluiu

Vida de treinador

João ainda passou pelo futebol japonês (Cerezo Osaka), Botafogo, Paysandu, Ipatinga e Democrata-SL antes de encerrar a carreira, em 2006, pelo Jacaré. Após pendurar as chuteiras, ele apostou na carreira de treinador de futebol, função que ocupa desde 2008. Atualmente, ele trabalha na Esportiva Guaxupé, equipe do Módulo II do Campeonato Mineiro.

“Eu trabalhei com grandes treinadores e procurei aprender e guardar muita coisa, para a partir disso montar uma filosofia de trabalho. A coisa é bem difícil fora do campo. Conseguimos o acesso com a Esportiva Guaxupé, mas a equipe acabou perdendo a vaga no tapetão. Agora é trabalhar e manter a sequência na carreira de treinador”, completou.
Compartilhe