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Salum, do América, faz alerta sobre LIBRA: 'Só existe liga com 40 clubes'

Marcus Salum, coordenador de futebol clube-empresa do América, é uma das vozes mais influentes no grupo que pleiteia mudanças nas regras da Liga Brasileira

13/05/2022 06:00 / atualizado em 13/05/2022 01:44
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Marcus Salum, do América, espera que haja consenso para formação da LIBRA, mas com divisão justa das receitas entre os clubes
foto: Leandro Couri/EM/DAPress

Marcus Salum, do América, espera que haja consenso para formação da LIBRA, mas com divisão justa das receitas entre os clubes



Na próxima segunda-feira (16), pelo menos 23 clubes integrantes do bloco chamado FUTEBOL FORTE vão se reunir no Rio de Janeiro para discutir termos condicionantes para eventual adesão à LIBRA. Assim é conhecida a Liga Brasileira, formada até o momento por São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Santos, RB Bragantino, Ponte Preta, Cruzeiro, Flamengo e Vasco. 

O desejo do bloco FUTEBOL FORTE, do qual faz parte o América, é chegar a uma regra que equilibre mais a divisão de receitas da futura liga entre os clubes.


Marcus Salum, coordenador de futebol clube-empresa do América, é uma das vozes mais influentes neste grupo que pleiteia mudanças no formato definido pelos fundadores da LIBRA e fez um alerta em entrevista ao podcast Superesportes Entrevista: "Só existe liga com 40.  Não existe liga nem de 20".

Devido à Lei do Mandante, que dá o poder ao clube mandante de negociar os direitos de televisão de uma partida, Salum vê o grupo FUTEBOL FORTE com poder de barganha interessante nas negociações para composição da LIBRA.

"Tinha que ter um grupo alternativo organizado, porque a Lei do Mandante nos protege hoje. Hoje, se eu juntar um grupo de 12, 10 clubes, eu tenho dez jogos de todos os times do Brasil. Tenho dez jogos do Atlético, dez jogos do Corinthians, dez jogos do Palmeiras. Entendeu? Então, a força de um grupo começou com a Lei do Mandante. Nós percebemos isso e começamos a nos organizar, mas sem nenhum teor de confronto", ressaltou Marcus Salum.

Em vez de ir para o choque, Salum e seus parceiros de bloco propõem uma discussão que tire o foco dos clubes grandes e priorize o futebol brasileiro como produto organizado, com divisão justa das receitas.

"Se pegar a formação da LIBRA, ela só vai se realizar se fizer 12 clubes (hoje, tem 9). Se nós temos esse tanto de clube (23 + 5 neutros), como é que ela vai chegar a 12 clubes? Não tem como fazer. Mas não queremos isso, nós somos parceiros, temos negócios com esses clubes. A reflexão tem que ser: ou nós olhamos para o futebol brasileiro ou vamos ficar sempre reféns de um poder maior que não tem competência de nos representar (CBF)". 

"Se a Liga for organizada, ela tem que ser organizada em prol do futebol brasileiro, e não só em prol dos clubes. O diálogo está reestabelecido, as conversas estão acontecendo. Estarão lá muitos clubes na segunda-feira (16), não sei quantos, para que a gente nomeie as pessoas que vão intermediar essa conversa", acrescentou Salum ao Superesportes.

Veja, a seguir, a formação de cada bloco e suas propostas:

LIGA BRASILEIRA (LIBRA) - FUNDADORES DA LIGA


Integrantes: Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos, Bragantino, Ponte Preta, Flamengo, Vasco e Cruzeiro

Proposta de divisão de receitas:

  • 40% do valor repartido de forma igualitária entre as equipes
  • 30% de acordo com sua performance nas Séries A ou B
  • 30% variáveis por engajamento e audiência.
  • 15% do valor arrecadado vai para a Série B

FUTEBOL FORTE


Integrantes: Athletico, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Ceará, Chapecoense, CSA, CRB, Coritiba, Criciúma, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás ,Juventude, Londrina, Náutico, Operário, Sampaio Corrêa, Sport, Tombense. Vila Nova

Proposta de divisão de receitas:

  • 50% igualitário
  • 25% performance
  • 25% comercial, com parâmetros objetivos e mensuráveis
  • Diferença de receita entre maior e menor clube tendo como alvo o limite de 1.6 ao longo do tempo (referência Premier League), com o teto de 3.5 a partir do primeiro ano;
  • Compromisso de que a Série B receba 20% dos recursos de venda de direitos de transmissão

Clubes sem lado definido


Atlético, Grêmio, Internacional, Bahia e Botafogo


Salum faz o alerta de que a reunião de segunda-feira, no Rio de Janeiro, precisa caminhar para um consenso entre o que deseja o FUTEBOL FORTE e a LIBRA. "Nós temos critérios diferentes e não tem sentido sentar e não achar um critério intermediário. Se na segunda-feira nós não começarmos nesse caminho, aí eu diria que o futebol fracassou".

O dirigente americano ainda emendou: "O que é que desequilibra: o ganho do maior em relação ao menor. Tem que criar uma meta em que não pode ganhar mais do que 3,5, 4 vezes do menor. Começa como cinco e põe como meta 3,5. Não vamos pegar o negócio e resolver num dia, numa canetada".

União por receita maior dos direitos de TV


Marcus Salum lembrou ainda que, no passado, apenas a TV Globo era capaz de bancar o futebol nacional com a compra dos direitos de transmissão. Atualmente, o cenário mudou. Em muitos estados nem há mais acordos com a emissora para exibição dos regionais.

O contrato da TV Globo com os clubes que disputam o Campeonato Brasileiro vai até 2024. A intenção é que a Liga inicie em 2025, já com novos acordos celebrados e em condições muito melhores para os filiados.

"Antigamente o futebol era dirigido por um grande cheque, de uma grande empresa (TV Globo), que dava o que precisasse para ter o futebol. Isso acabou. Não existe mais um cheque da televisão que vai pagar bilhões e só dividir. Acabou. Tem que ter inteligência para vender, fatiar, para ir pro streaming. Se você não tiver uma assessoria para fazer isso, em vez de fazer o valor aumentar, vai diminuir. Isso tem que ser feito rápido, porque 2025 está aí".

Futebol brasileiro vendido internacionalmente


O equilíbrio maior entre os clubes no Campeonato Brasileiro é apontado por Salum como um diferencial para a valorização do produto internacionalmente. 

Enquanto na Europa os favoritos são sempre os mesmos, como Real Madrid e Barcelona na LaLiga, no Brasil a imprevisibilidade é um atrativo.

"Os números que nós estamos trabalhando e as ofertas que nós tivemos de venda de percentual da Liga já aumenta e muito a capacidade de receita. O Campeonato Brasileiro é mais equilibrado que todos os campeonatos do mundo. Se pega o vigésimo e vai jogar com o primeiro, todo jogo é duro pra caramba. É muito equilibrado, porque mais que existem as distorções. Mas ele é muito mal explorado", disse.

Marcus Salum durante podcast Superesportes Entrevista
foto: Leandro Couri/EM/DAPress

Marcus Salum durante podcast Superesportes Entrevista



"Nós não podemos achar que o presidente de clube sabe fazer isso (vender para fora). Tem grandes empresas no mundo. Recebemos o presidente da La Liga (Javier Tebas), que fez exposição em São Paulo, onde ele falou: 'Tem que fazer o melhor e estar sempre insatisfeito. E todo ano fazer mais e mais. E entender que os presidentes de clubes não podem mandar na Liga. A Liga é uma coisa independente', agregou Marcus Salum.

Participação de Ronaldo na LIBRA


Por fim, o dirigente americano tratou Ronaldo como uma figura fundamental para a formação da Liga Brasileira por sua visão de negócio.

"O Ronaldo tem um raciocínio de Europa e é uma pessoa lúcida, inteligente, e ele sabe que o caminho é liga. Mas ele tem tanto problema (no Cruzeiro), que ele não está envolvido nesse projeto da Liga, porque está numa briga de Série A ainda. Logicamente, a gente tem que separar a SAF do Cruzeiro do Ronaldo. O Ronaldo é uma figura mundial, respeitada, muito inteligente, preparado e que vai agregar muito à Liga. Não tenho dúvida".



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