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Cruzeiro envia reclamação à FIVB sobre transferência 'abominável' de Simon

Cubano deixou clube sem pagamento da multa para reforçar time italiano

postado em 06/08/2018 09:39 / atualizado em 06/08/2018 10:21

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

O Cruzeiro enviou reclamação à Federação Internacional de Voleibol (FIVB) a respeito da ida de Simon para o Lube Civitanova. No documento, o time mineiro questiona os métodos utilizados pelo jogador cubano e o clube italiano na negociação. O central tinha vínculo com a equipe celeste até 2019, mas acertou a transferência sem o pagamento da multa contratual.

“Em respeito aos mais de oito milhões de torcedores cruzeirenses, que se sentiram desrespeitados no caso de abandono protagonizado pelo atleta Simon, com a co-responsabilidade do clube italiano Lube Civitanova, o Cruzeiro apresentou na última semana uma reclamação à FIVB. No documento foram relatados os métodos utilizados pelo atleta e o clube italiano para tentarem conseguir o desligamento sem o pagamento da multa contratual. A reclamação apresentada na FIVB pelo departamento jurídico do clube visa também a responsabilização do Lube pela ruptura do contrato, com o uso de recursos abomináveis para conquistar a adesão do atleta. O contrato com o atleta prevê uma multa para o caso de rescisão, em condição de reciprocidade. Tanto o atleta quanto o clube, ao rescindir, se obrigariam à mesma penalidade. O Cruzeiro notificou prontamente o Civitanova, que respondeu que não tinha interesse no atleta para a temporada 2018/2019, e que sabia que o jogador tinha contrato com o time brasileiro para a atual temporada. Mas, posteriormente o Lube anunciou a “contratação” do atleta sem procurar qualquer entendimento”, dizem trechos do comunicado divulgado pelo Cruzeiro, nesse domingo.

O Cruzeiro chegou a notificar  Simon para que se reapresentasse ao elenco na volta da atual temporada. Porém, o jogador alegou que deixaria o clube por não receber salários e que não pagaria a multa rescisória à equipe, avaliada em R$ 1,5 milhões. O cubano já teria interesse em ir para a Itália, onde conseguiria a naturalização para sua filha.

 O Civitanova anunciou que Simon assinou um contrato de dois anos. No novo time, ele se juntará ao seu antigo parceiro na Raposa, o ponteiro cubano Leal. Além do ex-cruzeirense, o central ainda estará ao lado do compatriota Juantorena.

Contratado pelo Cruzeiro em 2016, Simon conquistou duas Superligas pelo clube (2016/17 e 2017/18). Na bagagem do jogador ainda há os títulos de Supercopa, Copa do Brasil, Campeonato Mineiro, Sul-Americano e Mundial. Além das conquistas coletivas, o atleta ainda recebeu o prêmio de Most Valuable Player - MVP (Jogador mais valioso) do Sul-Americano de 2018, conquistado pelo clube mineiro.

Leia, na íntegra, o comunicado do Cruzeiro sobre o caso

Em respeito aos mais de oito milhões de torcedores cruzeirenses, que se sentiram desrespeitados no caso de abandono protagonizado pelo atleta Simon, com a co-responsabilidade do clube italiano Lube Civitanova, o Cruzeiro apresentou na última semana uma reclamação à FIVB. No documento foram relatados os métodos utilizados pelo atleta e o clube italiano para tentarem conseguir o desligamento sem o pagamento da multa contratual.

A reclamação apresentada na FIVB pelo departamento jurídico do clube visa também a responsabilização do Lube pela ruptura do contrato, com o uso de recursos abomináveis para conquistar a adesão do atleta.

Simon chegou ao Cruzeiro após duas temporadas em que atuou como oposto na Coreia e deteriorou os joelhos, em um estado preocupante. O time cruzeirense o acolheu, garantiu-lhe três anos de contrato, como foi solicitado, apesar da incerteza e da situação dele ser de relevante risco. Na primeira temporada o desempenho do atleta foi abaixo daquilo que a fama dele anunciava. Simon foi poupado no início daquela temporada, recebeu atenções especiais em um dos melhores centros médicos do mundo para retornar aos níveis de alta competitividade, o que atingiu no segundo ano, após intensos esforços assumidos pelo clube.

Exatamente nesse momento ele decidiu se desligar do Cruzeiro, sem dar previamente qualquer aceno do desejo de encerrar seu compromisso assinado no Brasil, que vai até 31/05/19. Simon manifestou, pouco antes do início dos trabalhos da nova temporada – tirando do clube qualquer previsão de planejamento – que estava assumindo contrato com outro clube na Itália. Foi um golpe duro para o Cruzeiro, pois logo após a conquista do hexacampeonato da Superliga, em maio, Simon falou do desejo de se naturalizar brasileiro, concomitantemente com o nascimento próximo de uma filha, fruto da união com uma brasileira.

O Cruzeiro planeja suas temporadas com antecedência. A direção tentou levar o atleta a refletir que estaria abandonando um clube três vezes campeão mundial e deixando intempestivamente um ambiente que o acolheu em um momento de dificuldades. Apesar de estar recebendo um dos maiores contratos do vôlei mundial foi oferecido a Simon mais um aumento. E ele manteve a decisão exigindo ser liberado, sem pagamento de multa, e avisando que se isso não acontecesse deixaria de se aplicar para manter seu melhor rendimento.

O contrato com o atleta prevê uma multa para o caso de rescisão, em condição de reciprocidade. Tanto o atleta quanto o clube, ao rescindir, se obrigariam à mesma penalidade. O Cruzeiro informou que não poderia se opor se fosse paga a multa rescisória, obrigação esta que Simon deveria tomar em conjunto com o Lube Civitanova, já que o clube italiano o contratou ciente da obrigação.

O Cruzeiro notificou prontamente o Civitanova, que respondeu que não tinha interesse no atleta para a temporada 2018/2019, e que sabia que o jogador tinha contrato com o time brasileiro para a atual temporada. Mas posteriormente o Lube anunciou a “contratação” do atleta, sem procurar qualquer entendimento.

O Lube informou, via imprensa, que não dispunha de recursos para pagar a rescisão. Ao Cruzeiro, em momento algum adotou as vias éticas de negociação e apenas enviou uma carta de um advogado italiano colocando toda a responsabilidade das ações no atleta e em seu representante legal, uma empresa da Ilha de Malta, apesar de ser o clube italiano o beneficiário direto do rompimento.

Com o objetivo de livrar-se do pagamento da multa, o Lube orientou Simon a contratar um representante na Ilha de Malta, que passou a disparar ameaças e intimidações para o Cruzeiro, sobre notificar a imprensa e entidades brasileiras e internacionais a respeito de fictícias irregularidades, tomando a legislação italiana como base e revelando total desconhecimento da ética.

Em 31 de julho, Simon retornou a Belo Horizonte e se reuniu com a direção do Cruzeiro, acompanhado de um sócio da empresa da Ilha de Malta, e este reiterou as pretensões totalmente descabidas, desconectadas da realidade, ávido por sua “comissão”. E o representante, procurando isentar obsessivamente o Lube, co-responsável na situação embaraçosa do atleta, visando, obviamente, receber uma parcela do quanto o Lube economizaria. E ao que parece, pouco se importando em arrasar a imagem do atleta.

O Cruzeiro repudia a forma subalterna adotada pelo Lube Civitanova, que enredou o atleta e o colocou na posição de mandante de uma farsa, apenas para evitar o pagamento da penalidade que cabe ao Lube.

O Cruzeiro notificou a FIVB e a Federação Italiana de Vôlei sobre a pirataria e a chantagem que se adotam nos bastidores do vôlei italiano, para que possam reprimir com medidas enérgicas esses absurdos.

Lamentamos profundamente que um ícone do vôlei mundial tenha adotado as orientações de quem o explora em seu despreparo.

O clube aguarda um posicionamento da FIVB, o que considera imprescindível para evitar a repetição de caso lamentáveis como o presente.

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