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Amigo de Götze e Lewa, Dedê viu surgir grandes astros no Dortmund

Em entrevista ao Por Onde Anda?, podcast do Superesportes, ex-lateral do Atlético contou como foi a relação com alguns dos craques que passaram pelo Borussia

30/09/2022 07:00 / atualizado em 30/09/2022 08:45
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Dedê falou com carinho da amizade com Mario Götze
foto: Reprodução/Superesportes

Dedê falou com carinho da amizade com Mario Götze

O ex-lateral-esquerdo Dedê acompanhou o surgimento de craques do futebol mundial. Ele defendeu o Borussia Dortmund, da Alemanha, por 13 anos e viu de perto o início promissor de jogadores como Hummels, Schmelzer e Sahin, mas principalmente outros dois, que viraram amigos do mineiro: Mario Götze e Robert Lewandowski.

Em entrevista ao podcast Por Onde Anda?, do Superesportes, Dedê comentou a amizade com os dois astros do futebol mundial. O ex-atleticano se lembra com carinho especialmente de Götze.

"Eles me chamavam de vovô. O Mario Götze é um irmão. Lembro quando ele era 'molecão'. Tinha um Golf e vinha aqui no fim de semana, aí eu trocava o carro com ele. Ele não podia comprar um carro mais avançado, tinha esse respeito. Aí ele ficava o fim de semana com meu carro, um esportivo, mais caro. Eu falava: 'se você der uma caneta no treino, você vai lá em casa e eu troco o carro com você'", disse Dedê. 


Algumas semanas antes de Dedê deixar o Dortmund, em 2011, Götze fez questão de homenagear o amigo. Ao marcar um gol na goleada por 4 a 1 sobre o Hannover, em 2 de abril, o alemão levantou a camisa e mostrou o número e o nome do então lateral-esquerdo.

"Lembro o Götze, um molecão com 18 anos. O Tinga falava que seria um moleque do caramba. Não esqueço, o Tinga falava isso. E eu falava 'ele é bom, mas no Brasil você vê uns caras mais...'. Ele fez um gol em uma partida em casa e levanta a camisa. Embaixo estava a minha camisa, com meu número e meu nome. Eu estava me aquecendo, não enxergava do outro lado do campo. Aquele gesto marcou na Alemanha. Ele correu de um lado para o outro. Todo mundo sabia, menos eu. Todo mundo me batendo na cabeça. Ele me deu um abraço, todo mundo me abraçou. A gente se fala direto", completou.

7 a 1 para a Alemanha


Dedê relembrou também a conversa que teve com o amigo logo após o 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil, no Mineirão, pela semifinal da Copa do Mundo de 2014. O ex-lateral diz ainda que fez questão de parabenizar Götze após marcar o gol do título na prorrogação contra a Argentina, no Maracanã.

"Brinquei com eles antes do jogo em BH. Fui lá zoar e falei que eles iriam tomar um sacode. Quando acabou o jogo, não acreditei. Pô, 7? Foi um dia atípico. Tudo dava certo para a Alemanha. Encontrei o Gotze, e ele colocou a mão na boca, zoando. Depois eles viajaram, fizeram a final e ele marcou o gol do título. Liguei para ele uns três dias depois, e ele dizia que a ficha não tinha caído. Ele ia na minha casa, a gente tinha uma intimidade anormal. Liguei para ele e falei: 'Você conseguiu'".

Dedê e Götze comemorando o título alemão pelo Dortmund
foto: AFP

Dedê e Götze comemorando o título alemão pelo Dortmund


Lewandowski


Robert Lewandowski era outro amigo de Dedê no Dortmund. Apesar de terem trabalhado juntos por pouco tempo, os dois construíram uma grande relação, especialmente pelo brasileiro ser um dos líderes da equipe. 

O ex-lateral relembrou um caso em que deu uma dura no atacante polonês em um treino. 

"Lewandowski chegou no meu último ano. Foi o ano em que mais me lesionei. Ele era reserva do Lucas Barrios. A gente jogava no sábado e no domingo treinava quem não jogou. A gente treinava quatro contra quatro, o grupo era pequeno. Eu não gostava de treinar no time dele de jeito nenhum. Jogava três contra três, e ele não voltava. Mas, quando a bola caía no pé dele, era anormal. Mas até cair no pé dele, tinha que tomar a bola. Você tomava gol, era campo reduzido. Eu chamava atenção dele, me respeitava muito, era um cara do bem. Ele falava 'Leo, eu gosto de fazer gol cara, sou brasileiro, gosto de fazer gol. Atacante tem que fazer gol'. Eu dava uma dura nele para o Klopp ver que eu estava chamando atenção."

Dedê afirmou que via muito potencial em Lewa, mas não acreditava que o polonês alcançaria o patamar atual. O polonês foi eleito o melhor jogador do mundo nas últimas duas temporadas.

"Não imaginava que seria isso tudo, vou ser bem honesto. Mas era um cara frio para raciocinar, para fazer gol... Quando chegou no Borussia já dava para ver", concluiu.

Por Onde Anda? 

 
O Por Onde Anda? é um quadro quinzenal publicado no Superesportes e no YouTube do Portal UAI. Nele, são entrevistados ex-jogadores e ex-técnicos de América, Atlético e Cruzeiro que estão aposentados ou em mercados alternativos do mundo da bola. 

Revelado pelo Atlético, Dedê disputou 92 jogos e marcou três gols com a camisa alvinegra entre 1996 e 1998. Na entrevista, ele ainda contou histórias com ídolos do Galo, explicou por que não voltou a defender o alvinegro, além de bastidores pelo Dortmund e a idolatria na Alemanha. Veja, no vídeo abaixo, a conversa na íntegra:


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