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A versão de Jefferson é diferente da apresentada à reportagem por uma testemunha citada no Boletim de Ocorrência da Polícia Militar, a estudante Ludmila Duarte Elias, de 21 anos. Segundo ela, o acusado pelas injúrias gritava “banana”, “isso mesmo, joga banana”, toda vez que Fabiana pegava a bola.
Já o professor Douglas Sueimer Bernardo, de 31 anos, que acompanha os jogos do Minas na Arena desde 1997, procurou a reportagem do Superesportes para relatar o episódio. Tudo teria começado no fim do segundo set, quando Fabiana se preparava para sacar pelo Sesi.
”Esse torcedor de camisa listrada (veja fotos acima) começou a xingar a Fabiana, foi reprovado pelas pessoas ao seu redor, mas continuou dizendo que falaria o que quisesse. Ele estava atrás de mim e falou várias vezes: ‘vou te jogar uma banana macaca, africana, macaca, favelada”, relatou o professor, contrariando a versão dada por Jefferson Gonçalves de Oliveira à reportagem.
Douglas conta que as agressões dirigidas a Fabiana causaram indignação nos demais torcedores e negou que houvesse mais alguém xingando a jogadora do Sesi. “Quem estava em volta começou a se afastar dele. Muitos reclamaram com ele, mas ele começou a xingar todo mundo. Foi só ele mesmo”.
Frequentador assíduo dos jogos de vôlei na Arena do Minas, Douglas criticou duramente a conduta do clube e da Polícia Militar no episódio. O professor conta que precisou sair da Arena para procurar policiamento na Rua da Bahia, mas, sem ver qualquer viatura, ligou para o número 190. Os policiais teriam chegado ao local durante o terceiro set, quando o agressor já estava cercado por seguranças acionados pelo Minas Tênis Clube.
”Mostramos o rapaz para a polícia. Mas quando eles chegaram, uma moça, funcionária do Minas, chamou os torcedores para conversar com os policiais em outro local e eu a questionei por que os seguranças, que viram tudo, não poderiam servir de testemunhas. Senti que eles quiseram preservar a imagem do Minas, não deixando que funcionários do Minas se envolvessem no caso. A intenção pareceu abafar. Os policiais entraram na arquibancada e retiraram o rapaz do ginásio, diferentemente do que disse a nota do Minas. O clube afirmou que foram os seguranças que retiraram o rapaz, mas isso não ocorreu, foram os policiais. Já os policiais alegaram que não poderiam levar o rapaz para a delegacia porque a vítima (Fabiana) não estava presente ( o jogo estava em andamento). Isso foi um absurdo. A obrigação deles era esperar o fim do jogo e fazer o Boletim”, relatou Douglas.
Douglas ainda desmentiu a versão do Boletim de Ocorrência da PM, de que houve atrito verbal entre torcedores. “Eles sequer citaram a Fabiana no Boletim. O fato relevante do Boletim foi o atrito verbal entre torcedores. Na verdade, as pessoas estavam indignadas com o tal torcedor de camisa listrada e pediram para ele parar”.
Em 18 anos de idas constantes à Arena, Douglas jamais havia presenciado uma agressão desse tipo contra uma atleta. “Nunca pensei que presenciaria isso. Vou aos jogos desde 1997, e isso foi uma surpresa. Há alguns jogos, vi alguns torcedores do Minas xingando a Carla, mas por outras razões. Injúria racial foi a primeira vez que vi”.





