Uma restrição adicional enfrentada por torcedores e solucionada por moradores das redondezas da arena é a venda de bebidas alcoólicas. Com a proibição do comércio de álcool em bares no interior do estádio, houve quem convertesse sua casa em verdadeiro bar para o pré e o pós-jogo. E a cerveja é, tradicionalmente, acompanha de tiragostos. Do tradicional feijão tropeiro – prato típico de dias de partidas – a espetinhos e caldos, o torcedor tem cardápio variado para escolher o que mais lhe agrada.

Com o estádio ainda em obras, a tia do universitário Mateus Augusto mudou-se para um imóvel numa das ruas laterais. A partir da inauguração do Independência, em abril, ele não teve dúvida: improvisou um bar, com mesinha e venda pelo sistema de fichas, no estacionamento do imóvel. Em um dia (ou noite, nas rodadas do meio de semana), o estudante chega a comercializar 200 porções de tropeiro, 200 espetos e 720 latões de cerveja. A demanda é tão grande que ele contratou a família toda para trabalhar – irmão, namorada, primo, tia, namorada de primo… Cada um ganha R$ 50 e ele vê os ganhos, aliados ao salário na empresa de tecnologia da informação, mais que dobrarem. E o melhor: o time do coração, o Atlético, lidera o Brasileiro, apesar de ele não conseguir assistir a um gol sequer da arquibancada. “Fico só no radinho. Mas nunca torci para o Galo como esse ano”, afirma, admitindo que boa parte da vibração é para aumentar os rendimentos.

Perto dali, a casa da vendedora Adriana Marques de Araújo passou a ser chamada Cantinho do Sabor. A comerciante investiu R$ 6 mil para construir uma cozinha que tem saída para a rua e fora instalou mesinhas e cadeiras. Antes de a bola rolar – e depois que ela rola –, dezenas de cruzeirenses ou atleticanos se juntam ali. “Tropeiro não falha. Em um dia chego a faturar R$ 1,7 mil”, afirma.