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Agressão a Luan: suspeitos são líderes da Gaviões e ex-presos de Oruro

Atacante do Corinthians foi agredido dentro de motel da capital paulista

06/07/2023 04:00 / atualizado em 05/07/2023 23:01
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Suspeitos de agredir Luan dentro de motel foram identificados pela Polícia Civil
foto: Reprodução/Instagram

Suspeitos de agredir Luan dentro de motel foram identificados pela Polícia Civil

 

Dois dos suspeitos de agredir Luan Guilherme dentro de um motel são líderes da principal torcida organizada do Corinthians, a Gaviões da Fiel, e ficaram presos na cidade de Oruro, na Bolívia, após a morte do garoto Kevin Beltrán Espada, em 2013.

 

Ambos são figuras influentes na política interna da Gaviões: um comanda um grupo chamado União Leste Corinthiana, e o outro é vice-presidente da torcida, eleito na chapa que comanda a organizada até o ano que vem.

 

 

A Gaviões da Fiel foi procurada por um posicionamento oficial, mas não respondeu até a publicação deste texto. O texto será atualizado quando a organizada se pronunciar.

 

B.O. identifica figura conhecida na Gaviões

 

Reginaldo Coelho, conhecido como Cabeção, é o único suspeito identificado no boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil, ao qual o Superesportes teve acesso.

 

O documento inclui Coelho entre os sete indivíduos que entraram correndo no quarto de motel onde Luan estava, subiram as escadas e ameaçaram o jogador.

 

– Vou matar o Luan, vou matar vocês, aqui é a Gaviões – alguém teria dito durante as agressões. Luan saiu do motel ensanguentado.

 

Reginaldo Coelho é líder do grupo União Leste Corinthiana, um coletivo influente nas torcidas organizadas do Corinthians. Ele foi um dos presos na Bolívia após o caso Kevin Espada, mas nunca foi provado que tinha algo a ver com o crime.

 

No ano seguinte, em 2014, Coelho também teria sido um dos envolvidos na invasão ao CT do Corinthians, quando cerca de cem torcedores deixaram o elenco sitiado dentro do vestiário. Ele convocou outros torcedores para uma reunião na Gaviões, horas antes do ocorrido.

 

Suspeitos foram identificados via redes sociais

 

Todos os sete suspeitos foram identificados por meio das redes sociais. Uma fotografia foi tirada por Danilo Silva de Oliveira, o Biu, que é vice-presidente da Gaviões da Fiel e também foi preso na Bolívia em 2013. Na legenda, duas frases sugestivas: “alvo encontrado com sucesso” e “vontade de 37 milhões de loucos”.

 

A imagem (que ilustra este texto) foi publicada por José Carlos da Silva Junior, o Alemão, que também é influente na Gaviões: ele é um dos vinte conselheiros eleitos na eleição de 2021. Alemão também foi um dos presos em Oruro.

 

Biu assumiu o cargo de vice-presidente da Gaviões após o antecessor, Alexandre Jacobina, o Jarrão, ser expulso da torcida por extorquir um conselheiro vitalício do Corinthians – o Jaça, figura poderosa nos bastidores do clube.

 

Luan foi ameaçado com arma de fogo

 

Na versão de um dos amigos de Luan, um dos agressores chegou a apontar uma arma de fogo ao jogador ao invadir o quarto do motel. Por isso um novo inquérito foi aberto, este por posse de arma de fogo – os suspeitos já eram investigados por ameaça e lesão corporal.

 

O delegado do caso, Daniel José Orsomarzo, da Delegacia de Repressão aos Delitos do Esporte (DRADE), disse na quarta-feira (5) que “parece ter havido ameaça para ele [Luan] sair do clube, com emprego de arma de fogo”.

 

Polícia abre inquérito mesmo sem denúncia

 

Por causa da arma de fogo, a investigação pode seguir em frente mesmo que Luan decida não prestar queixa. Esta foi uma das "reviravoltas" a que o delegado Orsomarzo se refere ao falar do caso. A polícia agora deve intimar funcionários do motel para depor como testemunhas.

 

– De ontem para hoje tivemos algumas reviravoltas no caso Luan. Houve menção a uma arma de fogo e, diante disso, foi instaurado um inquérito. Daqui para frente, o inquérito transcorre sem a necessidade da manifestação de vontade do jogador – disse Orsomarzo em entrevista. 

 

Luan tem seis meses de prazo para decidir se vai ou não prestar queixa, mas a princípio “não quer se envolver nisso”, segundo o Superesportes ouviu de pessoas próximas.

 


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