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CAMPEONATO BRASILEIRO

Fisiologista do Cruzeiro explica critérios que levam o clube a poupar jogadores

Aparelho colocado no braço dos atletas identifica distância percorrida e velocidade

postado em 17/09/2013 16:29 / atualizado em 15/04/2015 17:56

Gustavo Andrade/Superesportes
Contratado para ser o camisa 10 do Cruzeiro, Júlio Baptista foi poupado de partidas contra Flamengo e Goiás, pelo Campeonato Brasileiro. Artilheiro da equipe em 2013, Borges também não participou do jogo diante da equipe goiana, na semana passada. Os critérios que levam à decisão de preservar atletas foram explicados pelo fisiologista do clube, Eduardo Pimenta, em apresentação feita na Toca da Raposa II, nesta terça-feira.

O Cruzeiro convidou jornalistas para uma explicação sobre os fatores analisados para determinar o desgaste de um jogador. Na apresentação feita por Eduardo Pimenta, foram apresentados quais são esses critérios. O fisiologista ressaltou que nem sempre o risco de lesão tira um jogador de uma partida importante.

“São marcadores indiretos. Eles têm possibilidade de erro e, por isso, coletamos vários marcadores para melhorar a tomada dessa decisão. Mas o futebol não é ciência, então o elemento técnico e tático pode sobrepor em algumas situações específicas o calendário. Em alguns jogos e algumas situações, vale a pena cometer um risco”, disse.

Em função da realização da Copa das Confederações, o calendário do futebol brasileiro foi modificado e as rodadas do Campeonato Brasileiro acontecem com período menor entre os jogos. O período crítico para os clubes e com maior tendência a lesões acontece entre agosto e outubro. Em 2012, foram cinco semanas com duas partidas disputadas. Já nesta temporada, esse número dobrou, obrigando as equipes a entrar em campo no fim e meio de semana com maior frequência.

Assim, o prazo para recuperação muscular dos atletas ficou restrito. Eduardo Pimenta explicou que o departamento de fisiologia estipula 72 horas como período mínimo necessário para que haja a recuperação completa do jogador. Entretanto, com mais jogos disputados em um curto período, é comum que os atletas voltem a campo sem 100% das condições físicas.

Para detectar a possibilidade iminente de uma lesão muscular, o Cruzeiro analisa o resultado de tecnologias utilizadas pelo departamento médico. A análise do volume sanguíneo de CK (proteína celular denominada creatinoquinase) e o uso de termografia são duas dessas medidas adotadas.

“Basicamente, as informações coletam o estado físico do atleta, entendendo que todos têm diferenças individuais, cada um tem sua curva de recuperação. Ajustando esses processos, a prevenção de lesões fica otimizada”, observou Eduardo Pimenta.

O CK é detectado através de uma pequena gota de sangue coletada do dedo do atleta em até 40 horas após a disputa de uma partida. O volume dessa proteína no sangue é comparado com parâmetro de exames realizados com o jogador no início da temporada. Caso o percentual supere 50%, a probabilidade de lesão já se torna preocupante. Já o termovisor analisa a temperatura muscular. Nesse caso, é feita a comparação entre os membros do jogador.

“O CK é um marcador indireto de dano muscular. Após uma partida e um treinamento, o atleta sofre microlesões musculares. CK é uma proteína que quantifica o quanto o atleta sofreu de microlesões. Utilizamos isso para evitar uma lesão maior”, explicou o fisiologista do Cruzeiro.

O nível de desgaste dos atletas se tornou maior com a evolução do futebol. Desde a década de 1960, a velocidade do jogo aumentou em 15%. O número de passes trocados cresceu de 11,3 para 15,3 por minuto, de acordo com a apresentação do departamento de fisiologia do Cruzeiro.

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