Atlético passa a exibir marca de empresa que está na mira da CPI da COVID
Clube estampou logo da Hapvida, operadora de planos de saúde acusada de pressionar médicos a prescrever remédios sem eficácia comprovada contra o coronavírus
Marca da Hapvida foi estampada na camisa do Atlético (ao lado do escudo) pela primeira vez nessa quarta-feira, no jogo com a Chapecoense
O Atlético passou a exibir no uniforme de jogo a marca da Hapvida, na mira da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID-19, conduzida pelo Senado Federal para analisar a conduta do governo federal e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acerca da pandemia. A empresa, uma das maiores operadoras de planos de saúde do Brasil, é acusada de pressionar médicos a prescrever remédios sem eficácia comprovada contra o coronavírus. A logo esteve presente na camisa alvinegra pela primeira vez nessa quarta-feira, no empate com a Chapecoense.
Em 15 de outubro de 2020, o Atlético anunciou o acordo de patrocínio válido por dois anos com a Premium Saúde. Em novembro, a empresa foi comprada pela Hapvida Participações e Investimentos por R$ 150 milhões. O negócio foi aprovado em julho deste ano pela Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e publicado no Diário Oficial da União (DOU).
Mesmo comprada pela Hapvida, a Premium Saúde continuou tendo a marca estampada no uniforme de jogo do Atlético e nos backdrops (estrutura que exibe os nomes dos patrocinadores e fica posicionada atrás dos entrevistados durante coletivas) ao longo dos últimos meses.
Na "estreia" da Hapvida na camisa atleticana, o time empatou por 2 a 2 com a Chape. O jogo foi disputado na Arena Condá, em Chapecó, e valeu pela 24ª rodada do Campeonato Brasileiro.
A marca da empresa cearense passou a ser exibida justamente no lugar da Premium Saúde num espaço nobre da camisa alvinegra: entre o escudo do Atlético e o símbolo da Le Coq Sportif, fornecedora de material esportivo do clube. Nos backdrops, nada mudou por enquanto.
A substituição da Premium Saúde pela Hapvida ocorreu dias após a empresa passar a ser alvo de investigações sobre a defesa do chamado "kit COVID". Nessa quarta, o jornal O Globo publicou que, em julho de 2020, o superintendente nacional da empresa participou de reunião no Ministério da Saúde e emitiu declarações favoráveis a remédios ineficazes contra a doença.
O Superesportes procurou o Atlético e a Hapvida. Por meio do departamento de comunicação, o clube disse que "não vai entrar nessas questões": "Não vamos entrar nessas discussões políticas e de outros segmentos. Não nos diz respeito. O que importa para a gente é o futebol".
Questionado sobre o momento da troca da marca da Premium Saúde pela Hapvida, o Atlético informou que se trata de uma decisão do patrocinador. "A Hapvida é uma das maiores empresas brasileiras do segmento, muito grande, que está entrando muito fortemente no mercado mineiro", completou o clube.
A Hapvida também foi buscada pela reportagem. O primeiro contato com a empresa ocorreu na manhã desta quinta. O Superesportes fez questionamentos acerca do patrocínio ao Atlético e, também, sobre as questões relacionadas ao kit COVID. Até o momento da publicação deste texto, porém, não houve resposta.
Apesar disso, a operadora emitiu comunicado ao mercado admitindo que, no início da pandemia, recomendava a prescrição de remédios como a hidroxicloroquina. Segundo a entidade médica, os receituários com o medicamento foram diminuindo de forma "constante e acentuada". A Hapvida assegura que, neste momento, não receita o composto aos pacientes - por causa, justamente, da inexistência de evidências científicas.
"No passado, havia um entendimento de que a hidroxicloroquina poderia trazer benefícios aos pacientes. No melhor intuito de oferecer todas as possibilidades aos nossos beneficiários, houve uma adesão relevante da nossa rede, que nunca correspondeu à maioria das prescrições. Nas ocasiões em que o médico acreditava que a hidroxicloroquina poderia ter eficácia, sua definição ocorria sempre durante consulta, de comum acordo entre médico e paciente, que assinava termo de consentimento específico em cada caso. Ainda assim, há meses não se observa mais a prescrição dessa medicação nas nossas unidades", lê-se em trecho do texto.
Chapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/AtléticoChapecoense x Atlético: veja fotos do jogo pelo Brasileirão - foto: Pedro Souza/Atlético
No fim de setembro, a Hapvida foi citada por Pedro Benedito Batista Júnior, diretor da Prevent Senior, durante depoimento na CPI da COVID-19. A partir daí, a parceira do Atlético passou a ser tema de reportagens em que médicos relatam terem sido pressionados pela empresa a prescrever medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus, como a hidroxicloroquina e a ivermectina.
Em um vídeo de julho de 2020, o superintendente nacional da Hapvida, o médico cirurgião Anderson Nascimento, defende o uso do coquetel de medicamentos com base no que chamou de 'impressão clínica'. A gravação foi feita durante um evento virtual com a participação de executivos de vários planos de saúde e da secretária de Gestão e Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como "Capitã Cloroquina".
À época, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia constatado e divulgado que a hidroxicloroquina não reduzia a mortalidade e as taxas de internação de pessoas infectadas pelo coronavírus. Mesmo assim, uma campanha impulsionada pelo presidente Jair Bolsonaro fez com que esse e outros medicamentos fossem utilizados sem nenhuma comprovação científica.
foto: Divulgação/Atlético
Antes, Premium Saúde tinha a logo estampada na camisa
Outros casos
Recentemente, outras empresas associadas ao Atlético foram alvos de investigações. No início de 2020, o clube decidiu não renovar a parceria com o Azeite Royal, iniciada no ano anterior. À época, reportagem publicada pela Agência Sportlight revelou que Eduardo Giraldes, dono da empresa no Brasil, era investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) acusado de integrar uma quadrilha que atuou na falsificação e clonagem de cartões de crédito.
Em 2019, o Atlético pôs fim a um contrato que durava mais de um ano com a Universidade Brasil. Dono da empresa, José Fernando Pinto da Costa foi preso durante a operação Vagatomia, que investiga venda de vagas no curso de medicina e outras fraudes. Ainda naquele ano, o empresário conseguiu um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas segue afastado do cargo de reitor.
Arena MRV tem previsão de ficar pronta no fim do ano que vem - foto: Arthur William/Agência EspacialArena MRV tem previsão de ficar pronta no fim do ano que vem - foto: Arthur William/Agência EspacialArena MRV tem previsão de ficar pronta no fim do ano que vem - foto: Arthur William/Agência EspacialArena MRV tem previsão de ficar pronta no fim do ano que vem - foto: Arthur William/Agência EspacialArena MRV tem previsão de ficar pronta no fim do ano que vem - foto: Arthur William/Agência EspacialArena MRV tem previsão de ficar pronta no fim do ano que vem - foto: Arthur William/Agência EspacialArena MRV tem previsão de ficar pronta no fim do ano que vem - foto: Arthur William/Agência EspacialArena MRV tem previsão de ficar pronta no fim do ano que vem - foto: Arthur William/Agência EspacialArena MRV tem previsão de ficar pronta no fim do ano que vem - foto: Arthur William/Agência EspacialArena MRV tem previsão de ficar pronta no fim do ano que vem - foto: Arthur William/Agência EspacialArena MRV tem previsão de ficar pronta no fim do ano que vem - foto: Arthur William/Agência EspacialArena MRV tem previsão de ficar pronta no fim do ano que vem - foto: Arthur William/Agência EspacialArena MRV tem previsão de ficar pronta no fim do ano que vem - foto: Arthur William/Agência Espacial