Com perfis distintos, Givanildo Oliveira e Mano Menezes conquistaram títulos por América e Cruzeiro (Foto: Mourão Panda/América e Vinnicius Silva/Cruzeiro)
América e Cruzeiro começam a decidir neste domingo quem avançará à decisão do Campeonato Mineiro. O duelo de estratégias entre os técnicos Givanildo Oliveira e Mano Menezes será uma das atrações do clássico das 16 horas, no Independência. Com perfis distintos, os treinadores ganharam títulos e já cravaram seus nomes na história dos respectivos clubes.
Aos 70 anos, Givanildo Oliveira é do jeito conservador. Se tiver a semana livre, não abre mão de comandar coletivos usando todo o espaço e com poucas paralisações. Para ele, é a melhor maneira de observar a equipe em um cenário de jogo. Embora não se oponha, o treinador “sai de cena” nas atividades em campo reduzido, deixando-as a cargo de seu auxiliar, Felipe Conceição. E às vésperas das partidas, prefere que os atletas realizem o popular “rachão”.
A vivência como volante de Santa Cruz, Corinthians, Fluminense, Sport e Seleção Brasileira foi importante na carreira de técnico, iniciada há 37 anos e com trabalhos em 24 clubes. No América, Givanildo está em sua quinta passagem, sendo o segundo com maior número de jogos (254), abaixo apenas de Yustrich (278). Pelo alviverde, ganhou a Série B do Brasileiro, em 1997, a Série C, em 2009, e o Campeonato Mineiro, em 2016. Também conduziu a equipe no acesso da Série B para a A, em 2015. Tanta experiência deixa Givanildo tranquilo para o clássico.
“Não adianta ficar nervoso. Sempre tenho um frio na barriga, mas sabemos da qualidade que temos e também do nosso adversário. Até agora, tudo correu normal e apenas o jogo vai mostrar quem será melhor”.
Mano Menezes, de 56 anos, jogou como zagueiro em clubes amadores do Rio Grande do Sul. Sem muita técnica para se tornar profissional, preferiu se dedicar à graduação em educação física, pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Posteriormente, quando se tornou treinador de renome ao comandar Grêmio, Corinthians e Seleção Brasileira, realizou cursos de especialização na CBF e também na UEFA. No Cruzeiro, o trabalho em longo prazo ao lado do assistente Sidnei Lobo já dura dois anos e oito meses. São 207 jogos e três títulos da dupla: Copa do Brasil (2017 e 2018) e Campeonato Mineiro (2018).
À imprensa, Mano sempre explica aspectos táticos que influenciam na escolha por determinado jogador. Ele não gosta de usar os termos “time titular” e “time reserva”, pois considera o elenco inteiro com capacidade para compreender a ideia de jogo. No dia a dia, o comandante adota o mistério e fecha vários treinamentos. “Escalação somente uma hora antes da partida”.
No início de 2019, o Cruzeiro perdeu Arrascaeta, negociado com o Flamengo por 13 milhões de euros (50% dos direitos econômicos). Sem encontrar um meia com as características do uruguaio, a solução foi ajustar o estilo de jogo. Até aqui, o time tem funcionado muito bem com Rodriguinho e Marquinhos Gabriel, ambos contratados para esta temporada. O próprio Mano Menezes considera o grupo mais equilibrado.
“Certeza que está. Mais forte vai nos mostrar agora na reta final do Campeonato Mineiro. O campeonato do ano passado foi ganho pelo grupo do ano passado. O deste ano temos que ganhar e demonstrar que estamos mais fortes. Mais equilibrado tenho certeza que está”.
Artilheiros: Júnior Viçosa marcou 4 gols pelo América em 2019; Fred contabilizou 7 tentos no Cruzeiro (Foto: Mourão Panda/América e Bruno Haddad/Cruzeiro)
Times
Givanildo Oliveira terá de mudar duas peças do time-base montado ao longo da primeira fase do Campeonato Mineiro. O lateral-direito Leandro Silva, com estiramento muscular grau um na parte posterior da coxa esquerda, segue fora. Ronaldo, de 20 anos, jogará a terceira partida consecutiva como titular. No meio-campo, Juninho sentiu dores musculares na coxa esquerda e também está vetado. Christian fará dupla com Zé Ricardo.
A principal esperança de gols do Coelho é o atacante Júnior Viçosa, que marcou quatro vezes em 11 jogos na competição. Ele avaliou o nível de concentração da equipe. “Temos que pensar que são dois jogos. Não podemos querer resolver tudo só na primeira partida, já que sabemos que tem a volta ainda. Se quisermos passar de fase, temos, sim, que reverter a vantagem que o adversário possui, mas é preciso ter cautela e inteligência para que no segundo jogo nós cheguemos vivos e fortes para buscar o nosso objetivo”.
No lado do Cruzeiro, Mano Menezes dará descanso ao lateral-direito Edilson e ao meia Rodriguinho, vice-artilheiro do time em 2019, com seis gols em oito partidas. Com dores musculares, os atletas serão preservados visando à partida de quarta-feira, contra o Emelec, em Guayaquil, pela segunda rodada do Grupo B da Copa Libertadores. O treinador colocará na equipe o colombiano Orejuela e o velocista Rafinha, com Robinho provavelmente exercendo a função de armador. No ataque, Fred tentará buscar a artilharia do Estadual. Em oito jogos, o veterano de 35 anos marcou sete gols, número aquém do atleticano Alerrandro, que fez oito.
Preparado para futuramente ser o volante de saída do Cruzeiro, Lucas Romero projeta boa atuação contra o América. “Futebol brasileiro é assim, não temos muito tempo para comemorar. Ganhamos um jogo muito importante na quarta, mas já estamos focados no jogo de domingo, pela semifinal do Estadual, que também é muito importante para nós. É um clássico em uma semifinal. Sabemos que temos obrigação de ser um candidato ao título, então temos que estar ligados nesse jogo importante”.
Números
Vice-líder da primeira fase, com 25 pontos, o Cruzeiro terá a vantagem de jogar por dois empates ou vitória e derrota pela mesma diferença de gols contra o América, que terminou a etapa classificatória em terceiro, com 22. As equipes fazem o duelo de volta no próximo sábado, às 19h, no Mineirão.
No Estadual, a Raposa detém o ataque mais positivo, com 27 gols, e a defesa menos vazada, com apenas cinco tentos sofridos. Já o Coelho balançou a rede 24 vezes e levou nove gols.
O retrospecto geral em número de clássicos aponta grande supremacia cruzeirense, com 155 vitórias em 367 jogos. Houve ainda 111 empates e 101 triunfos americanos.
Nos últimos encontros em mata-matas pelo Campeonato Mineiro, o América eliminou o Cruzeiro nas semifinais de 2012 e 2016, porém foi derrotado na edição de 2018.
VAR
O árbitro Marcelo de Lima Henrique, da federação do Rio de Janeiro, conduzirá a partida entre América e Cruzeiro. Ele será auxiliado por Bruno Boschilia e Felipe Alan Costa de Oliveira. Já a sala do VAR (árbitro assistente de vídeo) terá o comando de Wagner do Nascimento Magalhães e apoio de Carlos Berkenbrock.
Nesse sábado, o VAR influenciou empate por 0 a 0 entre Boa e Atlético, no Estádio Melão, em Varginha, pela primeira partida da semifinal do Mineiro. O time alvinegro teve dois gols anulados (Maicon Bolt e Luan) e um jogador expulso (Zé Welison) após consulta do árbitro paranaense Rafael Traci às informações de Héber Roberto Lopes, responsável por monitorar as imagens da sala de vídeo.
AMÉRICA X CRUZEIRO
AMÉRICA
Fernando Leal; Ronaldo, Paulão, Diego Jussani e João Paulo; Christian e Zé Ricardo; Marcelo Toscano, Matheusinho e Felipe Azevedo; Júnior Viçosa
Técnico: Givanildo Oliveira
CRUZEIRO
Fábio; Orejuela, Dedé, Leo e Egídio; Henrique e Lucas Romero; Rafinha, Robinho e Marquinhos Gabriel; Fred
Técnico: Mano Menezes
Motivo: jogo de ida da semifinal do Campeonato Mineiro
Estádio: Independência
Data: domingo, 31 de março de 2019
Horário: 16h
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique
Assistentes: Bruno Boschilia e Felipe Alan Costa de Oliveira
Árbitro de vídeo (VAR): Wagner do Nascimento Magalhães
