2

Palhinha revela frustração por não ter jogado Mundial pelo Cruzeiro em 1997

Camisa 10 do Cruzeiro foi embora para a Espanha no dia seguinte ao título da Libertadores para defender o Real Mallorca

17/08/2022 07:00 / atualizado em 17/08/2022 10:58
compartilhe
Palhinha revelou certa frustração por não ter jogado Mundial pelo Cruzeiro, mas decisão foi dele
foto: Jorge Gontijo/EM/DAPress

Palhinha revelou certa frustração por não ter jogado Mundial pelo Cruzeiro, mas decisão foi dele


Dono da camisa 10 e maestro do Cruzeiro na conquista da Copa Libertadores de 1997, Palhinha admite certa frustração por não ter ido ao Mundial de Clubes daquele ano para enfrentar o Borussia Dortmund, em Tóquio. A decisão de deixar o clube logo após o título continental foi dele, uma vez que já estava com 29 anos e recebeu uma proposta milionária para defender o Real Mallorca, da Espanha.



Palhinha e o time do Cruzeiro postado para jogo de ida da final da Libertadores de 1997, contra o Sporting Cristal, em Lima
foto: Paulo Filgueiras/EM/DAPress

Palhinha e o time do Cruzeiro postado para jogo de ida da final da Libertadores de 1997, contra o Sporting Cristal, em Lima



O Cruzeiro recebeu à época US$ 1,5 milhão pela venda de Palhinha. O craque do time foi embora no dia seguinte ao título da Libertadores (13/8/1997) e na mesma semana estreou pelo clube espanhol no Torneio Palma de Mallorca. O contrato de três anos e a primeira oportunidade de jogar na Europa o convenceram a deixar a Toca.

"Ficou uma frustração. Não sei se a palavra é arrependimento, porque os valores que eu consegui arrecadar para poder ir à Espanha, para o Mallorca, dificilmente conseguiria ganhar na idade que eu estava. Querendo ou não, tem que pensar um pouco para frente", disse Palhinha em entrevista ao quadro Por onde anda?, do Superesportes.

Palhinha acabou ficando apenas cinco meses no Mallorca. Em janeiro de 1998, ele foi seduzido por outra proposta, dessa vez para integrar o time de estrelas montado pelo Flamengo para 1998 e que foi apelidado de SeleFla. No Rio, o meia-atacante não se adaptou ao estilo de trabalho do clube e pediu para sair em maio.

No fim, Palhinha desperdiçou a chance de ir a mais um Mundial - tinha sido bicampeão com o São Paulo em 1992 e 1993 -, ficou sem o contrato longevo no Real Mallorca e se decepcionou com o projeto no Flamengo. Esse sim foi o grande arrependimento do meia-atacante quando já estava com 30 anos.

"O Cruzeiro não teria condições de me segurar para a próxima temporada (1998). São coisas que hoje são fáceis de falar, você tem tempo para pensar. Mas naquele momento é que você vê a condição toda que foi criada, como foi conduzida a transferência. E no Mallorca não deu certo, voltei depois para o Flamengo, e foi a pior escolha que eu fiz na minha vida. Esse é o meu maior arrependimento", disse Palhinha sobre o acerto com os cariocas.

Tristeza ao ver o jogo entre Cruzeiro e Borussia


O Cruzeiro chegou ao Mundial em dezembro de 1997 sem a confiança necessária para lutar pelo título. A primeira mudança sentida foi a saída de Paulo Autuori após a Libertadores para a chegada de Nelsinho Baptista. Com a base campeã continental, o time brigou contra o rebaixamento até as últimas rodadas do Campeonato Brasileiro. 

O então presidente Zezé Perrella fechou contratações de última hora para a disputa com o Borussia Dortmund, mas que não tinham entrosamento com o elenco. Os reforços foram o lateral-direito Alberto, o zagueiro Gonçalves e os atacantes Bebeto e Donizete Pantera. Em outubro de 1997 já havia chegado à Toca o peruano Roberto Palacios para substituir Palhinha como articulador do meio-campo.

Na decisão, o Cruzeiro foi batido pelo Borussia Dortmund da Alemanha por 2 a 0, com  gols de Zorc e Heinrich. Para Palhinha, assistir ao jogo do Estádio Nacional de Tóquio pela TV foi angustiante. 

"Na hora de ver aquele jogo, você não sabe a tristeza que é, porque eu queria estar lá também, mas eu sabia que não podia ir por tudo que se envolveu na minha transferência. Eu não poderia perder aquela oportunidade (contrato com o Mallorca). O Cruzeiro representou muito na minha vida, os dois anos que vivi em Belo Horizonte, aquilo não é questão de dinheiro e de nada, mas (a transferência) era uma independência que eu poderia fazer para minha vida. Dinheiro nenhum no Brasil poderia fazer. Eu não poderia perder a oportunidade", destaca Palhinha.

Cruzeiro descaracterizado no Mundial


O que chateou ainda mais o ex-camisa 10 cruzeirense foi ver o desmonte do Cruzeiro para ir ao Mundial. O capitão do time no título da Copa Libertadores, Wilson Gottardo, ficou fora da delegação. O zagueiro Gelson Baresi, o lateral-esquerdo Nonato e o atacante Marcelo Ramos também ficaram no banco.

Gonçalves, Donizete Pantera e Bebeto, reforços do Cruzeiro para o Mundial de 1997
foto: Jorge Gontijo/EM/DAPress

Gonçalves, Donizete Pantera e Bebeto, reforços do Cruzeiro para o Mundial de 1997


O Cruzeiro entrou em campo com Dida; Vitor, João Carlos, Gonçalves e Elivélton; Fabinho, Ricardinho, Cleisson e Roberto Palacios; Bebeto e Donizete Pantera.

"Não concordei com a vinda de outros jogadores (só para a disputa do Mundial). Tinha que jogar com o que tínhamos ali. Não estou falando que perdemos porque eles vieram", ponderou Palhinha.

Números de Palhinha no Cruzeiro


Na campanha da Copa Libertadores, Palhinha fez dois gols em 13 jogos e só atuou menos que o goleiro Dida e o volante Fabinho, presentes em 14 duelos.

Entre 1996 e 1997, Palhinha conquistou no Cruzeiro dois Campeonatos Mineiros (1996 e 1997), a Copa do Brasil de 1996 e a Copa Libertadores de 1997. Ao todo, foram 36 gols em 103 apresentações. 

Compartilhe