A antes tensa e estremecida relação de Abel Ferreira com a diretoria do Palmeiras parece ser boa no momento. Depois de expor sua insatisfação diante da ausência de reforços na semana passada, as partes se acertaram. O treinador português falou sobre a reunião que teve com os dirigentes recentemente e foi só elogios ao clube. Ele disse que "é um sonho" treinar o atual campeão da Libertadores.
"Sei que às vezes o treinador é chato, porque depende de resultados, teve a reunião e dei o exemplo do menino no supermercado que sempre pede: 'quero brinquedo'. E o pai diz que não pode, porque precisa poupar para dar comida a quem está em casa. Na altura certa vai ter o brinquedo. O clube dá todas as condições ao treinador, tem as torcidas organizadas que exigem da gente, tem emoções de altos e baixos, mas faz parte".
Abel externou seu descontentamento após o revés para o Red Bull Bragantino, pois havia feito um relatório com todas as carências da equipe e tinha pedido ao menos três contratações, que não vieram. Apenas o volante Danilo Barbosa foi contratado para a temporada. Maurício Galiotte respondeu em entrevista que a cobrança não acrescentava em nada, e o treinador admitiu ter exagerado porque, segundo ele, sempre quer ganhar.
"Nós nos falamos todos os dias, com Cícero (Souza, gerente de futebol), (Anderson) Barros (diretor de futebol), presidente. O mais importante é que sabemos o que queremos, tenho uma relação extraordinária com o presidente, relação de respeito, verdade e exigência. Ele me entende, sou um treinador jovem, tenho sangue sempre a ferver quando o jogo começa", ressaltou.
Neste domingo Abel contou com a volta de jogadores importantes, como Danilo e Patrick de Paula. O time ficou mais encorpado, mas encontrou muita dificuldade para superar o Bahia com um gol nos acréscimos. A defesa, sobretudo, tem tido atuações ruins, especialmente porque Weverton, Gómez e Viña, trio que da sustentação à equipe, estão com suas seleções na disputa da Copa América.
"Todos percebermos que vivemos um contexto difícil, mas que com o passar do tempo, quando este elenco estiver todo disponível vamos continuar competitivos, a crescer e mais do que tudo dar alegria aos torcedores. Treinador vive de resultados, e exigência é sempre daqui para lá, eu com a diretoria, eles comigo. Mas já estive em muitos clubes, nunca tive uma relação tão próxima de respeito, de exigência e verdade. Não se fazem bons marinheiros em águas calmas", falou o português, aliviado com o triunfo no Allianz Parque.
Ele disse ter ficado orgulhoso com os seus comandados pela postura na partida. A vitória levou o Palmeiras ao terceiro lugar, com 13 pontos, ultrapassando o próprio Bahia, um adversário muito "organizado" e com qualidade individual e coletiva, segundo o treinador palmeirense.
"Há momentos em que temos de dar méritos ao adversário e outros vamos tentar corrigir. O jogo passou por vários momentos, durante os 90 minutos uma equipe esteve acima da outra. Tivemos de sofrer e quem é palmeirense sabe que é assim. Emoções no seu melhor. E acho, na minha opinião, foi um bom jogo para quem assistiu a este jogo de futebol", analisou.
"Nós somos Palmeiras! Todos somos um. Torcedores, clube, treinador, jogadores. Ninguém fica para trás. Seja quem for. Sou líder dos jogadores e darei sempre a cara por eles. Cometo erros e não prego ninguém na cruz. Estamos todos no mesmo barco", acrescentou.