Os gritos homofóbicos continuam comuns no futebol. Apesar das tentativas da CBF de coibir cânticos preconceituosos, o que se viu no último domingo (14), no clássico entre Corinthians e São Paulo na Neo Química Arena, foi só mais um dos muitos casos recentes. Pela urgência do assunto, o coletivo “Fiel LGBT”, fundado em 2019, se posicionou nas redes sociais pedindo punições severas para casos de homofobia. A repercussão gerou ameaças através de perfis fakes.
- Essa última (ameaça) foi a mais grave, porém sempre tem alguns (torcedores) querendo crescer em cima da gente. Tenho medo, mas já fizemos o boletim de ocorrência. Essas ameaças não vão nos calar, pelo contrário, dão mais combustível para a gente continuar - contou *Alex, fundador da torcida que pediu para ter seu nome real preservado, ao Superesportes.
Já até estamos acostumado com isso! Recebemos isso todos os dias. Não ia divulgar, mas ele mesmo pediu, então taí! pic.twitter.com/XEAeHLCtqE
%u2014 FieL LGBT (@FielLGBT) May 15, 2023
O criador da “Fiel LGBT” acredita que questões como segurança e acolhimento têm afastado torcedores diversos das arquibancadas. Inclusive, ele próprio, que esteve na Arena para assistir ao Majestoso, garante que foi a última vez in loco em uma partida contra o São Paulo.
- Aquele foi o último majestoso que eu fui. Decidir não ir mais até para preservar minha saúde mental. Em jogos contra o São Paulo é um show de cânticos e palavras horrendas. Fiquei constrangido. Dá vontade de gritar lá e pedir para não cantar. Na parte em que eu estava, alguns torcedores até começaram a vaiar os cânticos homofóbicos, mas logo as vaias foram abafadas - relatou.
NOTA OFICIAL - A HIPOCRISIA DA TORCIDA E A INVERSÃO DE VALORES.
%u2014 FieL LGBT (@FielLGBT) May 14, 2023
Hoje (14/05) a torcida progressista, a torcida do BASTA, mostrou mais uma vez sua verdadeira face e como se não fosse suficiente o nosso vergonhoso momento, tivemos mais esse episódio de cânticos homofóbicos, como%u2026
A situação não é uma novidade na vida de Alex, que é sócio do clube e faz questão de estar nas arquibancadas para apoiar o time. Inclusive, o coletivo se fortaleceu após uma outra situação de preconceito relacionada à torcida do São Paulo.
Em 2020, o Corinthians fez um post nas redes sociais em que comparava o estádio do Morumbi a um panetone. A piada homofóbica repercutiu de tal maneira que virou um marco, que torcidas diversas do time alvinegro e de outras equipes se posicionaram nas redes sociais. A partir dali, boa parte dos times passaram a ter outra postura nas mídias sociais, coibindo o preconceito e manifestando repúdio a casos de homofobia.
Corinthians pode ser punido por gritos homofóbicos
O Corinthians será denunciado pela promotoria do STJD (o Superior Tribunal de Justiça Desportiva) com base no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Esta informação foi publicada pelo “ge” e confirmada pelo Superesportes.
O Código prevê multa de até R$ 100 mil por “prática de ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”. O Corinthians ainda pode perder três pontos se o Tribunal considerar que a infração foi “praticada simultaneamente por considerável número de pessoas.”