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50 ANOS DO TRI

Tri mundial da Seleção Brasileira no México, há 50 anos, consagrou de vez Pelé

Maior craque de todos os tempos chegou ao México longe de sua melhor forma física, com visível desgaste por causa da sequência de partidas e excursões pelo Santos

postado em 21/06/2020 07:00 / atualizado em 21/06/2020 03:27

(Foto: O Cruzeiro/Estado de Minas)
As lágrimas e a decepção da derrota para Portugal naquele fatídico 19 de julho de 1966, em Liverpool, fizeram renascer um novo Pelé na Copa do Mundo do México, quatro anos depois. Aos 29 anos, o Rei do Futebol só aceitou defender a Seleção em 1970 justamente por causa do fiasco na Inglaterra, quando sofreu lesão no joelho direito depois de uma série de pancadas do zagueiro português Morais. O revés por 3 a 1 para os lusitanos eliminou o Brasil da Copa na Europa ainda na primeira fase, algo que não ocorria desde 1934.

(Foto: O Cruzeiro/Estado de Minas)


Pelé também não jogava um Mundial inteiro desde o primeiro título, em 1958. No Chile, quatro anos depois, uma lesão na coxa direita o tirou da competição ainda no segundo jogo, dando a Garrincha a chance de conduzir o Brasil ao bicampeonato. Somada à frustrante eliminação de 1966, o camisa 10 precisava mudar o estigma negativo e terminar uma campanha em grade estilo.

Curiosamente, ele chegou ao México longe de sua melhor forma física, com visível desgaste por causa da sequência de partidas e excursões pelo Santos. Além disso, um polêmico problema de miopia revelado por João Saldanha na época poderia prejudicar o craque. No entanto, nenhum dos adversários foi capaz de superá-lo.

Pelé mostrou não ser apenas um protagonista capaz de decidir os jogos e sim atuar como importante peça de uma engrenagem muito bem arquitetada por Zagallo. Em seus 450 minutos em campo no México, ele mostrou lances de gênio, liderança e uma capacidade técnica impecável. Não foi por acaso que foi eleito o craque da competição.

(Foto: O Cruzeiro/Estado de Minas)


Além dos quatro gols importantes, o camisa 10 mostrou em 1970 vários lances que ficariam eternizados na história do futebol. Logo na estreia, quase marcou gol antológico ao arriscar um chute do meio-campo, assustando o goleiro tcheco Viktor – a bola passou a centímetros do ângulo esquerdo. Depois, por pouco não fez um belo gol de cabeça contra Inglaterra, numa bola defendida pelo goleiro Gordon Banks, apontada como a melhor defesa da história das Copas.

Nas semifinais, diante do Uruguai, aplicou um drible de corpo no goleiro Mazurkiewicz, mas errou a pontaria. E, para finalizar, deu o passe para Carlos Alberto sacramentar a goleada por 4 a 1 sobre a Itália, na final, num dos lances mais memoráveis da história do futebol. Na comemoração, foi o mais ovacionado pelos torcedores. Mexicanos e brasileiros invadiram o gramado do Estádio Azteca para abraçar o Rei, deixando-o quase nu. Uma das camisas usadas por ele foi leiloada em 2002 por R$ 528 mil. Ela pertencia ao zagueiro Rosato, que a recebeu do brasileiro no intervalo.

(Foto: O Cruzeiro/Estado de Minas)


Além de técnica, Pelé também tinha raça e malandragem. Contra o Uruguai, em um lance quase na linha de fundo, o camisa 10 da Seleção deu uma cotovelada no seu marcador e se jogou no chão. O árbitro espanhol José Ortiz de Mendizabal não viu – ou fez que não viu – e acabou marcando falta do uruguaio. Em caso de expulsão, Pelé estaria fora da final contra a Itália.

Único jogador tricampeão do mundo, Pelé nem sequer cogitou a disputar mais uma Copa, embora ainda desse trabalho aos rivais aos 33 anos. “Meu pai havia me ensinado que temos de terminar um legado por cima. Deus já foi muito bom comigo ao me deixar despedir como campeão”, disse o Rei.


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