Cruzeiro
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Clube completa 70 anos da estreia como Cruzeiro e do uniforme azul e branco

Partida contra o São Cristóvão foi realizada em 14 de fevereiro de 1943, no Barro Preto

postado em 14/02/2013 06:00 / atualizado em 13/02/2013 15:16

Arquivo/Estado de Minas

Há exatos 70 anos, em 14 de fevereiro de 1943, o Cruzeiro entrava em campo pela primeira vez com a camisa azul com um escudo contendo cinco estrelas no peito. Um decreto federal em 31 de agosto de 1942 exigiu a extinção de símbolos de nações inimigas do Brasil, no contexto da Segunda Guerra Mundial. Por causa disso, o então Palestra Itália foi obrigado a mudar de nome.

Em 2 de outubro, o presidente da entidade, Cyro Pony, anunciou que o clube passaria a se chamar Ypiranga, em alusão à independência do Brasil. No entanto, o time continuou oficialmente se chamando Palestra Itália. Em 7 de outubro, uma assembleia com o Conselho definiu que a instituição passaria a se chamar Cruzeiro Esporte Clube, em homenagem ao símbolo da pátria brasileira, a constelação cívica do Cruzeiro do Sul. A sugestão foi dada pelo ex-presidente Oswaldo Pinto Coelho.

Porém, devido a entraves burocráticos para aprovação dos novos estatutos, a estreia como Cruzeiro só ocorreu em 1943. Foi em um amistoso contra o São Cristóvão, do Rio de Janeiro, que, na época, tinha um dos ataques mais rápidos do país. O clube celeste chegou a abrir 3 a 1, no antigo estádio do Barro Preto (onde hoje é o parque esportivo), mas os cariocas viraram para 5 a 3. Nogueirinha, duas vezes, e Alcides marcaram para o Cruzeiro.

O primeiro jogo oficial com novos nome e uniforme só ocorreu em 2 de maio, contra o Villa Nova, pelo Campeonato Mineiro, que na época se chamava Campeonato da Cidade. O Cruzeiro venceu por 2 a 1, gols de Niginho e Alcides. A equipe viria a se sagrar tricampeã estadual entre 1943 e 1945.

Evolução da camisa


As primeiras camisas do Cruzeiro traziam o escudo fechado, com as cinco estrelas dentro.
Com este modelo, o clube viu algumas transformações marcantes em seu manto. Um amistoso contra o Sete de Setembro, em 20 de abril de 1950, no estádio do Barro Preto, marcou a estreia do uniforme branco do clube. O que poucos torcedores sabem é que a camisa foi criada para ser utilizada em jogos noturnos, por causa dos deficientes sistemas de iluminação nos estádios na época. No uniforme, o calção era para ser azul, mas a empresa que confeccionou se esqueceu de produzir as peças e os shorts brancos do uniforme principal foram improvisados. Dessa forma, o Cruzeiro jogou todo de branco nesse duelo.

Em 28 de maio do mesmo ano, o Cruzeiro atendeu a exigência da Fifa e passou a utilizar as camisas numeradas. A estreia do uniforme com números nas costas dos atletas foi contra o Metalusina, pelo Campeonato da Cidade.

Em 19 de setembro de 1959, em partida contra o Renascença, o clube tomou uma decisão que seria imortalizada na história do clube. Em vez do escudo fechado na camisa oficial, seriam utilizadas as cinco estrelas soltas, que fizeram parte do uniforme celeste até o ano 2000.

De 2000 a 2011, o Cruzeiro usou o escudo fechado em seu uniforme principal nas temporadas 2000, 2001, 2002 (primeiro semestre), 2003 (segundo semestre), 2004, 2005, 2006 e 2011. No total, na história celeste, o clube usou seu escudo fechado em 23 temporadas, entre as 70 com o nome Cruzeiro.

Crescimento da torcida

Por ter nascido como um clube de imigrantes e operários, o Cruzeiro tinha poucos torcedores no início do século. Foi nos anos 60 que o clube se agigantou e passou a ser o principal rival do Atlético – antes, o América rivalizava com o Galo.

Nos primeiros clássicos entre Atlético e Cruzeiro no Mineirão, que foi inaugurado em 1965, a torcida celeste ocupava tradicionalmente um pequeno espaço atrás de um dos gols do Gigante da Pampulha, enquanto a alvinegra tomava todo o estádio. Uma pesquisa feita pelo Estado de Minas em 1965 apontou que a torcida alvinegra era mais que o dobro da celeste em Minas Gerais.

Como na época não havia pesquisas de torcida com metodologia científica de amostragem, o Estado de Minas espalhou urnas por vários pontos de Belo Horizonte e algumas cidades do interior. O Atlético registrou 344.374 votos (54,1%), enquanto o Cruzeiro obteve 169.897 (26,7%). O América, time de grande torcida na primeira metade do século, já estava em decadência: registrou 44.673 votos. Outros clubes mineiros que receberam votos foram Siderúrgica, Villa Nova, Democrata, Guarani, Uberlândia e Renascença.

Nos anos 1980, as primeiras pesquisas de torcidas feitas por institutos específicos começaram a surgir. Em 1983, a revista Placar publicou uma avaliação feita pelo Instituto Gallup, que apontava o Atlético com 46% da preferência dos mineiros e o Cruzeiro com 39%. Nos anos 1990, o quadro se inverteu e o clube celeste começou a figurar na frente do rival em diversas pesquisas.

Na década de 2000, o Cruzeiro se consolidou como maior torcida do estado. Em 2010, o Instituto Datafolha mostrou o clube celeste com aproximadamente 8 milhões de torcedores, a sexta maior torcida do país, atrás de Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Vasco. Em 1997, o Cruzeiro bateu o recorde de público presente do Mineirão, com 132.834 torcedores.

Ficha do primeiro jogo com o uniforme celeste:

Cruzeiro 3 x 5 São Cristóvão-RJ


Motivo:
amistoso
Data: 14/02/2013
Estádio: Barro Preto
Renda: R$ 10.800
Árbitro: Guilherme Gomes (RJ)
Gols: Nogueirinha (duas vezes) e Magalhães, no primeiro tempo; Alcides, Caxambu, Papeti e Nestor (duas vezes), no segundo tempo

Cruzeiro:
Geraldo II, Gérson, Azevedo, Bibi (Fuinha), Juca e Caieirinha; Nogueirinha, Rizzo II (Pedro), Niginho e Ari; Ismael e Alcides.
Técnico: Bengala

São Cristóvão:
Joel, Mundinho, Pelado, Gualter e Papeti; Castanheira, Santo Cristo, Alfredo e Caxambu; Nestor e Magalhães
Técnico: Picabéia

Arquivo/Estado de Minas