Vôlei
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RIO 2016

Talento de gente grande

Raulzinho e Lucarelli, ambos de 22 anos, se firmaram no profissional defendendo o Minas na mesma época e, com a experiência internacional, deixaram de ser promessas e se tornaram realidade, capazes de levar o Brasil ao sonhado pódio em casa em 2016

postado em 14/09/2014 09:07 / atualizado em 14/09/2014 09:26

Ivan Drummond /Estado de Minas , Renan Damasceno / Estado de Minas

JANEK SKARZYNSKI/AFP


Entre os vários veteranos das Seleções Brasileiras de Vôlei e Basquete, dois mineiros com cara de meninos, mas com experiência e atuações de gente grande, têm se firmado como peças fundamentais dos dois times para os Jogos Olímpicos do Rio’2016. Os dois mundiais masculinos – o de basquete termina hoje, o de vôlei no próximo domingo – serviram de afirmação para o ponteiro Ricardo Lucarelli, maior pontuador da equipe do técnico Bernardinho, na Polônia, e para o ala Raulzinho, que brilhou na vitória histórica da equipe de Rubén Magnano sobre a Argentina, nas oitavas de final, na Espanha. Raulzinho e Lucarelli, ambos de 22 anos, se firmaram no profissional defendendo o Minas na mesma época e, com a experiência internacional, deixaram de ser promessas e se tornaram realidade, capazes de levar o Brasil ao sonhado pódio em casa.

Ritual para ver o filho

Goleiro de handebol, jogador de futsal, acostumado à terra e ao cimento de campos e quadras de Contagem, onde nasceu. Mas foi no vôlei que se destacou. Saiu do Méritus, onde começou, para a Seleção Mineira, e depois o Minas. Chegou à Seleção Brasileira e é hoje o destaque da equipe na disputa do Campeonato Mundial Masculino de Vôlei, na Polônia.

Hoje, joga pelo Sesi-SP. Tem contrato até o maio de 2015. Já existem equipes europeias querendo contratá-lo. Mas a vida ainda está em Contagem, onde estão aos pais, Ricardo e Rosa, seus maiores torcedores. Apesar de não viver mais na cidade, sua presença é constante. Seja em quadros, troféus, medalhas, ou qualquer objeto que faça os pais se lembrarem dele. Assistir ao filho jogar acaba sendo um verdadeiro ritual na casa dos Lucarelli.

Rosa mantém uma bandeira do Brasil esticada na janela da sala. Em frente à TV, um sofá preparado por ela. “Sempre coloco, na parte do meio, duas camisetas dele, da Seleção. Tenho de sentar do lado direito e o Ricardo fica na esquerda. Se ele não pode vir, o lugar fica vazio. Outro dia, meus cunhados vieram para cá ver o jogo. O Ronan sentou no lugar do Ricardo. Quando ia começar mandei ele sair. Os lugares em frente da TV são sagrados.”

Ricardo, o pai, também tem suas manias. Ele senta e sempre estica as pernas para baixo, mas a perna esquerda tem sempre de ficar por cima da direita. Mas o ritual da mulher não se atém à sala de estar. “É verdade. Antes do jogo mando uma mensagem pelo celular. Vou ao quarto, coloco o quadro da equipe, acendo uma vela junto da imagem de Nossa Senhora Aparecida e rezo pedindo ajuda. Só aí venho para a sala.”

(Marcos Michelin/EM/D.A Press


Peneira

O passado está sempre na lembrança de Ricardo. “Ele era goleiro de handebol e sempre voltava sujo. Não tinha medo de pular na bola. Era bom de defesa. Quando foi para o vôlei, não tinha problema com isso. Chegou à Seleção Mineira e depois a Brasileira. Lembro-me de que uma vez, depois de um Brasileiro de Seleções, nem voltou para casa, foi direto para a Seleção. Eram 50 atletas. Havia folga de 15 em 15 dias. Aí perguntava. Vai ficar? Da primeira vez saíram 20 e ele ficou. Na outra cortaram 10. E ele lá. Da terceira vez ficaram 14, com ele no meio, para ir 12 ao Sul-Americano. E o Lucarelli foi.”

O pai se recorda de quando o filho subiu do juvenil para o adulto do Minas. “Os auxiliares técnicos eram o Douglas e o Pelé. O Lucarelli tinha uma deficiência de bloqueio. Aí, disse para o Douglas, ex-campeão olímpico e meio de rede, que era só ele ensinar, o resto era com o Pelé.

Pai e mãe dizem que esperavam que o filho alcançasse o sucesso. “Sempre achei que ele seria um grande jogador”, diz Ricardo. Rosa diz que tinha medo de que desse errado. “O Ricardo sempre incentivou mais, mas eu sofro mais.”

O COMEÇO

O Méritus, de Contagem, foi o primeiro time de Lucarelli. Geraldo Corgozinho era o técnico. Começou tarde, com quase 15 anos. Mas lá despontou e chegou à Seleção Mineira infantojuvenil. O treinador era um dos maiores nomes do nosso vôlei, ninguém menos que Pelé, que não perdeu tempo. Levou-o para o Minas. Em seis anos, o ponteiro deixou de ser um jogador de uma equipe do interior para se transformar em destaque da Seleção Brasileira em um Mundial. “Ele é um jogador de grande potencial. Na época, ao comandá-lo na Seleção, não tive dúvidas em falar com o supervisor do MTC, o Belfort, que tínhamos de levá-lo para o clube. Fizemos isso. Hoje ficou feliz em ver a evolução dele e também a importância que tem na Seleção”, diz Pelé, hoje vereador em BH. E orgulho também é o que sente o meio de rede Otávio, do Minas. “Sei do começo dele. Estávamos juntos. Somos amigos. E fico feliz em ver que ele evoluiu e que hoje é peça-chave na Seleção.” (ID)

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