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Em quais fatores o Atlético de Coudet precisa evoluir? Analista responde

Analista tático Antônio Carlos, do "Galo Análises", destrinchou início de trabalho de Eduardo Coudet no Atlético e destacou virtudes e problemas da equipe

14/04/2023 04:00
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Eduardo Coudet encara desafios coletivos no comando do Atlético
foto: Pedro Souza/Atlético

Eduardo Coudet encara desafios coletivos no comando do Atlético


Com a conquista do Campeonato Mineiro e o avanço à fase de grupos da Copa Libertadores, o Atlético cumpriu seus principais objetivos no início da temporada. Apesar disso, o desempenho da equipe segue distante do esperado pela maior parte dos torcedores. Diante do momento vivido pelo clube, o Superesportes levantou o questionamento: em quais fatores o Galo de Coudet precisa evoluir?
 
 

Quem responde é o analista tático e comentarista Antônio Carlos, administrador da página Galo Análises (@galoanalises) no Twitter. Em contato com a reportagem, o profissional enfatizou, a princípio, alguns pontos positivos do trabalho de Eduardo Coudet sob o comando do Atlético.

"O Galo do Coudet apresenta algumas virtudes e características interessantes. Apesar da impressão de que a coisa não está fluindo, a equipe apresenta vários pontos positivos. Hulk e Paulinho têm feito movimentos importantes; muitas vezes se posicionam bem abertos, posicionados entre o lateral e zagueiro de cada setor (no chamado meio-espaço) e tiram a referência de marcação dos zagueiros; outras vezes, baixam pelo meio e atraem a marcação. A questão é que os meias não estão aproveitando esses movimentos: não infiltram, não atacam as costas da última linha, não ultrapassam", analisou.

"O treinador, que muitos dizem utilizar sempre o mesmo esquema, tem feito variações interessantes na estrutura da equipe. Assim, observamos que, com a bola, o time se posiciona em 3-5-2, 3-4-3 e, no jogo contra o Pelotas, terminou no 4-3-3 (que muitos pedem). O próprio Coudet lembra nas entrevistas que já jogou com um, dois e três atacantes", prosseguiu Antônio Carlos.

"O treinador tenta corrigir muita coisa, tanto durante os jogos quanto de um jogo para o outro. Já jogou com Edenilson mais atrás para ajudar mais Otávio, fixa o Dodô mais atrás para evitar que o volante tenha que voltar muito para buscar a bola, coloca Pavón na ponta para evitar desgaste maior do Mariano, coloca o Rubens no corredor para dar profundidade... enfim, muita coisa positiva tem acontecido com o Galo do Coudet", encerrou o raciocínio.

Problemas do Atlético de Coudet


Em seguida, o analista tático consultado pelo Superesportes também apontou os desafios do time comandado por Chacho. Na visão de Antônio Carlos, de toda forma, diversos fatores têm atrapalhado a consolidação mais rápida do modelo de jogo prezado pelo argentino no Atlético.

"Por outro lado, é óbvio que a equipe apresenta alguns problemas. O treinador tem tido muita dificuldade de encontrar o padrão de jogo ideal para o time, por uma série de fatores, como a sequência de jogos e a necessidade de rodar a equipe, lesões, suspensões e desgaste físico. Na última coletiva, Coudet disse que até gostaria de repetir mais as escalações, mas tem que escutar sempre o departamento médico e a fisiologia que indicam o desgaste dos jogadores", enfatizou.

"Apesar de não parecer, o time até tem corrido bastante, mas é fato que ainda não apresenta algumas características das equipes treinadas anteriormente por Coudet, como: maior intensidade na marcação quando perde a bola (no chamado pós-perda); maior aproximação e associação entre os jogadores do meio, além de uma maior rotação e intensidade nesse setor do campo. Outra questão importante diz respeito às laterais, onde está muito claro que Dodô e Mariano não dão a profundidade que ele precisa. Por isso, não jogam juntos; quando um deles joga, geralmente fica mais na base da jogada, próximo aos zagueiros. Por outro lado, parece ainda não estar à vontade com Rubens e Saravia juntos", avaliou Antônio Carlos.

"Ajustar esses problemas no meio de campo e nos corredores laterais é fundamental para que a equipe possa desempenhar melhor. Para isso, é crucial que Zaracho e Edenilson, por exemplo, cheguem logo à forma ideal, pois aparentemente ainda não estão no seu melhor momento do ponto de vista físico. É preciso também uma ocupação mais eficiente dos corredores pelos laterais, tanto em termos de amplitude (jogadores mais abertos no campo) quanto em relação à profundidade (precisam chegar no último terço). O treinador precisa ajustar e corrigir a rota com o que tem no momento", concluiu.
 
 

Por fim, Antônio Carlos defendeu a tese de que qualquer equipe enfrenta dificuldades táticas no início de um trabalho. Para o comentarista, o Atlético de 2021 é um bom exemplo neste sentido.

"Acredito que não existe nenhum tipo de mágica que faça qualquer equipe dar show nos primeiros meses de trabalho. Longe de querer comparar times, jogadores ou treinadores, mas basta lembrarmos que em 2021, o próprio Galo só foi jogar bem e aliar resultado e bom desempenho já em julho/agosto, principalmente a partir dos jogos contra o River Plate. Antes disso teve sofrimento no início da Libertadores, muitas vitórias no Campeonato Brasileiro por um gol de diferença e muitas críticas em relação ao desempenho da equipe e do trabalho do Cuca", relembrou.

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