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Cruzeiro pede rescisão contratual com a Minas Arena e cogita usar datas do estado no Mineirão

Clube celeste entende que operadora do estádio já deve cerca de R$ 25 milhões

Rafael Arruda
Advogado do Cruzeiro disse que clube poderá continuar jogando no Mineirão pelas datas reservadas ao estado - Foto: Ramon Lisboa/EM D.A Press

O Cruzeiro confirmou nesta quarta-feira que enviou à 32ª Vara Cível de Belo Horizonte o pedido de rescisão contratual com a Minas Arena, empresa concessionária do MineirãoSão vários os motivos responsáveis por levar o clube a solicitar o encerramento do vínculo, como a indisponibilidade de todas as vagas de estacionamento nos dias de jogos, os eventos simultâneos às partidas da Raposa, a venda de ingressos da gestora abaixo do preço mínimo estabelecido em contrato entre as partes e as mais de 400 ações movidas por torcedores por causa de incidentes operacionais na reabertura do estádio, no clássico contra o Atlético em fevereiro de 2013Responsável por representar o Cruzeiro, o advogado Felipe Cândido deu detalhes em contato com a reportagem do Superesportes.

“A Minas Arena, há cerca de 30 dias, entrou com ação dizendo que o Cruzeiro lhe devia R$ 8 milhõesO Cruzeiro foi citado, fez sua defesa entendendo que não deve nada e, por decisão de sua diretoria, pediu, em reconvenção, a rescisão do contrato e uma indenização da Minas Arena”Na reconvenção (ação contra o autor) protocolada nesta quarta-feira e com possibilidade de ser aceita pela Justiça na próxima semana, logo depois do feriado prolongado, o Cruzeiro cobra R$ 25 milhões da gestora do Gigante da PampulhaEm shows como os de Paul McCartney e Elton John, o clube entende que deveria receber multa de R$ 2,5 milhões por evento.

Outro motivo que gerou descontentamento por parte do Cruzeiro foi o fato de o alto-falante do estádio ter tocado o hino do Atlético em um jogo com mando de campo azulFelipe Cândido lamentou o fato e criticou todos os problemas envolvendo a concessionária“A Minas Arena, não se sabe o por quê, declarou guerra ao Cruzeiro, que deveria ser tratado a pão-de-ló, mas é visto como inimigo”.

De acordo com o advogado, a rescisão do contrato com a Minas Arena não impedirá o Cruzeiro de jogar no MineirãoIsso porque, segundo ele, o estado reserva 66 datas por ano para que os três clubes interessados possam utilizar a arena“O Mineirão é um bem público que foi alvo de licitação vencida pela Minas Arena, que se tornou concessionária por 27 anosO estado reservou para si 66 datas de eventos de futebol ao longo de um ano

Quaisquer agremiações, como Cruzeiro, Atlético e América, podem fazer uso, com direito a 54,2 mil ingressos, 100% de estacionamento e placas de publicidadeOu seja, mesmo sem o contrato de fidelidade, o clube pode continuar jogando no Mineirão”, ressaltou Felipe Cândido.

“O Cruzeiro perderia alguns benefícios, mas não pagaria despesa para usar o estádioAssim como ocorreu com o Atlético na final da Copa Libertadores de 2013, quando o clube jogou sem o pagamento de despesasO Cruzeiro julgou que deveria ser tratado de maneira igual e por isso entrou na justiça”, acrescentou.

Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação da Minas Arena disse não ter sido informada sobre o assunto. Há pouco mais de dois meses, a empresa havia acionado o Cruzeiro na Justiça (leia aqui).

Cadeira cativa

Na manhã desta quarta-feira, por meio de seu perfil no Twitter, a Minas Arena anunciou venda de cadeira cativa a R$ 50 mensais, sem dar muitos detalhes de como funcionará a comercializaçãoO Cruzeiro contesta esse valor inferior ao custo dos ingressos por partida.

“A Minas Arena, nessa guerra que declarou ao Cruzeiro, está anunciando a comercialização da cadeira cativa do Mineirão, que, supostamente, o torcedor teria direito a assistir a todos os jogosO valor é inferior e o torcedor tem que ficar atentoNós pedimos para que o torcedor tome muito cuidado com a aquisição do ingressoPrimeiro porque nós temos que trabalhar com a hipótese, ainda que seja muito remota, de o Cruzeiro ter que procurar outro estádio para jogarAí o torcedor pagaria por algo que ele não usufruiriaSegundo que, comprando esse ingresso da Minas Arena, o cruzeirense deixa de contribuir para as receitas do clube”

Cândido ainda cogitou a possibilidade de a Raposa mandar seus jogos no Independência
“A BWA tem procurado o Cruzeiro de maneira insistente para fechar acordo para algumas partidas”, concluiu.

Dívida

Felipe Cândido afirmou que o Cruzeiro tem conhecimento do pedido da Minas Arena à Justiça para que a clube pague 25% da renda líquida das partidas da equipe como mandante no Mineirão em juízoEsse débito é referente à dívida de cerca de R$ 9 milhões da Raposa por não pagar as despesas do estádio em dias de jogos do timeA diretoria celeste deixou de efetuar o pagamento das taxas depois da partida final da Copa Libertadores de 2013, entre Atlético e OlimpiaNa ocasião, o Galo fez um acordo mais vantajoso e conseguiu benefícios que o clube celeste não desfrutava.

“O Cruzeiro sabe, informalmente, que tem algo em relação a isso (pedido da Minas Arena à Justiça) por esses 25% da renda líquida das partidas no MineirãoPorém, não sabemos ainda se foi deferido ou nãoNão foi publicado essa decisão ainda e nem fomos avisados sobre isso no momento”, disse.

Alguns argumentos do Cruzeiro para pedir rescisão com a Minas Arena:

- Indisponibilidade de utilizar todas as vagas do estacionamento nos jogos;
- Venda de ingressos por preço inferior ao mínimo estabelecido em contrato entre as partes;
- Reprodução do hino do Atlético em jogo com mando de campo do Cruzeiro;
- Ações movidas contra o Cruzeiro após os incidentes operacionais na reabertura do estádio, em fevereiro de 2013;
- Pagamento de multa de R$ 2,5 milhões por parte da Minas Arena ao Cruzeiro em virtude de realizações de outros eventos;
- Isenção de despesas operacionais, conforme ocorrido com o Atlético na utilização do estádio em partidas importantes;

Em nota enviada à imprensa às 19h10, a Minas Arena se posicionou:

Com relação à informação veiculada na imprensa no dia de hoje, sobre a defesa apresentada na Justiça pelo Cruzeiro Esporte Clube, a concessionária que administra o Mineirão informa que não foi intimada oficialmenteA concessionária sempre lidou com o clube e sua torcida de forma transparente e foi surpreendida pelo pedido de rescisão contratual noticiado pela imprensa após acionar o Cruzeiro judicialmente solicitando cobrança da dívida referente ao reembolso de parte dos custos das partidas.

Vale lembrar que a Justiça concedeu decisão favorável à concessionária, referente à causa movida pela empresa em março/16, no qual foi determinado bloqueio e o depósito em juízo do valor correspondente a 25% da receita líquida das próximas partidas realizadas sob o mando do Cruzeiro Esporte Clube, para ressarcimento da dívida do clube.

A concessionária afirma ainda que cumpre rigorosamente as cláusulas contratuais vigentes, inclusive em pontos levantados pelo clube em entrevistas à imprensa, e informa que não foi notificada pelo Cruzeiro com relação aos temas abordados.

Importante ressaltar que o Mineirão não cobra do clube por aluguel ou cessão de espaço, e sim, por reembolso dos valores referentes às despesas com terceiros, tais como segurança, limpeza, brigadistas, sinalização, água e luz.

A concessionária reafirma que está aberta ao diálogo com o clube e que o estádio estará sempre de portas abertas para o Cruzeiro e todos os clubes mineiros.