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ESPORTE DE AVENTURA

Rally dos Sertões está com trajeto reduzido à metade e não passa mais pelo sertão

A competição começa em 23 de agosto e corta sete cidades de Goiás e Minas Gerais

postado em 16/08/2014 18:20 / atualizado em 16/08/2014 20:05

Maíra Nunes - Especial para o Correio

Bruno Peres/CB/D.A Press


Reduzido à metade em relação ao ano passado, o Rally dos Sertões de 2014 parte de Goiânia no sábado que vem, com chegada a Belo Horizonte prevista para 30 de agosto. Com três dias a menos de prova, o trajeto não passa pelos sertões do Brasil, mas o espírito sertanejo de percorrer trilhas e cidades pequenas do interior permanece. Neste ano, 10 moradores de Brasília estão entre os 198 competidores. Para arcar com os custos de inscrição, manutenção e toda logística, os pilotos desembolsam cerca de R$ 250 mil por carro — bolada necessária para que seja possível viver sete dias de aventura dentro de um carro que corta sete cidades de Goiás e Minas Gerais em estradas com 2.608km de muita poeira no cerrado.

Em uma rotina desgastante a ponto de os competidores chegarem a perder seis quilos no fim do evento, são estimadas de seis a oito horas por dia dentro dos carros. Isso quando o automóvel não quebra no meio do caminho. Mas, por mais louco que possa parecer, é justamente nos imprevistos que se escondem os encantamentos dos participantes pela competição. Para eles, nos momentos de apuros, quem está acostumado a levar uma vida bastante confortável se equipara ao morador das pequenas cidades de interior. Neste ano, o rali atravessa Caldas Novas e Catalão, em Goiás; e Paracatu, São Francisco e Diamantina, em Minas Gerais.

“Já dormi no chão de um posto de gasolina, nele meu macacão serviu de cama”, lembra o piloto Mauro Guedes. Foi um dia em que o carro quebrou na estrada. Como ele e o navegador demoraram para consertá-lo e chegaram tarde na cidade, o quarto que haviam reservado foi alugado para outro hóspede, porque imaginaram que o piloto e o navegador já não chegariam mais naquele dia. O posto de gasolina foi o único lugar coberto encontrado para passar a noite. “Soube de milionário que teve de bater à porta de uma casa bem humilde, em que uma mulher com uma criança no colo ofereceu um prato de comida ao piloto que havia quebrado o carro”, relata.

Bruno Peres/CB/D.A Press


Mauro Guedes pilota na categoria Pró Brasil. Ao lado dele, o navegador Neurivan Calado, de Maceió, dá as direções. A dupla está na quarta colocação do Campeonato Brasileiro de Rallys. Enquanto um fica com as mãos firmes no volante e os olhos fixos nos obstáculos da estrada, o navegador, ao lado do piloto, sincroniza bússola, mapas e indicações da prova. O trabalho em equipe, para o navegador Rodrigo Mello, mais parece um casamento. “Vai muito do entrosamento entre a dupla. Dentro do carro saem várias brigas feias. Depois, vamos tomar uma cerveja e rir dos causos”, diverte-se.

Um dos pilotos mais experientes no Rally dos Sertões, Elson Cascão II decidiu de última hora participar da competição deste ano. Será a 12ª vez dele. Um dos precursores de Brasília na competição, vai estrear na UTV, categoria que está em ascensão. Em 2013 foram nove automóveis na disputa. Agora, o número subiu para 42.

Pausa

Depois de anos de apuros no Rally dos Sertões, Mauro Guedes optou por comprar um motorhome que o acompanha em todas as cidades que as provas terminam. O trailer bem equipado, com ar condicionado, caixas de som, banheiro, cama e um bom estoque de bebidas e comidas, é a residência dele, de Neurivan, do motorista e de um mecânico durante os dias de competição.

No setor reservado aos carros de apoio dos pilotos, a concentração de cerca de 60 motorhomes atrai moradores das cidades que sediam o evento. A cada dia, eles improvisam uma confraternização com os pilotos, regada a música e churrasco.