Cruzeiro
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UM MOMENTO NA HISTÓRIA

Bom enquanto durou

postado em 05/03/2015 09:30 / atualizado em 09/12/2015 15:58

Arquivo / EM DA PRESS
Campeão do mundo pelo Brasil em 1970, Brito chegou ao Cruzeiro pouco depois da Copa do México, emprestado pelo Flamengo, onde se desentendeu com Yustrich. As atuações pela Seleção e o fato de ter sido considerado o dono do melhor preparo físico do Mundial não foram suficientes para convencer o técnico a lhe devolver a camisa titular rubro-negra. Esta vinha sendo vestida pelo apenas correto Washington – mineiro de Barão de Cocais, irmão do antigo volante Lincoln (ex-Atlético) e do armador Geraldo (morto prematuramente em 1976, numa simples operação de amígdalas, quando era um dos destaques do Fla, ao lado de Zico) e pai do zagueiro Bruno Alves, da Seleção Portuguesa.

A passagem de Hércules Brito Ruas, de 31 anos, pela Toca da Raposa foi muito boa, mas curta: apenas 31 jogos até fevereiro de 1971. Num deles, contra o Flamengo, depois da vitória de virada por 3 a 1, sob forte chuva, no Mineirão, o jogador correu em direção ao banco adversário e atirou sua camisa em Yustrich, que tentou sair do túnel em seu encalço, mas foi contido por integrantes da comissão técnica e jogadores reservas. A Raposa chegou às semifinais do Robertão, o Brasileiro da época, e Brito entrou na Seleção da primeira Bola de Prata da recém-criada revista Placar.

No fim do empréstimo, a diretoria celeste pouco se esforçou para renovar o compromisso e o atleta acabou se transferindo para o Botafogo, numa novela que envolveu até a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), que então administrava o futebol brasileiro. O presidente Felício Brandi entendia que o Cruzeiro não tinha prazo para adquirir o passe em definitivo, enquanto o Fla afirmava que os celestes haviam perdido a opção de compra em dezembro. Outro ingrediente da confusão foi que a CBD tinha o passe de Brito como garantia de uma dívida do clube carioca, paga pela entidade à Real Federação Espanhola de Futebol. Em 1º de março de 1971, o dirigente cruzeirense chegou a ir ao Rio com Cr$ 300 mil para fechar a compra na CBD, mas não houve acerto. “Brito tem de apresentar-se ao Flamengo. O Cruzeiro não cumpriu o combinado e o beque é nosso outra vez. Com o Cruzeiro não nos interessa mais fazer qualquer negócio”, afirmou o presidente rubro-negro André Richer, na edição do Estado de Minas do dia 2. Ele estava trocando Brito pelo atacante Roberto, também campeão mundial pelo Brasil.

“Cruzeiro vai desistir de Brito”, anunciou o EM em 3 de março. Segundo o jornal, a CBD havia definido que o clube teria de pagar Cr$ 350 mil para ficar com o jogador. “Brito é um ótimo jogador, teve uma conduta exemplar até agora, mas acho muito caro o preço de seu passe, principalmente com o Cruzeiro sendo obrigado a pagar os Cr$ 350 mil à vista”, explicou o diretor Carmine Furletti. O clube também já cuidava da contratação do argentino Perfumo, do Racing.

SAÍDA LAMENTADA Depois de excursionar com o time pelas Américas, Brito havia ficado à espera de uma decisão do clube mineiro e até anunciou que voltaria a treinar no Barro Preto. “Quero ficar em BH. Ganho bem, adaptei-me à cidade e já estou com todas as minhas coisas aqui. Não é média, não. Quero mesmo continuar no Cruzeiro”, afirmou ao EM, em 4 de março. O Botafogo chegou a fazer uma proposta para que o atleta permanecesse na Toca e outro jogador fosse envolvido na troca por Roberto com o Flamengo, mas o assunto não foi à frente.

Finalmente, em 5 de março, o EM anunciou: “Brito já assinou com o Botafogo”. “Brito fez força para ficar, mas o Cruzeiro não fez a mesma força para evitar sua volta ao futebol carioca”, publicou o jornal. No dia anterior, chamado ao Rio pelo Flamengo, o zagueiro assinou seu contrato por um ano com o alvinegro de General Severiano e já treinou no novo clube. “De agora em diante, o futebol carioca tem mais um tricampeão mundial. E o Cruzeiro perdeu o beque que conseguiu consertar sua defesa”, lamentou o Estado de Minas.

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