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Chateado, Adílson se demite do Cruzeiro

Técnico se cansa da rejeição e decide romper o contrato com o Cruzeiro

postado em 03/06/2010 00:10 / atualizado em 04/05/2016 15:27

Redação /Superesportes

Paulo Filgueiras/EM/D.APress
Adílson Batista não é mais treinador do Cruzeiro. Nesta quarta-feira, após o empate em 0 a 0 com o Santos, no Mineirão, o técnico se demitiu do clube celeste. Adílson vai comandar seu último jogo pelo Cruzeiro no próximo fim de semana, contra o Atlético-GO.

Em sua primeira resposta na entrevista coletiva desta quarta-feira, o treinador surpreendeu a todos e anunciou a despedida. “Vou fazer meu último jogo lá em Goiânia, contra o Atlético-GO, e um abraço. É isso aí. É meu último jogo. Para felicidade geral da nação, de alguns, eu faço meu último jogo lá”.

Adílson revelou que algumas coisas em Minas Gerais estavam o chateando. O treinador, porém, não explicitou quais eram os empecilhos, apenas deixou nas entrelinhas que a pressão da imprensa e da torcida o incomodou.

“Já conversei com o Zezé, ele até nem queria que eu falasse isso aqui hoje, mas eu estou chateado com algumas coisas. Só cego que não vê o que é trabalhar uma equipe, o que é ter dificuldade, o que é organizar. Mas isso aí, tem muita gente do outro lado aí expert em futebol. A gente vai com calma, aprendendo todo dia”, disse Adílson.

Em sua última entrevista pelo Cruzeiro, o treinador retomou suas críticas à imprensa mineira. Em diversos momentos, durante os dois anos e meio na Toca da Raposa II, Adílson chegou a reclamar da influência negativa da mídia local sobre a torcida celeste.

“Quando o adversário joga contra o Santos é o jogo do ano. Quando somos nós, é jogo sob pressão. É assim que funciona aqui em Minas Gerais. Fico chateado com algumas pessoas vaiando o presidente, lamento, pela contribuição do presidente, pela história, pelos títulos, pelas conquistas, isso machuca a gente”.

Histórico

Adílson chegou ao Cruzeiro em janeiro de 2008. Em dois anos e meio, o treinador foi bicampeão mineiro, com duas goleadas sobre o Atlético, ambas por 5 a 0. Em 2010, foi eliminado pelo Ipatinga nas semifinais.

O técnico comandou o clube celeste em três Copas Libertadores da América consecutivas, levando a equipe à final em 2009, às quartas de final em 2010 e às oitavas em 2008.

No Campeonato Brasileiro, Adílson levou o Cruzeiro ao terceiro lugar em 2008 e quarto lugar em 2009. Neste ano, deixou o clube na sexta posição. (UAI)

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Áudios:

A demissão:



O motivo:



Outros trechos da entrevista de Adílson Batista

Torcida pelo Cruzeiro
Eu tenho só a agradecer, eu sou um cruzeirense, tenho carinho muito grande pelo clube, vou continuar torcendo pelo clube, mas a gente tem que pensar profissionalmente e chegou o momento de sair. Vida que segue. Vou rezar para que um bom profissional entre e tenha sucesso. Vejo um Cruzeiro forte, competitivo, com grandes jogadores. Na parada (da Copa), tem condições de reverter.

Saída do Eduardo Maluf, diretor de futebol, interferiu na decisão?
Gosto muito do Maluf, é um grande profissional, muito correto, não deixava vazar muita coisa, porque vocês gostam muito de uma fonte segura, sempre têm fontes de informação, e o Maluf é ponta firme, sério, cobrando, lutando, agindo com responsabilidade. Mas ele é um profissional capacitado, que daqui a pouco está no meio. A gente lamenta, mas é uma decisão do presidente, a gente precisa respeitar. Faz parte no futebol. Daqui a pouco volta. Não é em função do Maluf. Eu já estava conversando com o Maluf, em Atibaia eu coloquei que o meu intuito não era prejudicar. Mas já estava dentro dos planos.

Grande motivo da saída e futuro destino
O coração, o meu coração. O coração é que está deixando. Não falo nada (sobre futuro). Vou fazer o jogo, cheio de jogadores com dor, e tenho um compromisso em São Paulo na segunda-feira. Só isso.

Relação com a imprensa
Eu tenho respeito por vocês, sempre tive. A gente tem que conviver de uma maneira saudável, honesta, procurando ser imparcial, ser profissional. Eu respeito muitos de vocês, pelo trabalho, eu sei o grau de dificuldade. Nós precisamos é conversar mais, esclarecer mais, ter um pouquinho mais de cuidado, porque hoje é blog, é twitter, é facebook, todo mundo fala. Esses dias a Miriam Leitão estava criticando o Júlio Baptista, o Gilberto, disse que ia tomar um remédio tarja preta. Quer dizer, todo mundo fala de futebol. Esses dias, o Cerezo encontrou o Maluf no Aeroporto e elogiou o Cruzeiro. Esse está na minha seleção. Isso me dá satisfação, não quem escuto dizendo que tem que jogar esse daqui, esse aqui precisa pegar ritmo. Até esse pegar ritmo, eu caí, porque o futebol é muito dinâmico. Eu respeito, nós precisamos melhorar, eu tenho a minha linha de raciocínio, mas não fico fazendo média com ninguém, não dou informação para ninguém, trato todo mundo igual. Acho que ninguém deve ter privilégio de informação e alguns ficam bravos. Mas eu durmo tranquilo, um grande abraço para vocês.

Volta um dia?
Volta tem. Isso daí... no futebol acontece muita coisa, e a gente espera um dia voltar, mas a cabeça é só fazer esse jogo aí (de domingo, contra o Atlético-GO), e não tem jeito, a gente gosta de trabalhar e vamos pensar o que nós vamos fazer, com calma. O Cruzeiro tem o meu respeito, a própria torcida. A minoria fica vaiando presidente, este, aquele, isso faz parte. Mas sempre tive o carinho, a admiração. Eu vejo o torcedor inteligente me apoiando, sabendo, tendo noção, discernimento de perceber algumas coisas.

Clima no grupo
O clima está tranquilo. Eles estão chateados, porque gostariam de estar numa situação melhor. Mas...enfrentamos um grande adversário. No Cruzeiro, cria-se crise. Ceará 1 a 0. Mas o Ceará está ganhando de todo mundo. O Ceará contra o Santos, na Vila...com exceção do Robinho, jogou todo mundo, e o Santos teve dificuldade. Teve um pênalti no Misael, que dá trabalho para todo mundo.

Preferência por alguns atletas
Pelo carinho, pelo respeito que tenho pelo Cruzeiro, eu procuro cobrar dos atletas que se entreguem naquilo que estão fazendo. E, por algumas razões, eu não coloquei A, B ou C e é assim que eu vou agir em qualquer clube. Acho que o atleta tem que ter esse comprometimento, tem que se dedicar, bem remunerado. E evidente que (uma hora) vai perder. Mas tem de vender a derrota caro. O torcedor gosta de ver esse jogador lutando.