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Cuca bate de frente com Roger e avisa que, 'no grito', ele não jogará no Cruzeiro

Em longo desabafo, treinador mostrou que o comando é seu, e não do jogador

postado em 25/01/2011 19:22 / atualizado em 25/01/2011 20:17

Jorge Gontijo/EM/D. A Press


O técnico Cuca não quis criar polêmica, mas foi duro na resposta às declarações do meia Roger, que, desde o domingo, após o amistoso com o Uberlândia, queixou-se de ter iniciado o ano como reserva. No momento, os armadores titulares são Montillo e Gilberto.

Visivelmente, o técnico se embasou para falar sobre o assunto, apresentou números e explicou que Gilberto e Montillo são titulares por serem mais completos, do ponto de vista técnico, tático e físico.

Em momento algum o técnico desmereceu as qualidades de Roger, mas bateu de frente com o meia. Com a mesma moeda – a imprensa – Cuca deu uma resposta forte e mostrou que o comando é seu.

”Não tem necessidade disso. Foi um amistoso, o Roger entrou meio tempo e foi bem. Não tem motivo para espernear. Até porque, eu acho que antes de eu chegar, ele estava tendo menos oportunidades com o outro treinador, o Adílson. Então, não tem fundamento. Mas, a mim, cabe administrar como comandante e aproveitar o jogador da melhor forma possível. Desde que ele também esteja disposto a fazer parte de um grupo, porque, no grito, não vai (jogar)”, disse.

Discussão deveria ser interna

Cuca se mostrou chateado pelo fato de Roger ter reclamado da reserva publicamente. Antes da partida com o Uberlândia, o treinador teria procurado o meia para explicar os motivos que lhe fizeram escalar Montillo e Gilberto como titulares.

”Eu também fico surpreso por ele manifestar isso em público. Porque isso foi depois de conversarmos internamente, como eu conversei com ele por um tempo longo. Aqui sempre tem transparência no trabalho. Os jogadores se escalam durante os treinamentos e vocês são testemunhas disso. Os próprios jogadores são testemunhas. Aqui tem competitividade sadia. Isso obriga o companheiro a melhorar”, disse.

Argumentos fortes
Jorge Gontijo/EM/D. A Press

Embora Cuca reconheça que Roger tem uma técnica apurada, sua preocupação é escalar os jogadores mais completos. Nesse sentido, ele vê Montillo e Gilberto à frente. “O jogo não é só beleza técnica, não é só plástica. O físico e a competitividade fazem parte do jogo. Não adianta ter qualidade, se não tem a resistência, a força, a velocidade. Não precisa ser um exímio marcador, é a ocupação, a diminuição do espaço. Isso tudo faz parte do que imagino para o futebol. Dentro desse contexto, eu tenho no meu meio-campo titular o Gilberto e o Montillo. O Gilberto representou a Seleção, dispensa comentários. Ocupa bem o lado esquerdo do campo. O Montillo ocupa a faixa direita e a esquerda também. É um jogador que foi agraciado por vocês como o melhor da competição. Não tem como agradar a todos e não estou aqui para agradar jogador. Estou aqui para escalar o Cruzeiro da melhor forma que eu acho. Para isso, tenho os meus superiores, que me avaliam”, desabafou.

Faltou espírito de grupo

Cuca pediu ao torcedor que aceite suas convicções na montagem do time. É ele que está no dia a dia e que sabe as condições de todos os atletas. Detalhes que vão além da técnica. Para ele, posturas como a de Roger, junto à imprensa, causam mal-estar no grupo e, muitas vezes, jogam torcedores contra atletas que são titulares.

”Quando você pensa no individual, como o Roger pensou - e eu não tiro o direito de ele pensar - você está pressionando o seu companheiro de uma forma indireta. De repente, em 15 ou 20 minutos de jogo, a torcida cobra mais de um ou outro jogador, pela imposição que, de repente, está acontecendo. E não nas quatro linhas e sim fora delas. Isso para mim não serve, o que serve é ali. Sempre vai ter competição e os melhores vão jogar. Inclusive ele, se ele for o melhor. Coisa que hoje não é”, acrescentou o comandante.

Embasamento estatístico

Em determinado momento de sua explanação, Cuca apresentou números. Dos seus 31 jogos no comando do Cruzeiro, em 2010, Roger jogou 26, dez como titular. “Em outras partidas ele esteve machucado. Então, ele esteve em quase 100% dos jogos. Não tem porque estar se queixando. Até porque o futebol é um esporte coletivo. E um time não se faz de 11 jogadores, se faz de grupo, no qual o Roger, no ano passado, foi importante, entrando meio tempo ou jogos inteiros. Não importa o quanto se jogue e sim a maneira”.
Arquivo  - Jorge Gontijo/EM/D.A Press


Com Adílson Batista, em 2010, Roger entrou em 14 jogos.

Posição se ganha em campo

A posição final de Cuca é que Roger terá que ganhar a posição em campo. “Eu não vou resolver os problemas aqui com vocês, eu resolvo é lá dentro. Mas como veio o recado aqui, eu estou dando a resposta aqui. Uma coisa natural, sem problema nenhum para mim. Vou continuar utilizando o Roger da forma como eu utilizava, como ele jogou nas últimas três partidas (do Brasileiro). Ele jogou contra o Vasco. Contra o Flamengo, mais ou menos. E contra o Palmeiras, mal. Tanto que, quando ele saiu, estava 1 a 0 para o Palmeiras e viramos o jogo. O Gilberto estava machucado. Se o Gilberto estivesse bom, ele era o titular e ponto final. Eu sou bem transparente. O meu time é esse e a competição está aberta. Competitividade interna é ótima, sadia, sincera e honesta, como a gente sempre teve e eles que busquem a posição nos treinos”.

Nesse longo desabafo, Cuca teve um raro instante de bom-humor. “Eu escalo 11. Eu não posso colocar 12 em campo, que a gente perde os pontos. Eu sempre vou tentar colocar os 11 melhores”. (UAI)

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