
As cenas de barbárie entre cerca de 300 membros das torcidas organizadas Gaviões da Fiel e Mancha Alviverde – antes do clássico de domingo entre Corinthians e Palmeiras, a 8 quilômetros do Pacaembu, em São Paulo – resultaram ontem numa segunda morte e na prisão de cinco torcedores palmeirenses.
O palmeirense Guilherme Vinicius Jovanelli Moreira, o Zulu, de 19 anos, que sofreu traumatismo craniano na briga entre torcedores, foi diagnosticado com morte cerebral no início da manhã de ontem. O violento confronto já havia resultado na morte do estudante de engenharia civil e também torcedor do Palmeiras André Alves Lezo, 21, no domingo.
Também ontem, a Polícia Civil paulista prendeu cinco torcedores da Mancha suspeitos de terem participado do confronto, além de ter apreendido computadores e R$ 150 milhões em dinheiro na sede da Gaviões da Fiel. Os torcedores estão em prisão temporária por 30 dias, período em que serão interrogados e investigados. Ainda há mandados de busca e apreensão em aberto para outras pessoas, incluindo corintianos, que fugiram para o Rio de Janeiro.
“Estamos apurando com todos, pois há crimes de lesão corporal, tentativa de homicídio, formação de quadrilha”, afirma a delegada Margarette Barreto, do Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), uma das unidades responsáveis pela investigação.
A polícia trabalha com a hipótese de que a briga foi uma retaliação de corintianos pela morte de um torcedor em 2011, mas os palmeirenses sabiam que seriam emboscados e não pediram proteção. “A Gaviões fez a emboscada. Mas a Mancha sabia que não devia sair sem escolta. Havia pessoas armadas na Mancha. E todos os indícios demonstram que eles também são brigadores. Não estamos falando de nenhum ‘chapeuzinho vermelho na floresta’, mas de gente que anda armada, que vai para o jogo brigando com pessoas, dá tiro. São pessoas que fazem a própria escolta, armada, e que não pedem escolta da polícia”, acusa a delegada.
GALPÃO Ainda de acordo com a investigação, na sexta-feira foi comprada uma quantidade excessiva de rojões por torcedores. A polícia também apura a denúncia de que a Gaviões alugou um galpão próximo ao local da briga para guardar as armas. O confronto deixou outros dois feridos em estado grave: um por tiro com arma de fogo e outro agredido com barras de ferro na cabeça.