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FUTEBOL MINEIRO

Hora de pensar fora da Caixa: clubes mineiros buscam novos patrocinadores

Como banco estatal já anunciou que vai rever patrocínio aos clubes no novo governo, Cruzeiro, Atlético e América buscam alternativas e divergem sobre efeitos da saída

postado em 28/12/2018 10:08 / atualizado em 28/12/2018 10:33

Juarez Rodrigues e Alexandre Guzanshe/EM/D. A Press
Numa época em que o país vive estagnação econômica, o futebol brasileiro também experimenta momentos de incertezas com a possível saída da Caixa Econômica Federal, principal patrocinadora dos clubes e que estampou sua marca em 12 dos 20 representantes da última Série A do Brasileiro. Em Minas, Atlético, América e Cruzeiro praticamente já não contam com o banco em 2019 e buscam alternativas para que seus orçamentos não fiquem comprometidos na luta por reforços e manutenção dos pagamentos de jogadores e funcionários.

Com a vitória de Jair Bolsonaro à Presidência, os repasses do banco às equipes foram colocados em xeque. Via Twitter, o presidente eleito assegurou que revisará todos os contratos e sinaliza com mudanças: “Tomamos conhecimento de que a Caixa gastou cerca de R$ 2,5 bilhões em publicidade e patrocínio neste último ano. Um absurdo! Assim como já estamos fazendo em diversos setores, iremos rever todos esses contratos, bem como os do BNDES, Banco do Brasil, Secom e outros”, postou Bolsonaro.

Em auditoria no mês passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou irregularidades nos contratos e vetou o uso de dinheiro da Caixa para estampar as camisas dos times brasileiros sem explicar como a verba era utilizada. A empresa financeira patrocina os clubes desde 2012, mas foi a partir de 2016 que Cruzeiro e Atlético entraram na parceria. O América usa a marca bancária há duas temporadas.

O Atlético esboçou o orçamento para 2019 já pensando na possibilidade de a Caixa ser mantida como principal patrocinadora, mas começou a se mover por novas possibilidades: “Para todos os clubes preocupa muito essa questão (de a Caixa não continuar). Fizemos uma programação em novembro pensando na possibilidade de manutenção de patrocínio máster. Agora, obviamente, depois que isso foi veiculado, estamos buscando na nossa área de marketing alternativas”, ressalta o diretor financeiro alvinegro, Carlos Fabel.

Entre as hipóteses que o clube avalia estão a MRV – exibida na parte principal em 2015 – e o Banco Intermedium, patrocinador máster do São Paulo. Atualmente, o Galo conta com as marcas da própria MRV (mangas), Orthopride (número da camisa), Supermercados BH e América Net (costas) e Universidade Brasil (altura do ombro).

Já o vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Itair Machado, afirma que os valores que a Caixa paga tornaram-se inviáveis para o clube honrar seus compromissos: “Por incrível que pareça, o patrocínio da Caixa não é tão interessante. É de R$ 10 milhões, mas vamos receber R$ 3 milhões apenas em janeiro. E você tem que estar rigorosamente em dia com os impostos. Dificilmente um clube consegue ficar em dia. Hoje, o Cruzeiro até está em dia, pelo que acompanho do financeiro. Mas você tem de ficar pagando imposto para receber da Caixa, sendo que o imposto pode ser no fim do ano, por meio do Refis. Então, não vejo o patrocínio da Caixa como primordial para os clubes brasileiros. A contrapartida é muito pesada”. Além dos valores pagos em contrato, o Cruzeiro recebeu bônus da Caixa nos últimos anos por causa da conquista do bicampeonato da Copa do Brasil.

O presidente Wagner Pires de Sá também não se mostra preocupado com a saída do banco. “Temos bons patrocinadores para as costas, manga, peito, todos os lugares já estão praticamente completos. O patrocínio máster, por questão de cláusula de confidencialidade, eu peço que aguardem uns dias. Logo no começo do ano terá uma boa surpresa”, disse o dirigente à Rádio 98 FM, referindo-se às empresas Cemil (altura do ombro), Unincor (costas), Orthopride (número da camisa), Supermercados BH (mangas), Uber (calção) e ABC da Construção (calção).

SOLUÇÃO

Já o presidente do América, Marcus Salum, acredita em “soluções inteligentes” no ano que vem: “Se pensarmos que o investimento vai diminuir no futebol, realmente preocupa o fato de a Caixa não seguir conosco. Mas o mercado tem de absorver os clubes. Vamos para o mercado procurar outro patrocínio se ela sair. Não diria que é o fim do mundo. Acho que a Caixa tem mais retorno que investimento. Então, uma definição técnica a manteria no futebol”. O Coelho arrecadou R$ 5 milhões nas duas últimas temporadas com o banco..

Nas temporadas anteriores, a presença da Caixa trouxe outras empresas do setor financeiro para o futebol, como o próprio Banco Intermedium e a Crefisa (que patrocina o Palmeiras), Agibank (parceiro do Corinthians) e Valle Express (Fluminense). O Banco Banrisul estampa as camisas de Grêmio e Internacional desde 2001.

2016
Investimento total: R$ 98,6 milhões
Principais clubes / Valor
Flamengo / R$ 25 milhões
Cruzeiro / R$ 14 milhões
Atlético / R$ 14 milhões
Sport / R$ 6 milhões
Vitória / R$ 6 milhões
Atlhetico-PR / R$ 6 milhões
Coritiba / R$ 6 milhões
Figueirense / R$ 4 milhões

2017
Investimento total: R$ 144,5 milhões
Flamengo / R$ 25 milhões
Atlético / R$ 11 milhões
Cruzeiro (*) / R$ 11 milhões
Vasco / R$ 11 milhões
Santos / R$ 11 milhões
Botafogo / R$ 10 milhões
Athletico-PR / R$ 6 milhões
América / R$ 2 milhões
(*) Bônus de R$ 500 mil pela conquista da Copa do Brasil

2018
Investimento total: R$ 152,9 milhões
Flamengo / R$ 25 milhões
Santos / R$ 10,8 milhões
Botafogo / R$ 10 milhões
Atlético / R$ 10 milhões
Cruzeiro (*) / R$ 10 milhões
Athletico-PR / R$ 6 milhões
Bahia / R$ 6 milhões
América / R$ 3 milhões
(*) Bônus de R$ 800 mil pela conquista da Copa do Brasil
 
Fonte: Diário Oficial da União

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