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Corinthians: coletivo LGBT recebe ameaças após gritos homofóbicos na Arena

'Fiel LGBT' fez publicação repudiando cânticos homofóbicos na Neo Química Arena durante o clássico Majestoso

16/05/2023 08:00 / atualizado em 16/05/2023 00:00
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Coletivo
foto: DANIEL AUGUSTO JR/CORINTHIANS

Coletivo "Fiel LGBT" registrou boletim de ocorrência após receber ameaças nas redes sociais

Os gritos homofóbicos continuam comuns no futebol. Apesar das tentativas da CBF de coibir cânticos preconceituosos, o que se viu no último domingo (14), no clássico entre Corinthians e São Paulo na Neo Química Arena, foi só mais um dos muitos casos recentes. Pela urgência do assunto, o coletivo “Fiel LGBT”, fundado em 2019, se posicionou nas redes sociais pedindo punições severas para casos de homofobia. A repercussão gerou ameaças através de perfis fakes.

- Essa última (ameaça) foi a mais grave, porém sempre tem alguns (torcedores) querendo crescer em cima da gente. Tenho medo, mas já fizemos o boletim de ocorrência. Essas ameaças não vão nos calar, pelo contrário, dão mais combustível para a gente continuar - contou *Alex, fundador da torcida que pediu para ter seu nome real preservado, ao Superesportes
 
 

O criador da “Fiel LGBT” acredita que questões como segurança e acolhimento têm afastado torcedores diversos das arquibancadas. Inclusive, ele próprio, que esteve na Arena para assistir ao Majestoso, garante que foi a última vez in loco em uma partida contra o São Paulo. 

- Aquele foi o último majestoso que eu fui. Decidir não ir mais até para preservar minha saúde mental. Em jogos contra o São Paulo é um show de cânticos e palavras horrendas. Fiquei constrangido. Dá vontade de gritar lá e pedir para não cantar. Na parte em que eu estava, alguns torcedores até começaram a vaiar os cânticos homofóbicos, mas logo as vaias foram abafadas - relatou.


A situação não é uma novidade na vida de Alex, que é sócio do clube e faz questão de estar nas arquibancadas para apoiar o time. Inclusive, o coletivo se fortaleceu após uma outra situação de preconceito relacionada à torcida do São Paulo. 

Em 2020, o Corinthians fez um post nas redes sociais em que comparava o estádio do Morumbi a um panetone. A piada homofóbica repercutiu de tal maneira que virou um marco, que torcidas diversas do time alvinegro e de outras equipes se posicionaram nas redes sociais. A partir dali, boa parte dos times passaram a ter outra postura nas mídias sociais, coibindo o preconceito e manifestando repúdio a casos de homofobia. 

Corinthians pode ser punido por gritos homofóbicos

 
Corinthians será denunciado pela promotoria do STJD (o Superior Tribunal de Justiça Desportiva) com base no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Esta informação foi publicada pelo “ge” e confirmada pelo Superesportes.

O Código prevê multa de até R$ 100 mil por “prática de ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”. O Corinthians ainda pode perder três pontos se o Tribunal considerar que a infração foi “praticada simultaneamente por considerável número de pessoas.”

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