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'Fator Cristiano Nunes': o preparador que embalou o vestiário do Atlético

Com discursos inflamados antes dos jogos, profissional da comissão técnica de Cuca 'incendiou' as atuações do Galo rumo ao título do Campeonato Brasileiro

03/12/2021 14:55 / atualizado em 03/12/2021 15:04
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Com discursos enérgicos nos vestiários, antes dos aquecimentos do Atlético, Cristiano Nunes ajudou a 'esquentar' o clima para vitórias alvinegras no Campeonato Brasileiro
foto: Reprodução/TV Galo

Com discursos enérgicos nos vestiários, antes dos aquecimentos do Atlético, Cristiano Nunes ajudou a 'esquentar' o clima para vitórias alvinegras no Campeonato Brasileiro


"Vamos lá, rapaziada. A gente sabe que a grande maioria de vocês tem uma bagagem, um currículo de conquistas, de títulos, muito extenso. Vocês já passaram por grandes conquistas, a grande maioria de vocês. Mas o título brasileiro por esse clube... vai ser diferente de todos aqueles que vocês já conquistaram. Pode ter certeza disso. Por tudo que envolve! Vai ser diferente de todos os que vocês já conquistaram! Estamos muito próximos disso, rapaziada. Muito próximos disso. É entrar lá dentro e continuar. Seguir dando a nossa vida, até a última gota de suor. Até a última gota de sangue. Porque vai valer a pena. Vai valer a pena! Fazer um grande jogo, três pontos, e nos aproximar do nosso objetivo. 'Vamo' embora, rapaziada!".


As palavras que ecoaram no vestiário do Mineirão, em Belo Horizonte, por volta das 18h30 do dia 20 de novembro, serviram como uma faísca que incendiou a atmosfera para mais uma vitória do Atlético no Campeonato Brasileiro. Na ocasião, o Galo superou o Juventude por 2 a 0 em um confronto tenso, no qual a equipe precisou ter paciência diante de uma verdadeira 'muralha defensiva' e só abriu o caminho para a vitória no segundo tempo - como solicitado por uma voz enérgica no pré-jogo, 'até a última gota de suor'.

Em 5 de março de 2021, o Atlético anunciava a contratação do preparador físico Cristiano Nunes. A convite do diretor de futebol Rodrigo Caetano, com quem trabalhou no Internacional, o profissional acertou seu retorno ao Galo após 13 anos. No entanto, o reforço trouxe muito mais do que a capacidade de fazer a equipe evoluir no aspecto físico: no vestiário do time de Cuca, Cristiano foi fator motivacional fundamental e embalou as vitórias alvinegras rumo ao tão sonhado título.
 

O bi na voz da Massa: torcedores do Galo falam sobre a emoção da conquista

 

Na primeira passagem pelo Atlético, em 2008, o preparador físico trabalhou pelas cores alvinegras por pouco mais de um mês. Naquela oportunidade, ano do centenário do clube, Alexandre Gallo era o treinador e Cristiano dividia responsabilidades com Marcelo Luchesi.

13 anos depois, Cristiano Nunes retornou e encontrou um clube completamente diferente. Dotado de uma estrutura invejável e também da parceria do mecenas Rubens Menin, o Atlético investiu quase R$ 240 milhões na montagem de um elenco fortíssimo para sagrar-se bicampeão brasileiro.

Antes da glória com o Galo, no entanto, Cristiano viveu aquele que classificou como 'o pior dia de sua carreira' ainda em 2021. Em 25 de fevereiro, quando ainda trabalhava no Internacional, o preparador viu a equipe deixar o título brasileiro escapar para o Flamengo após empate em 0 a 0 com o Corinthians na rodada final.

A volta por cima ocorreu pouco mais de nove meses depois do traumático episódio com o Colorado. No Atlético, a voz que incendeia os vestiários e treinamentos caminhou junto com a do torcedor: ambos aguardavam ansiosamente para soltar o grito preso na garganta.
 

Elenco do Atlético no Brasileiro 2021

 

O Superesportes entrevistou um dos personagens mais importantes para a concretização desta conquista. À reportagem, Cristiano Nunes falou sobre sua trajetória, o poder motivacional, o trabalho com Cuca, com Hulk e com o elenco do Galo, além de projetar o futuro do clube. Muito mais que um preparador físico, o profissional de 48 anos se transformou em uma figura querida pelos atleticanos.
 

Entrevista completa, na íntegra, com Cristiano Nunes 


Superesportes: A sua postura antes dos jogos do Atlético incendeia o vestiário e fez com que você adquirisse respeito e admiração dos torcedores. De onde vem essa característica? Além de preparador físico, você se enxerga como um 'motivador' desde o início da carreira?

Desde o início da minha carreira, em 1997, como preparador físico profissional na Ponte Preta, eu tenho essa postura. Eu adotei essa forma de trabalhar, de trazer uma palavra de incentivo, de confiança para os jogadores antes de entrar em campo. Já faz 25 anos que eu tenho a mesma postura, a mesma rotina antes dos jogos por todas as equipes onde eu passei, em todos os jogos que eu estive à frente de algum clube antes do aquecimento. É uma tentativa de trazer aos atletas uma palavra de confiança, de segurança. Eu entendo que os atletas precisam estar conscientes de que toda a preparação que eles realizam ao longo da semana, ao longo dos meses, tem um objetivo: chegar dentro do jogo e colocar tudo para fora. Tudo aquilo que ele se preparou para fazer. Não deixar nenhum empecilho que o impeça de colocar toda sua qualidade, todo seu vigor físico durante o jogo. Então, essa é a minha tentativa: de trazer essa palavra de confiança, de segurança e de, ao mesmo tempo, extrair o máximo do jogador porque ele se prepara para o jogo. O jogo é o resultado final da preparação. Ali, ele tem que despejar tudo aquilo que ele se preparou para fazer. Sem nenhum empecilho, sem nenhuma insegurança. Ele precisa colocar todo o seu potencial durante os jogos oficiais. Essa é a minha tentativa, esse sempre foi o meu anseio, o meu desejo para o grupo de jogadores com quem eu trabalho. Mas, ao mesmo tempo, eu não me considero um motivador. Não tenho formação na área de coaching. Sou um profissional que gosta das leituras, que gosta de conhecer não só a questão física, mas a questão do comportamento emocional dos atletas, do comportamento emocional do ser humano, de uma forma geral. Mas eu não me considero nenhum motivador. Não tenho essa formação na área psicológica. Apenas, ali, eu tento passar para o grupo de comandados que eles precisam e eles devem ter essa total confiança, liberdade de colocar para fora todo seu potencial, toda a preparação que realizam ao longo dos dias, das semanas, dos meses - ao longo da temporada pela qual ele trabalha praticamente todos os dias. O jogo é o resultado final desse trabalho.
 
Cristiano Nunes embalou o vestiário do Galo na conquista do Campeonato Brasileiro
foto: Reprodução/TV Galo

Cristiano Nunes embalou o vestiário do Galo na conquista do Campeonato Brasileiro

 

Superesportes: Você tem uma carreira extensa no futebol e adquiriu muita experiência com trajetórias inclusive fora do Brasil. Como você enxerga o poder da motivação antes dos jogos como um elemento extra para as vitórias?

Eu trabalhei fora do país em algumas oportunidades. Trabalhei por quatro temporadas nos Emirados Árabes, em dois clubes - Al-Jazira e Al-Wahda. São dois clubes de Abu Dhabi, dois clubes grandes dos Emirados. E trabalhei em dois clubes no futebol japonês - no FC Tokyo e no Vissel Kobe. E mesmo ali, essa mesma postura pré-jogo já acontecia. Com os intérpretes, com os tradutores, eu sempre trazia essa palavra de confiança para com os jogadores. Não sendo redundante, mas com esse mesmo anseio, esse mesmo desejo: de que eles tivessem muita confiança na preparação que eles realizaram para a partida. Eu vejo que é importante. Geralmente, dentro do grupo, você tem outros líderes que também trazem essa mensagem. No Atlético, por exemplo, nós temos o Cuca, que também é um profissional - além da sua competência técnica e tática - bastante emotivo, que traz também esse aspecto motivacional para o jogo. Nós temos o Réver, o Hulk, o Arana. São jogadores que também prezam por essa questão de trazer uma palavra vibrante, que incendeia o vestiário nesse desejo de extrair o máximo dos seus companheiros de equipe. Essa mesma postura sempre foi adotada por onde eu passei, mesmo fora do país. Eu entendo que é algo que, de alguma forma, traz algum benefício para que o atleta esteja compenetrado, muito concentrado, muito focado no jogo e tenha essa confiança de que vai dar certo, de que as coisas vão acontecer e que nós vamos conseguir os nossos objetivos. É algo que, por onde passei, pude trabalhar dessa forma. Entendo que existem benefícios dessa postura. Como eu falei, não só das minhas palavras, não só daquilo que eu trago, mas por parte dos companheiros de equipe, por parte do comando técnico também. Todos com esse mesmo pensamento: de entrar para o jogo e dar o seu máximo, ir no seu limite em busca de um objetivo comum. Um objetivo que é o mesmo de todos os envolvidos: a vitória.
 

Atleticanos lotam Praça Sete, em BH, na festa do título

 

Superesportes: Na vitória por 2 a 0 sobre o Juventude, você disse ao grupo no vestiário que o título do Campeonato Brasileiro com o Atlético seria diferente de todos os outros que os jogadores conquistaram em suas carreiras. Por quê? Pessoalmente, qual é o seu sentimento com essa conquista?

O Atlético Mineiro é um clube com uma história muito grande, uma tradição muito grande. É um clube que tem uma trajetória de sempre brigar pelos títulos, pelas conquistas. Porém, a sua história foi muito prejudicada em virtude de influências externas, de uma má arbitragem, que muitas vezes tiraram grandes conquistas das mãos dos atleticanos. Das mãos do Clube Atlético Mineiro. Então, é uma trajetória sofrida. É uma trajetória que teve muitos percalços. Teve muitos espinhos durante esse percurso. Eu vejo o torcedor atleticano dessa forma: carente por um título brasileiro, carente por essa conquista após 50 anos. Ansioso por conseguir essa conquista. Esperando para dar esse grito final de 'é campeão' após 50 anos. Eu vejo essa sinergia entre torcida e jogadores, comissão técnica. Essa reciprocidade nos tornando um só, com esse mesmo objetivo, com esse mesmo desejo incansável de ser campeão brasileiro. Eu acho que essa conquista, por toda a história que envolve, vai ter um sabor diferente. Para todos nós. É uma conquista que está engasgada para com o torcedor atleticano e, consequentemente, por nós representarmos dentro do campo está massa atleticana. Nós também temos esse anseio, essa ambição, esse desejo meio incontrolável de conquista desse Campeonato Brasileiro. Pessoalmente, para mim, também é algo que além dessa história sofrida, vai ser muito importante. No dia 25 de fevereiro desse ano, eu perdi um título brasileiro pelo Internacional - há 40 anos também que o Inter não conquista. Havia toda uma história por trás. Foi um dos dias mais tristes - se não o mais triste da minha carreira como preparador físico. Não conseguimos vencer o Corinthians na última partida e nos daria o título. Tivemos inúmeras oportunidades, gols anulados, pênaltis marcados que voltaram atrás. Nós empatamos o jogo em 0 a 0 e não conquistamos o Brasileiro. Isso me marcou muito. Foi uma ferida que pesou, que demorou para cicatrizar. Esse título também vai me trazer essa sensação de conquista, de alívio, de ter conseguido dar essa volta por cima e conquistar esse título brasileiro pelo Atlético - já no campeonato seguinte. É algo também que vai marcar muito a minha carreira nesse sentido. De sair de um fatídico dia 25 de fevereiro para uma conquista no próprio ano de um título que eu não consegui conquistar na temporada anterior. Muito esperançoso e com muita gana por essa conquista. Tenho certeza que nós vamos conquistar esse Campeonato Brasileiro.
 

O que os jogadores do Atlético disseram após o título brasileiro? Veja

 

Superesportes: Na sua avaliação, o que mudou no Atlético desde a sua primeira passagem, em 2008, até aqui, para que o clube se tornasse uma das potências do futebol brasileiro? Como você enxerga o Atlético daqui cinco anos?

Em relação a 2008, a minha passagem foi muito rápida aqui. Eu cheguei aqui com o Alexandre Gallo, mas duas ou três semanas depois eu recebi uma proposta através do Abel Braga. Um treinador com quem eu já havia trabalhado anteriormente - trabalhei com ele durante 15 anos. Para ir para os Emirados Árabes. Era uma proposta irrecusável e eu acabei aceitando. Fiquei pouco mais de um mês aqui no Atlético, porém já era essa estrutura nova, que nós usamos hoje. É evidente que ela está se remodelando, se atualizando em termos de recursos, de tecnologia. Mas já era essa estrutura nova, que é muito boa. Novos campos foram feitos, investimentos no departamento médico, no departamento fisiológico, nas salas de musculação com novos equipamentos. Porém, a estrutura já era muito boa. Agora, existe um projeto de um novo centro de treinamento, que está em andamento. Na verdade, é uma nova estrutura para a equipe profissional. Uma estrutura física. A gente tem participado de reuniões, de discussão sobre esse projeto e é algo sensacional aquilo que está sendo planejado pela atual direção. Uma estrutura física espetacular, com equipamentos de ponta, com tecnologia de ponta, com muito espaço para você poder setorizar todos os departamentos. Então, existe um projeto em andamento de uma nova estrutura para a equipe profissional e esse projeto é espetacular. Eu acho que o Atlético dá um salto e vai, não só estar dentre as maiores estruturas do futebol brasileiro (que já está hoje), mas vai dar um passo ainda maior e vai estar em uma situação semelhante a clubes de ponta da Europa. O centro de treinamento atual vai estar direcionado para as categorias de formação, de base, e a nova estrutura para a equipe profissional. É algo surreal em termos de investimento, de tecnologia. Vai estar na ponta do futebol - não apenas nacional, como no futebol mundial. Tenho certeza que esta estrutura ainda vai dar uma maior visibilidade para o Atlético no cenário mundial. Com certeza, vai despertar interesses até por parte de jogadores de níveis muito altos de querer jogar pelo Atlético, de querer fazer parte dessa estrutura que o Atlético está investindo.
 

Festa do título do Atlético na sede do clube em Lourdes, em BH

 

Superesportes: O Atlético jogou com força máxima em todas as frentes no ano, algo incomum no Brasil - já que as equipes costumam priorizar torneios. Como você avalia, de modo geral, o trabalho da preparação física do Galo em 2021? Quais foram os pontos fortes do grupo nesse aspecto?

Realmente, nós, dentro do clube, nessa relação direção/comissão técnica/atletas, desde o início, discutimos esse pensamento de não priorizar competições. De jogarmos com aquilo que nós teríamos de melhor em todas as competições que o Atlético disputasse na temporada. Nós sabemos que nós temos um elenco altamente qualificado, com peças de reposição à altura. Então, nós entendemos que nós não priorizaríamos nenhuma competição em detrimento de outra. Se houvesse alguma necessidade de você tirar algum atleta seria por uma questão física, fisiológica, ou até por uma perda de rendimento técnico. Mas não por priorizar uma competição. E nós estamos muito satisfeitos. A temporada ainda está por finalizar. Pela forma com que o elenco tem respondido. Nós temos muitos atletas com uma minutagem muito alta durante a temporada, respondendo bem, de uma forma regular, sem oscilar muito. Sem grandes alternâncias ao longo desses 70 jogos que nós já fizemos. Ainda mais cinco pela frente. Essa regularidade tem feito com que a equipe chegue em todas as competições: fomos campeões estaduais, saímos fora numa semifinal de Libertadores invictos. Tínhamos tudo para estar disputando essa final de Libertadores também, mas são coisas que acontecem. Estamos na final da Copa do Brasil e liderando o Brasileiro. Então, os atletas têm respondido de uma forma satisfatória. Vejo não só a preparação física, mas como a preparação técnica e tática feita pelo Cuca, o Cuquinha, o Eudes, o Éder. Os departamentos de apoio, médico, fisioterapia, fisiológico, nutrição. Evidentemente, a preparação física também tendo um papel importante na tentativa de manter os atletas com rendimento durante todo ano. Mas ressalto e reforço: de nada adiantaria todos esses departamentos funcionando bem se não houvesse uma conscientização por parte dos atletas em ter um cuidado especial com as suas rotinas diárias, de descanso, de alimentação, de cuidados na sua recuperação. Então, essa conscientização por parte dos jogadores foi muito importante para que a gente conseguisse ter uma temporada com um nível de desempenho muito alto. Com um nível de desempenho muito satisfatório, de forma muito regular e homogênea. Toda vez que um atleta com uma minutagem mais baixa foi solicitado para jogar (e nós temos muitos exemplos). O Guga, o Réver, o Igor Rabello, o Dodô, o próprio Tchê Tchê, Sasha, Vargas... e tem outros que me fogem à memória. Todas as vezes que foram solicitados por uma razão ou por outra conseguiram manter a regularidade da equipe, um nível de performance. Isso não é tão simples. Quando existem essas mudanças por alguma razão, se esse atleta também não estiver se cuidando, não estiver mantendo um nível alto de treinamento, de concentração, a equipe começa a oscilar. E não foi isso que aconteceu com o Atlético. Então, nós estamos muito felizes com a forma como nós temos trabalhado, como os atletas têm respondido. Um departamento médico com pouquíssimas baixas, mesmo não tendo dado prioridade e feito mudanças drásticas na equipe de uma competição para outra - alguns casos pontuais. Porém, a equipe se manteve aí praticamente jogando toda a temporada e com um nível muito grande de performance. Com uma intensidade muito alta durante os jogos. É um conjunto de setores dentro do clube, de fatores envolvendo departamentos técnicos, atletas, direção, para que a equipe tivesse realmente um ano muito satisfatório em termos de rendimento.
 

Trajeto do Atlético entre a Pampulha e a Praça Sete, em BH

 

Superesportes: O trabalho da comissão técnica e da preparação física caminham lado a lado no dia a dia de um clube. Na sua visão, quais são as características mais marcantes do técnico Cuca, como líder de todo um grupo?

Esse foi o meu primeiro contato com o Cuca e sua equipe técnica. Tem sido uma experiência muito marcante, onde eu tenho aprendido muito. Pela capacidade que o Cuca tem de liderar um grupo, de comandar um grupo de atletas tão qualificado como é o do Atlético hoje. É um profissional muito experiente, com uma trajetória vencedora pelos clubes onde passou. Por onde esteve, fez grandes trabalhos, sempre brigando por títulos, conquistando números expressivos nas competições onde está disputando - e não está sendo diferente aqui no Atlético. O Cuca é um profissional altamente capacitado do ponto de vista tático e técnico. É um profundo conhecedor daquilo que acontece durante a partida. A leitura que ele faz do jogo, as mudanças, a forma como ele prepara a equipe para o jogo seguinte de acordo com as características do adversário. É um profissional muito detalhista, atento aos mínimos detalhes relacionados aos adversários. Isso faz com que ele realmente consiga excelentes resultados pelo clube que ele trabalha e tem sido assim conosco. Um aproveitamento excepcional. Estamos com quase 75% de aproveitamento durante a temporada. Isso passa muito pelo seu comandante. O Cuca é um profissional que tem também essa questão emocional, de envolvimento, de viver o clube, de viver o dia a dia. De acompanhar tudo o que está acontecendo ao seu redor. Sempre com essa característica vencedora, de querer evoluir, melhorar, ver os atletas desempenhando cada vez melhor. Tem sido uma experiência gratificante, que tem me ajudado muito a crescer também profissionalmente. Esperamos que nós consigamos conquistar esses dois títulos que temos pela frente, e isso passa muito pelo comando do Cuca. Realmente, uma referência no futebol. Um dos grandes comandantes que o país já teve no comando técnico. A sua trajetória, o seu currículo e suas conquistas falam por si só. Tem sido uma experiência extraordinária trabalhar ao lado do Cuca.

Superesportes: O atacante Hulk participou de impressionantes 64 dos 70 jogos do Atlético na temporada. Claramente, é o atleta do grupo com maior força, potência e resistência física. Ele também conta com uma estrutura de recuperação em casa. Como é trabalhar com um atleta desse nível? Qual o papel da preparação física para que um jogador desses chegue na melhor das condições para ter alta performance?

Atletas desse nível não chegam onde chegaram simplesmente pela sua alta qualidade técnica, pela sua genética que contribui muito para o seu desempenho. Eu vejo que atletas que permanecem assim, num auge, por tanto tempo com bons desempenhos, têm um diferencial que é o comportamento extracampo. Eu vejo o Hulk como um dos exemplos que nós temos no nosso elenco. O Hulk se destaca, evidentemente, pelo seu biotipo, pela sua força física. Um atleta que tem uma estrutura muscular privilegiada. Porém, não é só o fato dele ter essa estrutura muscular bem desenvolvida, do ponto de vista genético, que o faz manter esse rendimento aos 35 anos. Ele não manteria esse nível tão elevado se também não tivesse os cuidados especiais com ele mesmo. Tem toda uma estrutura - além da estrutura que nós temos no clube, que é de ponta - na sua casa, que contribui para que ele se recupere bem entre os jogos. Para que consiga manter os seus níveis de performance. É claro que nós, da preparação física, também procuramos orientá-lo com algumas atividades diárias, que também o proporcionam manter esse nível de rendimento. É um atleta que tem muito desejo de estar no campo treinando. Um atleta que gosta de treinar, gosta de trabalhar, que puxa a fila. É sempre o último a sair do campo. Então, mesmo com o rendimento, ele quer se aperfeiçoar, melhorar. Busca isso constantemente, de uma forma incansável na sua rotina diária de trabalho. São várias características que contribuem para que o Hulk tenha feito 64 jogos durante a temporada - 90% dos jogos. É um feito marcante. Poucos jogadores conseguiram jogar tantas partidas durante uma temporada e uma temporada mais curta, de pouco mais de nove meses. Então, isso é muito fruto desse comprometimento, dessa dedicação, desse desejo do Hulk de dar o retorno ao Atlético. Dar retorno ao torcedor atleticano do investimento que foi feito. Existe uma identificação muito grande por parte do atleta junto ao clube, e isso também proporciona ao Hulk esse foco, essa gana pela vitória, pelas conquistas. Hoje, ele é uma referência dentro do grupo. Um líder. Um exemplo a ser seguido pelos mais jovens. Existe, claro, uma contribuição por parte de todos os departamentos - da preparação física, do departamento técnico, das áreas de apoio. Mas muito pela conscientização e pelo comprometimento que esse atleta tem tido em relação a entender que ele também precisa de cuidados essenciais, importantes para que ele consiga ter uma temporada competitiva tão alta, em níveis tão altos como está tendo. Com uma performance regular, com rendimento muito elevado durante toda a temporada. Sou suspeito a falar sobre esse atleta e tenho certeza que já é um ídolo do clube. Vai marcar muito a história desse clube com esse rendimento, com esse comprometimento e com essa identificação que se criou entre clube e atleta. Realmente, o Hulk é especial e merece todos os elogios que está recebendo, por tudo aquilo que tem representado para a gente.

Superesportes: Dois jogadores do elenco são sempre comparados pela torcida a super-heróis famosos: obviamente, o atacante Hulk, além do lateral-esquerdo Guilherme Arana (com o 'Homem-Aranha'). Uma brincadeira: se você tivesse que associar jogadores do Galo a outros super-heróis por características como velocidade, força e elasticidade, por exemplo, quais seriam as associações?

Eu vejo mesmo essa comparação dos nossos atletas com super-heróis. Acho bem bacana essa comparação. Se eu tivesse que fazer alguma associação, por tudo que nós enfrentamos esse ano, por todo esse número de jogos, esse calendário tão extenso como foi o nosso - em virtude de um achatamento dos períodos, das competições -, foi uma temporada curta de pouco mais de nove meses, com jogos praticamente meio de semana e final de semana durante todo o período. Então, se eu tivesse que fazer alguma analogia, alguma comparação nesse sentido, eu classificaria o grupo como 'Homens de Aço'. Homens de ferro. Porque o que eles fizeram ao longo dessa temporada realmente foi de tirar o chapéu. O número de jogos que eles fizeram, em um nível tão alto como eles têm feito, com uma intensidade, com um ritmo tão forte... Eu classificaria o grupo como um grupo de 'Homens de Ferro', super-atletas. Não só aqueles que jogaram uma minutagem absurda. Não foram apenas os jogos do Atlético, mas jogos pelas seleções também quando convocados. Então, aqueles que não tiveram uma minutagem tão alta estiveram sempre à disposição. O grupo todo está de parabéns pela forma como eles suportaram toda essa maratona durante a temporada.

 

Todos os jogos da campanha de 2021

 


Relembre todas as preleções de Cristiano Nunes (divulgadas pela TV Galo)


Sport 0x1 Atlético - 2ª rodada



"Equilíbrio no Campeonato Brasileiro. Equilibrado! Não vamos deixar 'desgarrar'! Encosta lá em cima! No pelotão de cima! Depois, correr atrás é f#*@! É f#*@ e vocês sabem disso! Vocês conhecem mais do que ninguém. Réver, quero pedir para vocês: entreguem tudo lá dentro. Deem tudo de vocês! O tanque está cheio! A gente controla bem a semana. Depois, o próximo jogo, pela Copa do Brasil. Agora, lá dentro, 'à vera', rapaziada. Precisamos nos recuperar do primeiro jogo, do primeiro revés, tá? Vamos com Deus!"

Internacional 0x1 Atlético - 4ª rodada


"Ressaltar o que o professor tem colocado para vocês: a força do grupo! Entra um, sai outro. Hoje, temos mais algumas baixas em virtude dessa pandemia e está todo mundo pronto! Para contribuir, para manter a regularidade. Nossa equipe é forte, nosso grupo é forte! Sabemos o que temos que fazer. O retrospecto fora de casa não é à toa! Não é à toa! Tem entrado lá dentro e tem se ajudado para c@#*! Tem dado a vida pelo companheiro! Sem a bola, está todo mundo dando a vida! Coloca a qualidade em prática, vamos sair daqui com a vitória."


Atlético 4x1 Atlético-GO - 8ª rodada


"Rapaziada, futebol é assim mesmo. A gente gostaria de respeitar, dar um tempo maior para se adaptar, para treinar uma semana, mas não dá tempo. Já estamos de volta, Nacho, é assim mesmo, Micael. É de volta e pronto para contribuir. Vamos no limite, até onde aguentar. Não aguentou? 'Professor, troca que eu não aguento mais'. Mas não se poupem! Deem tudo de vocês lá dentro. E parabéns! Dois dias e vocês já estão de volta jogando. Sabe que tem algo a mais para dar. Todos nós! Dá para dar um algo mais! Tem um pouco mais para dar! Todos nós sabemos disso. Está na hora de colocar para fora, capitão (apontando para Réver). Está na hora. Grande jogo, vitória! Vamos embora! Está na hora de colocar para fora!"

Atlético 2x1 Flamengo - 10ª rodada


"Nathanael (Nathan Silva), está estreando, garoto! Deus te abençoe, bom trabalho, vai com Deus, grande jogo. Alonso, Vargas, retornando, fazendo a nossa equipe ainda mais forte! (...) Grande jogo, vamo embora! Vamo embora! Grande jogo! Aqueçam bem, aqueçam bem! Estamos preparados. Vamos!"

América 0x1 Atlético - 11ª rodada


"Rapaziada, Junior (Alonso), capitão. O que eu vou falar para vocês hoje é mais do que um pedido. Mais do que um pedido! Esqueçam o jogo de terça-feira (primeiro jogo das oitavas de final da Libertadores, contra o Boca Juniors)! O nosso prato de comida é agora! A nossa decisão é agora! É a nossa final! Entreguem tudo lá dentro. Esqueçam terça-feira! Não poupem nada. Uma vitória hoje coloca na pontuação que nós queríamos estar. Com o mesmo número de pontos! Não vamos deixar escapar essa oportunidade. Grande jogo! Vamo embora!"

Corinthians 1x2 Atlético - 12ª rodada


"(Alan) Franco, bom retorno, tá? Vai com Deus, meu amigo. Rapaziada, grande oportunidade! Grande oportunidade para assumir essa liderança! E aquilo que o professor mostrou na palestra: não caiu no colo de graça! Papai do céu nos abençoou? Nos abençoou sim. Só que teve muito trabalho! Teve dedicação! Teve sacrifício! Trabalharam para c@*# para isso! É por isso que nós estamos brigando pela liderança hoje! E vamos assumir! Com uma grande partida! O mais importante é levar essa confiança lá para dentro das quatro linhas. Jogar para c@*#! O campo é escorregadio, sente bem o gramado. Tem uma grande parte artificial, escorrega bastante, a bola desliza bastante, mas nós vamos fazer um grande jogo e sair daqui líder. Bom trabalho!"

Juventude 1x2 Atlético - 15ª rodada


"Rapidinho, rapaziada. P*#@ que pariu, que grande oportunidade. Que baita oportunidade nós temos hoje, hein? E eu vou dizer um negócio para vocês: nós nos preparamos muito para esse momento! Nos preparamos para c@#*! Hoje é dia de presentear a nossa família que está lá em casa, sofrendo por nós, torcendo para c@#*. Dia de nos presentearmos! É a nossa segunda família! Convivemos todos juntos! Dia de presentear mais de dez milhões de atleticanos que torcem pela gente! Fazer um grande jogo e dar esse presente: liderança. Não tem outro momento! Grande jogo!"

Fortaleza 0x2 Atlético -20ª rodada


"O sentimento é o mesmo, tenho certeza. Duas semanas sem competir parecem dois meses. E tanta vontade de voltar! Para dentro da arena! Voltar a fazer o que a gente gosta: competir com os caras! Estamos preparados para isso. Já sabemos da dificuldade. Vamos jogar com uma equipe difícil. Vamos jogar com uma equipe organizada. Está quente para c@#*! Agora, nada disso é maior do que o nosso desejo de vencer! De buscar o nosso sonho! De buscar esse título! 'Vamo' passar por cima de tudo isso, fazer um grande jogo e levar os três pontos para dentro de casa!"

Atlético 1x0 Internacional - 23ª rodada



"Doeu na alma terça-feira (eliminação para o Palmeiras na Libertadores). Doeu no coração terça-feira! Ainda mais por vocês, que se deram lá dentro! Que se entregaram para c@#*, que deram tudo de vocês! Não deu. Ficamos duas noites remoendo isso. Perguntando o porquê. Por quê? Por quê? Eu vou dizer para vocês: tem algo maior para a gente! Tem algo muito melhor ainda esse ano! Acreditem nisso! Acreditem nisso! Agora, nós temos que fazer por onde. Entrar dentro dessas quatro linhas aí e seguir dando a vida. Se corremos até agora, nós vamos correr ainda mais. Se nos dedicamos, se jogamos, nós vamos jogar ainda mais! Estão achando que a gente vai se encolher; o c@#*! Nós vamos voltar ainda mais fortes. Grande jogo, três pontos."

Atlético 3x1 Santos - 26ª rodada


"Hora de defender a liderança da competição. E muito mais além disso! Somos o melhor mandante! E vamos defender isso até o fim! Somos o melhor visitante! São 17 jogos de invencibilidade! Não caiu no colo de graça não. Teve fé, teve humildade, mas teve trabalho para c@#*! E não vai faltar hoje. O juiz apitou o início do jogo, na garganta deles! Eles não respiram. Com a bola, fazer um grande jogo. Três pontos! Vamos com Deus!"

Atlético 2x1 Grêmio - jogo adiado da 19ª rodada


"Boa, rapaziada. Vamos lá! Hora boa, pessoal. Hora do nosso trabalho. Sentados ali na palestra, analisamos tudo. Percentual de pontos nossos, percentual de pontos em casa, fora, do adversário, dentro, fora. O que importa, agora, é a gente concentrar lá dentro! No jogo! Para fazer uma grande partida. Recentemente, nós jogamos contra os dois adversários diretos, que estão brigando com a gente. E os dois jogaram por uma bola! Lá atrás! Querendo tirar o controle emocional de vocês! Precisamos manter o controle! Equilibrados, rapaziada. Sabendo da nossa estratégia! Aquilo que a gente tem que fazer lá dentro! Sem a bola, é na garganta deles! Mas com a bola, com paciência para fazer um grande jogo. Colocar os caras para correrem atrás de vocês! Hoje é dia de dar um passo importante na busca desse caneco e ninguém vai tirar da gente! Vamos!"

Atlético 3x0 Corinthians - 31ª rodada


"A linha de chegada está cada vez mais perto. O nosso sonho cada vez mais próximo. Mas não terminou ainda. Não terminou ainda! Temos muito trabalho pela frente, rapaziada! Domina essa ansiedade! Domina essa ansiedade! Coração fervendo! Cada lance, coração fervendo! Mas a cabeça fria. Fazer um grande jogo. Sem a bola, não deixar os caras jogarem. Colocar nossa qualidade em campo. Levar o nosso DNA! A nossa identidade lá para dentro! Não deixa os caras respirarem! Fazer um grande jogo com a bola no pé e aproximar mais desse título. Vamos com Deus!"

Athletico-PR 0x1 Atlético - 33ª rodada


"Rapaziada, rapidinho. Não sei se vocês se recordam: Réver, capitão, com o jogo de hoje, são 19 partidas na liderança. Um turno inteiro na liderança! E esse protagonismo, essa liderança, não veio aqui na garganta não. Não veio com holofote em cima da gente, com estrelismo, achando que a gente é 'o tal'! Não veio aqui não. Veio lá dentro! Dentro das quatro linhas. Ralando, colocando a bunda no chão, não se entregando nunca, dando o máximo de nós! Hoje, não pode ser diferente. Não importa quem venha contra a gente! É a nossa atitude, a nossa postura diante da partida, rapaziada! É decisão! É assim que a gente vai encarar e levar três pontos de volta para BH! Mais 12! Mais 12 pontos só! Vamos embora!"

Atlético 2x0 Juventude - 34ª rodada


"Vamos lá, rapaziada. A gente sabe que a grande maioria de vocês tem uma bagagem, um currículo de conquistas, de títulos, muito extenso. Vocês já passaram por grandes conquistas, a grande maioria de vocês. Mas o título brasileiro por esse clube... vai ser diferente de todos aqueles que vocês já conquistaram. Pode ter certeza disso. Por tudo que envolve! Vai ser diferente de todos os que vocês já conquistaram! Estamos muito próximos disso, rapaziada. Muito próximos disso. É entrar lá dentro e continuar. Seguir dando a nossa vida até a última gota de suor. Até a última gota de sangue. Porque vai valer a pena. Vai valer a pena! Fazer um grande jogo, três pontos, e nos aproximar do nosso grande objetivo. 'Vamo' embora, rapaziada!"

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