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Torcida antifascista do Cruzeiro se posiciona sobre manifestações de rua em meio à pandemia

Grupo entende que atos representam grande risco para a coletividade

postado em 02/06/2020 16:08 / atualizado em 02/06/2020 16:40

(Foto: Reprodução/Twitter/RAP)
A Resistência Azul Popular (RAP), torcida antifascista do Cruzeiro, se posicionou sobre as manifestações de rua promovidas por organizadas no último fim de semana e convocadas para os próximos dias. 

Em longa nota (leia na íntegra ao fim da reportagem), os líderes do grupo argumentam que “ir às ruas em momento no qual a pandemia (de coronavírus) ainda se agrava é um grande risco para toda a coletividade”. 

“Reconhecemos que o contexto político em todo o Brasil é gravíssimo, mas como antifascistas nós também temos responsabilidades, e lidaremos com todas elas nos momentos que entedermos como mais apropriados”, escreve o grupo. 

Apesar do posicionamento, a RAP presta apoio aos que organizam os atos com “coerência, coragem e determinação”. “Não se trata de clubismo: por mais que este seja sempre bom e o pratiquemos sempre, reconhecemos que nossa paixão não necessariamente distancia nossas visões de mundo”, complementa. 

No último fim de semana, a Galo Antifa e a Resistência Alvinegra, de torcedores do Atlético, se manifestaram pelas ruas de Belo Horizonte. Em São Paulo, membros da Gaviões da Fiel, do Corinthians, integraram atos em defesa da democracia com a presença de palmeirenses, são-paulinos e santistas. No Rio de Janeiro, torcedores do Flamengo organizaram atos contra o fascismo. 

As organizadas prometem novas manifestações de rua neste fim de semana. Embora mantenham datas, horários e locais em sigilo por questões de segurança, membros da Gaviões da Fiel já definiram que voltaram às ruas de São Paulo no domingo, conforme noticiou o UOL. Torcidas do Bahia também articulam atos para Salvador na mesma data.

Leia, na íntegra, a nota divulgada pela Resistência Azul Popular

A Resistência Azul Popular está há cinco anos na luta contra o fascismo. Estivemos presentes nas ruas de Belo Horizonte em praticamente todas as manifestações contra a escalada do autoritarismo desde antes do golpe de 2016, sempre com coragem e determinação. Estamos atentos ao momento atual, a esse ovo da serpente que está, sim, em vias de eclodir, e temos recebido justas cobranças pela nossa participação nos atos pró-democracia que têm acontecido há pelo menos dois fins de semana em Belo Horizonte. Mas estamos atentos também à pandemia que, só no Brasil, já tirou mais de trinta mil vidas em dois meses e meio.

Temos consciência de que esse cenário atinge em cheio grupos bem determinados num país tão desigual, e sabemos muito bem que medidas como o isolamento social não são apenas para nós, mas para proteger a coletividade como um todo. Com essa consciência, também não realizamos nenhum ato presencial quando das eleições internas no Cruzeiro, num momento tão delicado para o clube.

Reconhecemos que o contexto político em todo o Brasil é gravíssimo, mas como antifascistas nós também temos responsabilidades, e lidaremos com todas elas nos momentos que entedermos como mais apropriados – seja não nos expondo para não facilitar a propagação de um vírus, seja nos dispondo para o enfrentamento. Como sempre fizemos.

Acreditamos que ir às ruas em momento no qual a pandemia ainda se agrava é um grande risco para toda a coletividade. Não morderemos essa isca por pressão de grupos e pessoas, nem cederemos a tantas outras que sempre estiveram em silêncio nos constantes ataques às torcidas organizadas e, agora que lhes convém, parecem alimentar e romantizar o senso comum de violência dessas torcidas.

Também não se trata de clubismo: por mais que este seja sempre bom e o pratiquemos sempre, reconhecemos que nossa paixão não necessariamente distancia nossas visões de mundo. Aos companheiros que se organizam nesses atos com coerência, coragem e determinação, e que avaliaram que o momento político exige esse tipo de ação apesar da pandemia, prestamos nosso apoio e solidariedade.

Lembramos que a Resistência Azul Popular não é um partido político e não dirige o comparecimento de seus membros e apoiadores enquanto indivíduos autônomos; mas incentivamos a análise consciente sobre o que cada deslocamento representa, sobretudo no cuidado com pessoas mais vulneráveis e para quem pertence ou tem contato com pessoas em grupos de risco.

Garantimos que jamais fugiremos da luta e sempre estaremos nas ruas, como sempre estivemos, quando a necessidade se mostrar maior do que os cuidados com a pandemia. A Resistência Azul Popular não está parada diante do quadro que se apresenta de ameaça cada vez mais intensa ao estado democrático, mas intensifica suas ações em outras frentes. Enquanto coletivo, buscamos formas criativas de organização e difusão da nossa luta por um mundo sempre mais justo e solidário.

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