
Minas Gerais é um dos maiores celeiros do país quando se fala de vôlei. Ou os atletas nasceram no estado ou jogaram por nossas equipes. Um mineiro da gema que andava sumido continua a fazer das suas. Gilson Bernardo, o Mão de Pilão, hoje com 45 anos, jogou o último mundial Master, pelo Oásis, de BH, disputado em Turim, na Itália, conquistando o vice-campeonato.
O Olympico, do Bairro da Serra, foi seu primeiro clube. Foi lá onde deu os primeiros toques da bola e onde levou os primeiros xingamentos. “Nasci na Vila São Paulo. Não me lembro quem extamente, mas fui com amigos, para o Olympico. Meu técnico era o Marcos Lerbach e o preparador físico, o Julinho. Lembro que o Lerbach me xingava muito, porque eu fazia as coisas erradas nos jogos e treinos. Mas confesso que isso me ajudou muito.”
O jogador não ficou em Minas. Aliás, nunca jogou por outra equipe da terra. No Olympico, defendeu o time juvenil. Daí, foi levado para o Palmeiras, primeiro, e de lá se transferiu para a Frangosul. Depois foi jogar na Ulbra, quando sagrou-se bicampeão da Superliga Nacional. E do Rio Grande do Sul, acabou seguinto para o Suntory Sunbirds, do Japão, onde jogou por cinco anos. “Acho que fiz a minha carreira longe de casa. Essa minha passagem pelo Japão foi muito importante. Fui eleito o melhor jogador do Campeonato Japonês. Trago isso como orgulho.” Jogou também na Grécia, por duas vezes, no Ethnikos e Patras; na Itália, pelo Andreoli, e França (Tourcoing), mas para ele o Japão é que realmente fez com que evoluísse.
OLIMPÍADA Chegou à Seleção Brasileira. Lamenta ter participado de apenas uma Olimpíada, a de Atlanta’1996. “Eu estava no grupo que foi a Barcelona’1992. No entanto, reconheço que o Pampa estava melhor que eu e ainda havia o Kid, em grande forma. Eu, pra piorar as coisas, ainda me contundi. Sofri uma torção séria no tornozelo esquerdo e acabei cortado. Era pra ter sido campeão olímpico. Mas não fui. Em Atlanta não formos bem. Não brigamos por medalhas.”
Nesse período, pela Seleção, jogou várias vezes em Belo Horizonte. “Lembro da gente treinando no Clube dos Oficiais da Polícia Militar, onde depois dos treinos, íamos para o trampolim, saltar na piscina. O Tande era sempre o mais animado. E treinamos e jogamos, também, no Mineirinho, pela Liga Mundial.”
Na época de jogador, ele se aventurou também como empresário. Tinha, em BH, uma confecção de roupas, a “Mão de Pilão”. “Mas tive de abandonar a ideia, quando fui para o Japão. Não podia estar perto, para controlar, e achei melhor fechá-la.”
Gilson conta que ter voltado a jogar um Mundial, mesmo que Master, foi importante, pois o fez sentir, novamente, a emoção da quadra. “Eu tinha parado de jogar, em 2010, na Ulbra, no interior de São Paulo. Lá cheguei até mesmo a ser dirigente. Depiois, fui estudar. Fiz Gestão Aplicada em Esporte, depois Marketing, Relacionamento Empresarial e Gestão para Renovação e Liderança.”
Tudo isso, ele afirma que aplica hoje, em sua empresa, em Porto Alegre, onde vive, especializada em vôlei e judô paraolímpico. “É um trabalho assistencial, que chega ao vôlei de competição, o Vôlei Sul Paquetá, que este ano disputará a Superliga B. Sou o treinador.”
No Mundial de Turim, lamenta a única derrota, na final. “Estreamos ganhando de uma Seleção Paulista, por 2 a 0. A fase classificatória era em três sets. Depois perdemos para a Ucrânia (2 a 1), ganhamos do Canadá (2 a 0) e Rússia (2 a 1). Nas semifinais batemos o Canadá, novamente por 2 a 0. Mas perdemos a final por 3 a 0.”
SONHO Mas ainda resta um sonho para que o cruzeirense Gilson, que festeja o terceiro título brasileiro de seu time do coração – “sou cruzeirense mesmo estando longe de casa”. Ele quer ter a oportunidade de ser técnico de uma equipe mineira. “Isso falta. Não tive a oportunidade de jogar por um time da minha terra, então, me resta ser técnico.” Ele não se esquece de BH. “Minha família está toda em Minas. Minha irmã Sônia é quem vem mais me ver. Ela liga para avisar e mando um recado: ‘Não vai esquercer de trazer um queijinho não. Sou louco por queijo.”
PERFIL
Gilson Alves Bernardo
45 anos (20/2/1968 - Belo Horizonte)
Posição: oposto
Começou a carreira no Olympico (BH)
Defendeu a Seleção Brasileira por cinco anos (1992 a 1997)
» Times
• Olympico (1992/93)
• Palmeiras (1993/94)
• Frangosul (1994/95)
• Suzano (1995/96)
• Chapecó (1996/97)
• Ulbra (1997/99, 2005/06 e 2009/10)
• Suntory Sunbirds (1999/2004)
• Ethnikos-GRE (2004/05)
• Patras-GRE (2006/07)
• Andreoli-ITA (2007/08)
• Tourcoing-FRA (2008/09)
» Títulos
• Superliga
1998/1999/2000
• Copa Brasil
1996
• Copa Sul
1997
• Campeonato Japonês
1999 a 2004