Nelinho analisa critérios do Campeonato Pernambucano

1975. Com uma base formada por jogadores de Cruzeiro e Atlético-MG, a Seleção Brasileira chegou à semifinal da Copa América. Jogo de ida e volta contra o Peru. No primeiro, o Brasil foi surpreendido e perdeu por 3 a 1, em pleno Mineirão. Em Lima, veio o troco: 2 a 0. Pelo regulamento, o finalista foi definido no sorteio, como pode acontecer neste domingo no Campeonato Pernambucano. E o Brasil perdeu. Um dos destaques daquela Seleção, o ex-lateral direito Nelinho revelou detalhes dos bastidores da disputa ao Superesportes, como a indignação dos brasileiros pelo mistério que cercou o sorteio. Admirado, analisou a possibilidade de os finalistas do Pernambucano serem definidos também por este “critério” e previu muitas polêmicas caso isso de fato se faça necessário.

Como vocês souberam do resultado daquele sorteio?
Depois do jogo, ninguém sabia explicar muito bem como seria esse negócio de sorteio. Então, o saudoso Osvaldo Brandão (técnico do Brasil) disse que aquilo não tinha mais nada a ver com nós, jogadores, que tínhamos feito a nossa parte, que agora, era com os dirigentes. Tínhamos um compromisso no consulado, mas no caminho, Brandão disse que sabia que perderíamos essa vaga. Até porque existem várias maneiras de se manipular o resultado de um sorteio. Dito e feito. Não lembro se foi naquela mesma noite ou se foi no dia seguinte que soubemos que havíamos perdido o sorteio.

E o que você acha de o Campeonato Pernambucano poder contar com o sorteio como meio de definir seus finalistas?
Isso não existe! É querer inventar demais. Existem vários modelos que vêm dando certo há muito tempo, como a prorrogação e os pênaltis. Isso é tentativa de dirigente de querer inventar e aparecer mais que o próprio espetáculo do futebol. É inadmissível que hoje em dia uma semifinal seja definida na base da sorte. Sou adepto da ideia de que o time de melhor campanha tem que ser favorecido. Se houve igualdade de resultados, passa o de melhor campanha. Aí o pessoal quer inventar e acaba fazendo isso aí.

Como você vê a repercussão de uma decisão assim no meio esportivo?
Olha, acho que o pessoal que inventou esse regulamento deve torcer pra que a vaga seja resolvida dentro de campo. Porque se tiver sorteio mesmo, vai ser uma vergonha. Essa história de moedinha, ou de bolinha, é ridícula. Certamente, vai suscitar dúvidas naqueles que perderam. O torcedor vai dizer que foi roubado, mesmo que tudo tenha sido feito com honestidade. O torcedor não vai aceitar perder por uma questão além das quatro linhas. Uma classificação, um título, isso tem que ser decidido dentro de cam