Repeteco! Os duelos das semifinais do Campeonato Mineiro deste ano serão os mesmos de 2016. O Atlético, dono da melhor campanha, tem a missão de superar a brava URT, bicampeã do interior, e a desconfiança da torcida pelas atuações irregulares. O time de Patos de Minas mostrou força diante da torcida, mas foi frágil no campo adversário.
Cruzeiro chega com pressão de levantar a taça, que não ganha há dois anos, e o “peso” de manter a invencibilidade na temporada. Já o América tem a missão de defender o título, depois de correr o risco de não se classificar com um início bem ruim, mas que se reencontrou na reta decisiva. As cartas estão postas, os jogadores definidos. ATLÉTICO AINDA BUSCA EQUILÍBRIO
O Atlético que chega às semifinais do Campeonato Mineiro é cercado de dicotomias. A cada elogio, uma ressalva. Se foi líder com folgas da primeira fase, classificando-se com quadro rodadas de antecedência, por outro lado ainda é questionado por parte da torcida. É o time mais ofensivo da competição (26 gols marcados em 11 jogos), mas as estatísticas mostram que tem criado poucas situações de gol. Conta com o artilheiro isolado da competição – Fred, que balançou as redes nada menos do que 10 vezes –, porém, ainda peca por não servir tanto aos atacantes. Apesar da segunda defesa menos vazada ao lado do América (com nove gols sofridos em 11 partidas), tem apresentado erros cruciais na retaguarda, com falhas individuais e coletivas que têm comprometido o rendimento da equipe. Por isso, os desafios do técnico Roger Machado no mata-mata serão encontrar esse ponto de equilíbrio e reinventar o ataque, já que o alvinegro corre um grande risco de disputar toda a etapa eliminatória na luta pelo título sem seu goleador: expulso no clássico contra o Cruzeiro por ter dado um soco no zagueiro Manoel, Fred deve ser julgado amanhã, pelo Tribunal de Justiça Desportiva.
ARMADILHAS NO CAMINHO DO CRUZEIRO
Invicto na temporada, o Cruzeiro também viveu seus percalços na fase de classificação do Mineiro, sobretudo nos pontos desperdiçados contra equipes do interior – empatou com Uberlândia, Tombense e URT –, em confrontos nos quais era considerado favorito. Para o técnico Mano Menezes, no entanto, nada que abalasse sua serenidade e a confiança de que a Raposa cresceria no momento certo, segundo ele, os jogos decisivos. E a hora de o treinador provar que estava certo é agora, quando começam os mata-matas. A seu favor, o bom rendimento dos atacantes Rafael Sobis e Ábila, respectivamente, titular e reserva, e que já marcaram nove gols cada um neste ano. A grande armadilha para o comandante celeste na busca pelo título, que significaria o fim de um jejum de mais de dois anos sem conquistas (o último troféu erguido foi o do Campeonato Brasileiro de 2014), está no gol: ele já tem à disposição o experiente Fábio, recuperado de lesão no joelho direito, e, a partir de agora, terá de bater martelo entre a volta definitiva do capitão ou a manutenção de Rafael, que vem tendo bom desempenho. Outro desafio será conciliar a fase decisiva do Estadual com os difíceis duelos com o São Paulo pela Copa do Brasil: a partida de ida será na quinta-feira e a de volta no dia 19.
ATAQUE DO AMÉRICA PRECISA MELHORAR
Atual campeão mineiro, o América passou de ameaçado a ficar fora da fase final do Estadual a terceiro colocado. O crescimento ao longo do campeonato pode ser atribuído ao técnico Enderson Moreira, que precisou remontar a equipe nesta temporada depois de ver o grupo sofrer importantes baixas no fim do ano passado. Foram 13 reforços no início do ano (número que cresceu com a contratação, no fim da semana passada, do armador Ruy, ex-Coritiba) e uma reengenharia para fazer o time encaixar em pouco tempo. Se o que o Coelho tem apresentado ainda é muito pouco para a Série B do Campeonato Brasileiro, para o Mineiro tem se mostrado suficiente. Nesta nova formação, o alviverde tem contado com uma boa defesa, alicerçada pelo já conhecido goleiro João Ricardo, a dupla de zaga formada pelo prata da casa Messias, de 22 anos, e o experiente Rafael Lima, de 30; além do volante Gustavo Blanco, que está emprestado pelo Bahia até dezembro e vem se configurando como um dos maiores destaques da equipe americana. O calcanhar de Aquiles do América está no setor ofensivo, que não tem passado muita segurança ao torcedor e terá de mostrar muito poder de superação para garantir o bicampeonato.
URT TEM DE MOSTRAR FORÇA EM CASA
Ainda que tenha obtido desempenho irregular, a URT chega às semifinais do Campeonato Mineiro sonhando com a inédita final da competição. Com jogadores experientes, como o goleiro Juninho (ex-América e Atlético) e o armador Cascata (ex-Náutico e Confiança-SE), o técnico Rodrigo Santana montou um time que costuma fazer valer o mando de campo – terminou a primeira fase invicta no Zama Maciel, onde empatou por 1 a 1 com o Cruzeiro, por exemplo, além de ter vencido quatro dos seis jogos como mandante. Por outro lado, se mostrou um visitante tímido. Em quatro jogos, venceu dois e empatou dois, sendo um deles o 0 a 0 com o América, no Independência. Uma das razões é a inoperância do ataque longe de Patos de Minas, onde marcou apenas um gol. Resta saber como a equipe vai se comportar nos mata-matas. Precisará apresentar mais diante de um time da capital, aos quais não venceu na temporada – além dos resultados citados, perdeu por 2 a 0 para o Atlético, no Independência. No ano passado, conseguiu ficar no 2 a 2 com o Galo no jogo de ida das semifinais, mas caiu por 2 a 0 no Horto.
