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Peng Shuai volta a negar agressão sexual, em entrevista ao jornal L'Equipe

Tenista chinesa afirmou aos jornalistas nunca ter dito que alguém a fez sofrer agressão sexual e que apagou as postagens referentes ao tema "porque quis"

07/02/2022 08:48 / atualizado em 07/02/2022 09:22
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A tenista chinesa Peng Shuai e o ex-vice-primeiro-ministro chinês Zhang Gaoli, a quem ela acusou, em novembro do ano passado, de abuso sexual
foto: Paul CROCK e Alexander ZEMLIANICHENKO / AFP

A tenista chinesa Peng Shuai e o ex-vice-primeiro-ministro chinês Zhang Gaoli, a quem ela acusou, em novembro do ano passado, de abuso sexual

A tenista chinesa Peng Shuai se reuniu com o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, no sábado durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim'2022. O encontro foi reveldo pela atleta em entrevista o jornal esportivo L'Equipe, na qual ela novamente negou ter sofrido agressão sexual, denunciada por ela mesma em novembro do ano passado.

Em um "jantar" no "sábado, pudemos conversar de forma agradável", disse a Peng Shuai, de 36 anos, na entrevista publicada nesta segunda-feira. "Ele perguntou se eu pensava em voltar a competir, quais eram meus projetos, o que prevejo, etc.", explicou Peng na conversa com dois jornalistas do L'Equipe, em um hotel dentro da bolha olímpica de Pequim.

Na publicação do início de novembro do ano passado, no Weibo – equivalente chinês do Twitter –, Peng havia escrito "Por que você me levou para sua casa e me forçou a ter relações com você?". O registro foi apagado. Ela também relatou ter tido um relacionamento consensual com o ex-vice-presidente chinês Zhang Gaoli.

O post levou a Associação de Tênis Feminino (WTA) a suspender torneios na China e causou um clamor internacional sobre a segurança de Peng.

Foi a primeira entrevista da atleta a um meio de comunicação internacional independente desde novembro. Peng desmentiu que tenha denunciado uma "agressão sexual". "Agressão sexual? Eu nunca disse que alguém me fez sofrer qualquer agressão sexual", insistiu. 

Ao ser questionada sobre o motivo de a mensagem de denúncia ter sido apagada, ela respondeu apenas "porque eu quis assim".

A tenista ainda disse que "nunca desapareceu", depois que passou várias semanas sem aparecer em público após denunciar, em novembro do ano passado em uma rede social, que teve uma relação sexual forçada durante anos com um dirigente do regime chinês.

"Simplesmente muitas pessoas, como meus amigos e pessoas do COI, me enviaram mensagens e foi impossível responder tantas mensagens. Mas com meus amigos próximos ainda estou em contato, falei com eles, respondi suas mensagens, e também com a WTA", acrescentou.

Após a denúncia, a atleta apareceu apenas em alguns vídeos nos quais assistia a eventos esportivos, o que não foi suficiente para dissipar os temores sobre sua total liberdade de movimentos.

Na época, ela reapareceu em uma conversa por videoconferência com Thomas Bach em 21 de novembro.

Explicações


A Associação de Tênis Feminino (WTA) e tenistas do circuito pediram explicações da China sobre a situação de Peng após a denúncia. A WTA mantém o posicionamento.

Na quinta-feira, dois dias antes do encontro de Bach e Peng, o COI afirmou que "apoiaria" a tenista se ela decidisse exigir a abertura de uma investigação sobre a denúncia de uma relação sexual forçada.

"Se ela quer uma investigação (sobre as acusações), certamente a apoiaremos, mas a decisão deve ser dela, é a vida dela, são as acusações dela", declarou Bach em uma entrevista coletiva na véspera da cerimônia de abertura dos Jogos de Pequim.

O COI confirmou em um comunicado que Bach e a ex-nadadora Kirsty Coventry, integrante do COI, se reuniram com Peng, e destacaram que a tenista compareceria a vários eventos dos Jogos de Pequim.

"Os três concordaram que qualquer comunicação sobre o conteúdo da reunião ficaria a critério (de Peng)", segundo o comunicado. 

A entidade olímpica informou que o COI reiterou o convite para que ela visite a sede olímpica na Suíça.


'Uma garota normal'


"Minha vida tem sido como deveria ser: nada de especial", comentou a tenista ao ser perguntada sobre sua vida desde novembro.

"Primeiro eu gostaria que as pessoas realmente entendessem quem eu sou: sou uma garota normal, uma tenista perfeitamente comum. Às vezes estou calma, às vezes feliz, às vezes triste. Posso ficar muito estressada ou sob muita pressão (...) Todos os sentimentos e reações que as mulheres têm, eu também sinto", disse. 

Na entrevista, Peng Shuai anunciou o fim de sua carreira profissional, exceto, talvez, "em uma equipe de veteranas", afirmou com um sorriso.

"O tênis mudou completamente minha vida, me deu alegrias, desafios e muito mais (...) Mesmo que não participe mais em competições profissionais, eu sempre serei uma jogadora de tênis".




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