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Independência... ou purgatório

Entorno do estádio experimenta da festa aos bons negócios em dias de jogos, rivalizando com a reclamação de moradores sobre a dificuldade de circulação, sujeira e vandalismo

Jefferson da Fonseca Coutinho - Estado de Minas

Publicação:

14/08/2012 08:16

 

Atualização:

14/08/2012 11:27

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
A poluição é um dos maiores reflexos das partidas realizadas no Gigante do Horto

Uma comunidade dividida. Não em cores, pela paixão que faz retumbar a alma ao redor das quatro linhas, mas pela multidão de torcedores visitantes nos dias de culto à bola. O Estádio Raimundo Sampaio, o Independência, alegria das nações de Atlético, Cruzeiro e América, vem provocando sensações e efeitos opostos: de um lado, tirando o sossego de muita gente e, do outro, fazendo a festa de quem encontrou nas datas de jogos uma excelente oportunidade para faturar. Enquanto há quem se revolte com os impedimentos impostos aos moradores em tardes e noites de futebol, existem os que ganham vendendo bebidas, comidas, bandeiras, camisas, além de aluguel com estacionamento e taxa para uso de banheiro. Fato é que os bairros Horto e Sagrada Família, na Região Leste de Belo Horizonte, não são os mesmos desde que a arena foi reinaugurada, em 25 de abril. Nada contra os times de Minas. A bronca é outra. Parte com o despreparo de agentes públicos no controle do trânsito e um tanto com a falta de educação de um segmento da torcida, responsável por sujeira e depredações.

“Estamos vivendo um toque de recolher. Onde está o meu direito de ir e vir?”, reclama a funcionária pública Sinara Moreira da Silva, de 38 anos, nascida e criada na região. Segundo a moradora, fiscais e policiais andam por demais intolerantes com a comunidade local. “Mesmo credenciados, com o adesivo no carro, somos impedidos de transitar horas antes dos jogos. Estava com remédios para a minha mãe e tive problemas para chegar à minha casa”, lamenta.

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Atleticana apaixonada, feliz da vida com o time nas grimpas, líder isolado do Campeonato Brasileiro, ela não poupa os torcedores que andam fazendo de banheiro o portão da residência onde mora. Revoltada, aponta para os cantos do muro, alvos dos porcalhões. A mãe, a dona de casa Cenira Moreira, de 63, emenda em desabafo: “Estou na porta do inferno, meu filho”. A cena, assim como os pedidos de ajuda, se repete pelo quadrante do Independência.

No domingo, o Estado de Minas acompanhou as horas que antecederam a partida entre Atlético e Vasco. Das 12h às 20h, em evidência, o drama e a euforia contagiantes que põem a região pelo avesso. Em campo, embalado, o Galo levou a melhor e abriu folga no topo, para a felicidade dos quase 20 mil presentes. No entorno, dezenas de “sem-ingresso” se ajeitam nos botequins improvisados para não perder o duelo. As garagens se convertem em pontos de venda. Nas sacadas, a vizinhança faz escolhas distintas: alguns lacram as janelas em busca de paz – na medida do possível. Mas há os que comandem churrasco em família e reúnam as amizades para celebrar o movimento. É, literalmente, a festa se opondo ao tormento. Ou o tormento à festa, dependendo de quem contar a história.

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