O empresário Ronaldo, dono de 90% das ações da SAF da Raposa, é o principal interessado em assumir o Mineirão em caso de rescisão de contrato entre o governo e a Minas Arena. Para isso ocorrer, o Estado precisaria romper a concessão da atual administradora e indenizá-la. O dinheiro viria de uma nova licitação que pode ser feita em 2023.
Este seria um bom negócio para Ronaldo e, consequentemente, para o Cruzeiro? O professor Ivan Beck Ckagnazaroff, do Departamento de Ciências Administrativas da UFMG, diz que só um estudo de viabilidade financeira responderia a essa pergunta.
"É porque você pode ter crise econômica ou crescimento econômico, pode ter o fortalecimento ou a decadência do esporte como mercadoria, no sentido de atrair investimentos e público, pode ter o fortalecimento ou a frustração a depender do desempenho do Cruzeiro na Série A, pode ter o aumento ou diminuição de eventos culturais no estádio, que terá um novo concorrente (Arena MRV), é um conjunto amplo que precisa ser bem avaliado antes de fazer o investimento", disse.
A partir do ano que vem, o Mineirão terá a Arena MRVcomo um novo concorrente no setor cultural. O estádio do Galo contará com uma ampla esplanada, além de espaços internos para eventos. Outro novo player no setor será o Mineirinho, que foi repassado à iniciativa privada por 35 anos para revitalização e exploração comercial.
O professor Ckagnazaroff, que fez doutorado na Aston Business School, no Reino Unido, acredita que Ronaldo precisará de parceiros para entrar no negócio, o que não seria simples.
"Do ponto de vista do investidor, o Ronaldo necessita, além das suas empresas, de apoio fortíssimo para investir R$ 400 milhões em um estádio de futebol. Pelo que a gente observa na imprensa, o Ronaldo não me parece um empresário que faça um negócio sem conhecer bem os riscos", destacou.
No dia 15 de junho deste ano, Ronaldo se reuniu com o governador Romeu Zema (Novo) e com o secretário Fernando Marcato na sede do BDMG, em Belo Horizonte, e tratou exatamente desse tema.
O governo de Minas Gerais tem como objetivo parar de gastar com a Minas Arena. Até hoje, mais de R$ 1 bilhão já foi pago à concessionária que reconstruiu e administra o estádio. Os repasses são previstos à operadora até 2037.
"Acredito que o governo fez um estudo de cenários futuros e entende que vale a pena pagar a multa rescisória, com o valor dessa nova licitação, e licitar um novo administrador para o estádio. Mas é preciso que este novo contrato público seja realizado de forma a colocar o interesse público em primeiro lugar e que não seja nocivo às contas públicas. Este primeiro contrato parece que, de fato, não foi bom para o estado, conforme a gente vê na imprensa e a própria atitude do governo em querer rompê-lo mostra isso", disse o professor Ivan Beck Ckagnazaroff.
Em contato com a reportagem, a Minas Arena preferiu não se pronunciar.