A cena da jornalista Jéssica Dias, da ESPN, sendo assediada por um torcedor do Flamengo, durante transmissão ao vivo antes de Flamengo x Vélez Sarsfield, nessa quarta-feira (7/9), pela Copa Libertadores, causou indignação dentro e fora do esporte. Marcelo Benevides Silva foi detido e teve a prisão preventiva decretada. Não foi, no entanto, a primeira vez que uma repórter foi desrespeitada durante o exercício da profissão.
Pesquisa de 2019, feita pelo Coletivo de Mulheres Jornalistas do Distrito Federal, revelou que 70% das jornalistas já sofreram assédio sexual durante o trabalho.
Na Copa do Mundo
Outros casos já repercutiram como o da repórter Júlia Guimarães, da TV Globo, assediada enquanto cobria a Copa do Mundo da Rússia, em 2018.
Na ocasião, ela desviou de um torcedor que tentou beijá-la antes do jogo entre Japão e Senegal. Na sequência, disse: “Eu não te autorizei a fazer isso. Nunca! Ok? Isso não é educado, isso não é certo. Nunca faça isso! Nunca faça isso com uma mulher. Respeito!”.
Lamentável: torcedor tenta beijar repórter Julia Guimarães antes do jogo entre Japão e Senegal em Ecaterimburgo. Hoje o @showdavida exibe reportagem sobre assédio contra mulheres na Rússia pic.twitter.com/UpuF1KtNf9
%u2014 ge (@geglobo) June 24, 2018
Embora Júlia tenha reagido, a maioria das jornalistas acaba dando continuidade ao trabalho mesmo após passarem pela importunação, de desconhecidos ou não, já que mulheres da imprensa são frequentemente submetidas a assédio no ambiente de trabalho segundo uma pesquisa, baseada em entrevistas profundas com 32 jornalistas de mídia impressa e televisiva nos Estados Unidos.
Na Itália
Em novembro do ano passado, uma jornalista italiana foi assediada ao vivo, enquanto cobria o jogo entre Empoli e Fiorentina pelo Campeonato Italiano.
Greta Beccaglia, da Toscana TV, recebeu um beijo na mão e na sequência, um tapa no bumbum, ficando claramente constrangida diante das câmeras. "Você não pode fazer isso”, disse ao agressor.
No Brasil
Em março de 2018, a jornalista Bruna Dealtry, do canal Esporte Interativo, desabafou após ter sofrido assédio em meio à torcida do Vasco ao ser beijada à força.
"Senti na pele a sensação de impotência que muitas mulheres sentem em estádios, metrôs, ou até mesmo andando pelas ruas. Um beijo na boca, sem a minha permissão, enquanto eu exercia a minha profissão", escreveu na época. "Sou repórter de futebol, sou mulher e mereço ser respeitada", concluiu.
Ontem a repórter Bruna Dealtry, do Esporte Interativo, sofreu o que muitas mulheres sofrem diariamente: o assédio. Enquanto fazia sua reportagem, um rapaz simplesmente a beijou sem consentimento. É de se repudiar a atitude. Fica aqui nossas sinceras desculpas em nome da torcida. pic.twitter.com/L2pun4X8mZ
%u2014 NewsColina! ® (@newscolina) March 14, 2018