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Fim de uma era: chega ao final parceria entre FIFA e Electronic Arts

Depois de quase três décadas, um dos relacionamentos comerciais de maior sucesso entre a EA Sports e a FIFA, está chegando ao fim

postado em 04/10/2022 15:40

(Foto: Freepik)
Meses de discussões calorosas entre a FIFA, o corpo governamental do futebol, e a empresa de videogames Electronic Arts se passaram sem uma extensão do acordo de relacionamento que produziu algo além de um fenômeno cultural, mas um dos melhores jogos de esporte, e mundialmente famoso.

Fãs naturalmente estão preocupados com as notícias de que a EA Sports não criaria mais o jogo de futebol embaixo da marca FIFA, já que vários tomavam isso como verdade, há mais de três décadas. Mudanças não precisam ser algo ruim, elas são comuns em diversas áreas.

 
O que realmente deu errado


Para milhões de pessoas ao redor do mundo, as letras FIFA significam a marca de videogame que simulava a vida de jogadores tão diversos quanto profissionais da Liga Premier até times mais amadores para milhões de pessoas ao redor do mundo, ao invés do futebol em si. Até mesmo os jogadores que não tinham a menor noção sobre futebol ou algo relacionado conheciam as estrelas do futebol por causa de suas cópias digitais. Esse tipo de parceria lucrativa entre a EA Sports e a Fifa, e a popularidade ridícula do jogo gerou mais de 20 bilhões de dólares em vendas nas últimas duas décadas.

No entanto, a separação tem se mostrado inevitável nos últimos meses. Enquanto é inegável que a disputa veio em parte por causa de expectativas financeiras diferentes – a FIFA estava querendo cerca de pelo menos o dobro dos $150 milhões que ela atualmente recebia da EA Sports, sua maior parceira comercial – também se tornou muito claro, e rapidamente, de que tinham visões conflitantes no que deveria ser coberto no novo acordo.

Agora, existem várias justificativas dadas pela EA Sports para acreditarem que dobrar o acordo atual seria muito excessivo. Principalmente por causa do fato de que a FIFA apenas oferecia o nome da marca. A infraestrutura e software que os fãs aprenderam a gostar foi criada pela Electronic Arts, que também cuida do marketing e suporte ao cliente. A FIFA reconhece isso.

Segundo, a FIFA queria acabar com sua exclusividade com a EA Sports e também emprestar seu nome para outras aplicações e jogos para aumentar sua fonte de renda, que era outro ponto importante no acordo. Fãs mais jovens estão mais familiarizados com a FIFA (o jogo) do que a FIFA (a organização), de acordo com a EA Sports, e a empresa iria lucrar com a marca que eles ajudaram a criar.

 
O que acontece agora?


A EA Sports não vai mais ter o direito de incluir a Copa do Mundo nos jogos, mas eles serão capazes de usar os nomes e aparências da maioria dos atletas e times mais conhecidos no mundo graças aos diversos acordos que fizeram ao longo dos anos. O bastante conhecido jogo da FIFA vai agora ter o nome de EA Sports FC e incluir cerca de 19,000 jogadores, 100 estádios e 30 ligas.

A EA Sports vem aprimorando seu jogo pelas últimas décadas, investindo em expertise técnica e pesquisa. E a partir de agora, estamos atrás de um metaverso de futebol, com a simulação coexistindo com os destaques do jogo, social media e talvez NFTs. Não há dúvidas de que eles farão um trabalho fantástico, e de que se será extremamente eficiente em sugar o dinheiro de quem quiser usá-lo. Considerando tudo o que sabemos sobre a EA Sports e seus times, parece que a Eletronic Arts vai se dar bem.
 

Já a FIFA…


Enquanto é detentora dos direitos da Copa do Mundo e outros itens da marca FIFA, eles estarão lançando um novo jogo de futebol por conta própria. Para isso, eles vão ter de encontrar desenvolvedores e vão precisar da colaboração de empresas diferentes de videogame. Mas não vai ser nada fácil competir com alguém que já gastou três décadas aprimorando seu jogo. Afinal de contas, quanto tempo vai levar escanear dúzias de modelos de jogadores? Além de precisar recriar todos os estádios, torcidas e outros detalhes minúsculos que dão a sensação autêntica do FIFA da EA. 

Milhões de jogadores de FIFA gostam de debater os ajustes de minutos no fluxo do jogo, o que traz atualizações ao jogo todos os anos, mas no fim das contas, é um excelente simulador de futebol baseado em uma tecnologia superior, além de uma quantidade tremenda de trabalho. Em particular, em menos de dois anos, ninguém vai conseguir reproduzir algo parecido com o FIFA da EA Sports.
 
Isso dá à FIFA a chance de recomeçar e fazer mudanças. Fãs começaram recentemente a perder interesse no jogo devido ao fato de que as únicas modificações feitas nos últimos anos foram na escalação dos times e kits de cores, e não na jogabilidade em si. Agora que tem total liberdade criativa, a Electronic Arts pode voltar aos fundamentos do que tornou essa franquia uma franquia de bilhões de dólares. É uma situação boa.

 
E para os fãs?


Sem dúvidas, foi de partir o coração para fãs de futebol verem essas duas empresas se separarem depois de uma parceria tão longa e com tanto sucesso, e com certeza os jogadores vão precisar de um tempo para se recuperar disso. No entanto, se formos além da besteira, eu acho que será um ponto de guinada no mundo de jogos de futebol. Por um longo tempo o PES e o FIFA foram as duas franquias de futebol competitivo que ofereciam as melhores experiências de simulação.

Agora que a separação é iminente, acreditamos que se a FIFA fizer um bom plano de diversificação para desenvolver seu time e parceiros, podemos acabar vendo alguns estúdios diferentes se aventurando nos jogos de futebol. Isso vai abrir um mundo novo para jogadores, e vai trazer competitividade entre os gigantes do futebol.

Para a EA, devido ao aumento da competição e da FIFA dar licenças para diferentes desenvolvedores e estúdios de jogo, eles vão precisar pensar em jeitos diferentes de aperfeiçoar seu jogo, e fazer mudanças drásticas na jogabilidade real. De qualquer maneira, não importa o quão difícil fique para a EA agradar sua comunidade de fãs de gastarem uma fortuna em moedas FIFA