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DA ARQUIBANCADA

Exterminador de clássicos

Seu jeito simples, e às vezes calado, se aproxima muito do mineiro. Poderia muito bem se passar por parente de qualquer um de nós

postado em 05/04/2017 12:00 / atualizado em 05/04/2017 08:18

Ramon Lisboa/EM D.A Press


Há alguns anos, conversando com o Leonardo, que foi lateral da Seleção Brasileira, perguntei sobre a contratação do jogador Alexandre Pato pelo Milan. Uma negociação que chamou a atenção por ele ser muito novo e prometendo um grande futuro. Nunca duvidei de suas qualidades técnicas, mas até hoje me pergunto qual será o motivo da sua falta de competitividade. Um jogador que teve tudo nas mãos, mas nunca demonstrou a fome de bola dos grandes vencedores. Mais um fator imponderável deste esporte fascinante.

Cada dia que passa, o futebol destina seus esforços para que as habilidades individuais sejam minimizadas, criando jogadores perfeitos no aspecto físico e obedientes taticamente. Os dirigentes buscam minimizar o imponderável para que os jogadores, cada vez mais, estejam sob seu controle. Ao contratarmos o nosso camisa 10, fugimos dessas características. Quando chegou, era franzino e muitos olharam com desconfiança. Basta colocar uma foto da época de sua contratação e uma atual para entender o tamanho da mudança. O que vemos agora é um jogador pronto para nos dar muitas alegrias.

A camisa azul celeste parece lhe dar energia, sempre deixando um presente amargo para a zebrinha do bairro de Lourdes. Se a camisa listrada de preto e branco é o motivo de tanta motivação, temos que pedir aos adversários que utilizem esta combinação de cores.

O Cruzeiro com ele é uma equipe e, sem ele, perde muito. Seu jeito simples, e às vezes calado, se aproxima muito do mineiro. Poderia muito bem se passar por parente de qualquer um de nós. Se demorou para mostrar um futebol com consistência, pouco interessa.

Ele é mais uma prova que não precisa ser gigante ou biônico para mostrar um grande futebol. Ele é nosso Arnold Schwarzenegger, o exterminador de clássicos.

Quando chegou para ocupar o lugar do Everton Ribeiro foi colocada uma pressão muito grande sobre o seu futebol. Se por um lado as expectativas demoraram para concretizar, por outro os nossos problemas internos acabaram dando-lhe mais tempo para amadurecer.

Ainda estou sob o efeito da vitória no clássico. O que me deixou mais feliz foi que eles não utilizaram a velha desculpa que foram roubados por algum motivo. Mal ficamos sabendo o nome do juiz. Apenas disseram que esse jogo não valia nada.

Usando uma frase do grande escritor uruguaio Eduardo Galeano, “não há nada mais vazio que arquibancadas vazias”. Futebol sem grandes jogos não existe. É por isto que De Arrascaeta gosta de clássicos. Ele é dos nossos e que fique aqui por muito tempo.

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