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Cruzeiro: é bom negócio para Ronaldo gerir Mineirão? Especialista opina

Dono de 90% das ações da SAF da Raposa é o principal interessado em assumir o estádio em caso de rescisão de contrato entre o governo e a Minas Arena

02/09/2022 14:30 / atualizado em 02/09/2022 19:08
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Ronaldo já encontrou com o governador Zema e discutiu o assunto
foto: Divulgação

Ronaldo já encontrou com o governador Zema e discutiu o assunto

O empresário Ronaldo, dono de 90% das ações da SAF da Raposa, é o principal interessado em assumir o Mineirão em caso de rescisão de contrato entre o governo e a Minas Arena. Para isso ocorrer, o Estado precisaria romper a concessão da atual administradora e indenizá-la. O dinheiro viria de uma nova licitação que pode ser feita em 2023.



Este seria um bom negócio para Ronaldo e, consequentemente, para o Cruzeiro? O professor Ivan Beck Ckagnazaroff, do Departamento de Ciências Administrativas da UFMG, diz que só um estudo de viabilidade financeira responderia a essa pergunta.

"É porque você pode ter crise econômica ou crescimento econômico, pode ter o fortalecimento ou a decadência do esporte como mercadoria, no sentido de atrair investimentos e público, pode ter o fortalecimento ou a frustração a depender do desempenho do Cruzeiro na Série A, pode ter o aumento ou diminuição de eventos culturais no estádio, que terá um novo concorrente (Arena MRV), é um conjunto amplo que precisa ser bem avaliado antes de fazer o investimento", disse.

A partir do ano que vem, o Mineirão terá a Arena MRV como um novo concorrente no setor cultural. O estádio do Galo contará com uma ampla esplanada, além de espaços internos para eventos. Outro novo player no setor será o Mineirinho, que foi repassado à iniciativa privada por 35 anos para revitalização e exploração comercial.

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O professor Ckagnazaroff, que fez doutorado na Aston Business School, no Reino Unido, acredita que Ronaldo precisará de parceiros para entrar no negócio, o que não seria simples.

"Do ponto de vista do investidor, o Ronaldo necessita, além das suas empresas, de apoio fortíssimo para investir R$ 400 milhões em um estádio de futebol. Pelo que a gente observa na imprensa, o Ronaldo não me parece um empresário que faça um negócio sem conhecer bem os riscos", destacou.

No dia 15 de junho deste ano, Ronaldo se reuniu com o governador Romeu Zema (Novo) e com o secretário Fernando Marcato na sede do BDMG, em Belo Horizonte, e tratou exatamente desse tema. 

O governo de Minas Gerais tem como objetivo parar de gastar com a Minas Arena. Até hoje, mais de R$ 1 bilhão já foi pago à concessionária que reconstruiu e administra o estádio. Os repasses são previstos à operadora até 2037.



"Acredito que o governo fez um estudo de cenários futuros e entende que vale a pena pagar a multa rescisória, com o valor dessa nova licitação, e licitar um novo administrador para o estádio. Mas é preciso que este novo contrato público seja realizado de forma a colocar o interesse público em primeiro lugar e que não seja nocivo às contas públicas. Este primeiro contrato parece que, de fato, não foi bom para o estado, conforme a gente vê na imprensa e a própria atitude do governo em querer rompê-lo mostra isso", disse o professor Ivan Beck Ckagnazaroff.

Em contato com a reportagem, a Minas Arena preferiu não se pronunciar.

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