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SOLIDARIEDADE

'Time' de torcedores vai junto à barbearia raspar a cabeça para dar força a amigo com câncer

Auxiliar administrativo que foi diagnosticado com tumor no estômago recebeu a surpresa

postado em 10/09/2018 16:00 / atualizado em 10/09/2018 16:48

Arquivo pessoal
O time entra em cena. Vestindo camisas de Atlético e Cruzeiro, um a um, aplaudidos e aclamados por seus nomes. Poderia ser a descrição de uma história ocorrida num estádio de futebol. Mas os personagens, neste caso, não são profissionais da bola. Trata-se de um grupo de amigos do auxiliar administrativo Felipe Silveira, de 33 anos, diagnosticado com câncer no estômago, que se uniram pela causa do parceiro.

Como um dos efeitos colaterais do tratamento contra a doença é a queda de cabelo, Felipe se viu obrigado a raspar a cabeça. O que ele não contava era com a surpresa preparada pelos amigos. Para darem força ao atleticano Felipe, sua turma compareceu à mesma barbearia no sábado (08/09), no Bairro São Caetano, divisa entre os municípios de Contagem e Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Todos rasparam o cabelo no mesmo dia.


Descoberta da doença


Felipe conta que tomou conhecimento da doença por acaso. Há alguns meses, ele começou sentir uma sensação estranha quando comia.


“Uma vez ou outra na semana, quando começava a comer algo, me sentia cheio e, minutos depois, conseguia terminar a refeição. Resolvi fazer uma endoscopia e descobri o tumor, com cerca de três centímetros”, relata.


A ideia dos médicos era operá-lo o quanto antes, mas o procedimento teve que ser adiado. Isto porque os exames constataram um fato novo.

“Eu iria fazer a cirurgia imediatamente, mas os médicos descobriram um cisto no pulmão, que pode ser reflexo da doença. Aí resolveram começar a quimioterapia, que deve durar uns 3 meses. Em dezembro ou janeiro devo fazer a cirurgia principal, que é a retirada total do estômago. Os médicos vão ligar o esôfago diretamente no intestino. Como a digestão passará a ser feita toda no intestino, terei que passar por uma readaptação alimentar, comendo menores porções de comida, mais vezes ao dia”, conta o rapaz.


Arquivo pessoal
Time na barbearia


Assim que descobriram a doença de Felipe, seus amigos se juntaram e, em segredo, começaram a se organizar.


“Quando descobriram que eu estava doente, criaram um grupo de Whatsapp, sem eu saber. Era uma forma de minha família dar notícias minhas a eles de forma mais rápida, sem que eles tivessem que me ligar, já que a quimioterapia traz um desconforto e uma sensação de cansaço muito grande”, disse.


No começo, Felipe demonstrou certa resistência em ‘sacrificar’ os cabelos dos companheiros. Mas, não teve jeito. A parceria falou mais forte.


“Num dia, meu pai avisou no grupo que eu estava triste, porque meu cabelo estava caindo e eu teria que cortar tudo. Nesse momento eles me adicionaram ao grupo e me falaram que iriam raspara a cabeça junto comigo. Na hora eu falei que não precisava, mas eles insistiram”, disse ele.


Luta contra a doença


Até o momento, Felipe não precisou de ajuda financeira externa para custear seu tratamento, que está sendo coberto pelo plano de saúde.


“Não estou pedindo nada para mim, porque o plano de saúde da empresa onde trabalho está cobrindo meu tratamento e vai pagar a cirurgia. Sou auxiliar administrativo, e quando o pessoal ficou sabendo da minha situação, eles conseguiram melhorar meu plano de saúde. Teria direito apenas à internação em enfermaria, mas conseguiram que eu possa fazer a cirurgia e ficar em um apartamento, já que devo ficar por volta de 10 dias no hospital para ser operado”, contou.


Arquivo pessoal
Corrente do bem


Como Felipe recebeu assistência do plano de saúde para seu tratamento, aproveitou a reunião e a movimentação dos amigos para fazer boas ações para outras pessoas, juntar quem estava afastado e eliminar inimizades.


“A gente ainda aproveitou para ajudar outras pessoas. Pedi aos meus amigos que viessem à barbearia que trouxesse um quilo de alimento e um litro de leite, que a gente doou pra Sociedade São Vicente de Paulo. No dia da minha cirurgia principal, a gente quer fazer uma arrecadação maior pra ajudar mais gente. Tem pessoas em Belo Horizonte que abrem suas casas para pacientes que vêm do interior fazer tratamento de saúde na capital e não têm onde ficar. Eles precisam muito de fraldas e alimentos. Quero ver se consigo ajudá-los.”


As boas ações praticadas por Felipe e seus amigos têm sido benéficas até mesmo de maneira involuntária, como conta o atleticano.


“Estou conseguindo fazer do limão uma limonada. Estou tendo muito retorno positivo com essa história. Amigos que não se encontravam, por causa da correria do trabalho, agora estão mais próximos. Tem duas barbearias concorrentes aqui em frente à minha casa. Eles nem se falavam, mas quando souberam da iniciativa da minha turma, resolveram se unir”, afirmou.


Durante a entrevista, Felipe deu um belo exemplo de como lidar com as adversidades da vida, se mostrando bem humorado, esperançoso e grato.


“Quero agradecer à Verônica, minha namorada. Mais do que nunca estou vendo como ela gosta de mim. Agradeço também à minha família e aos meus amigos. Nem sei nem o que dizer sobre eles”, disse.

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