Na chegada ao Corinthians, João Carlos sentiu que o ambiente no vestiário estava sempre pesado
Apesar de ter marcado época no Corinthians, o elenco bicampeão brasileiro em 1998 e 1999, campeão mundial em 2000 e campeão paulista de 2001 teve brigas entre grandes estrelas e polêmicas. Presente nessas três últimas conquistas do Timão, o ex-zagueiro João Carlos revelou ao Superesportes algumas histórias de bastidores vividas no vestiário. Para ele, sobrava vaidade no Parque São Jorge.
"Foi maravilhoso, era um timaço, ganhamos tudo no Corinthians. Era muita briga e confusão entre os jogadores, não era fácil. Era muita vaidade. Rincón, Marcelinho (Carioca), Edílson, Ricardinho, era muito vaidade esses quatro", revelou João, em participação no quadro Por Onde Anda?.
João foi contratado pelo Timão em 12 de julho de 1999, após três temporadas vitoriosas no Cruzeiro. Na negociação, o clube paulista pagou US$ 4 milhões e cedeu à Raposa o passe do também zagueiro Cris.
Na chegada ao Parque São Jorge, João sentiu que o ambiente no vestiário estava sempre pesado. As principais estrelas do elenco não se falavam: Edílson, Marcelo Carioca, Rincón e Ricardinho.
"Mas esses quatro eram muita vaidade, muita briga, confusão, mas tinha uma coisa diferente. O Rincón mesmo falava. Chegava no vestiário, o Rincón falava: 'Edílson, Marcelinho, eu não gosto de vocês, mas é o seguinte: eu vesti essa camisa, eu corro por vocês, então eu quero que vocês corram por mim também'. Um corria pelo outro, mas no vestiário ninguém se olhava", revelou.
"(A maior treta) era Marcelinho, Edílson e Rincón. Não se falavam. Muito pouco, só no jogo, coisa pouca. Fora de campo, nada, zero. Diferente do Cruzeiro, de onde eu vim, em que era um grupo muito fechado, acolhedor", acrescentou.
Por outro lado, o volante Vampeta, outra estrela do grupo, fazia questão de manter um ótimo relacionamento com todos os companheiros. Era uma espécie amigo comum entre todos os desafetos.
"O pessoal fala do Vampeta, mas ele era amigo de todo mundo. Ele mesmo falava que não queria brigar com ninguém, era amigo de todo mundo", lembra João.
'Cachaçada' no Corinthians
Outro tema que gerava polêmica naquele Corinthians multicampeão eram as baladas. Nesse ponto, Vampeta era o 'rei da noite' e muitas vezes chegava 'virado' aos treinos.
foto: Corinthians/divulgação
Elenco do Corinthians campeão brasileiro de 1999
O grande detalhe é que, mesmo sem dormir, Vampeta era considerado o melhor preparo físico do time e não dava margem para queixas aos treinadores e aos companheiros.
"Chegava virado, mas nas físicas era o primeiro em tudo. Mas a gente falava: ‘Vampeta, você não passa dos 30’. Tanto que jogou até os 31 anos, não aguentou. Ele treinava, ia para casa, dormia até as 20h, saia, virava a noite, chegava para treinar. Hoje (em dia) nem jogaria, porque a intensidade é maior, bem diferente".
Embora tivesse o nome pouco relacionado à noite paulistana naquele período, o volante Edu - Edu Gaspar, ex-coordenador da Seleção Brasileira e atual diretor do Arsenal -, era um dos que mais abusava das farras.
"O que acontece: ducha, massagem, vamos sair, tomar três chopes cada um e ir embora para casa. Tinha isso. Mas tinham os gulosos, que dali iam para a noite. (...) A turma pegava muito pesado. Edu Gaspar, Andrezinho (atacante revelado na base do clube), Vampeta...", lembra João.
Segundo o ex-zagueiro, o atacante Luizão, apreciador de uma boa cervejinha, preferia beber em casa. "Era paz e amor", contou.
Pelo Corinthians, João Carlos disputou 91 jogos e conquistou o Campeonato Brasileiro de 1999, o Mundial de Clubes de 2000 e o Campeonato Paulista de 2001.
Ele também marcou seu nome na história do Cruzeiro ao participar das campanhas dos títulos da Copa do Brasil de 1996, Copa Libertadores de 1997, da Recopa Sul-Americana de 1998 e do tetracampeonato mineiro (1994, 1996, 1997 e 1998).
