Com os "milagres" de Fábio, o Cruzeiro garantiu a terceira vitória em disputas por pênaltis na história da Copa Libertadores. Coincidentemente, as outras duas ocorreram justamente em 1997, ano do bicampeonato continental. Nas oitavas de final, a Raposa foi derrotada pelo El Nacional, no Equador, por 1 a 0. Na partida de volta, no Mineirão, o clube celeste venceu pelo mesmo placar. Nos pênaltis, vitória azul e branca por 5 a 3. Já na semifinal, contra o Colo Colo, triunfo na primeira partida, em Belo Horizonte, por 1 a 0, e derrota por 3 a 2, em Santiago. Nas penalidades, o Cruzeiro derrotou os chilenos por 4 a 1 e se classificou para a final, sendo campeão ao superar o Sporting Cristal, do Peru.
A atuação decisiva de Fábio fez o Cruzeiro esquecer os dramas vividos contra Palmeiras, em 2001, e Deportivo de Cali, em 2004. Diante dos paulistas, há 14 anos, o clube celeste empatou na ida por 3 a 3 e na volta por 2 a 2, perdendo nos pênaltis por 4 a 3 em pleno Mineirão. Já no duelo com a equipe colombiana, a Raposa caiu também em Belo Horizonte sem ao menos marcar um gol: derrota por 3 a 0. No tempo normal, revés na Colômbia, por 1 a 0, e triunfo no Gigante da Pampulha, por 2 a 1.
Há quase quatro décadas, mais precisamente em 1977, o Cruzeiro foi derrotado pelo Boca Juniors na decisão da Copa Libertadores. Naquela final, os argentinos venceram a primeira partida, em Buenos Aires, por 1 a 0. Os mineiros devolveram o placar em Belo Horizonte. Foi necessária uma terceira partida decisiva em campo neutro, disputada em Montevidéu, no Uruguai. Após empate por 0 a 0, no tempo normal, a Raposa perdeu nas penalidades, por 5 a 4.
NAS MÃOS DE FÁBIO
Perto de ser o jogador que mais vestiu a camisa estrelada – completou nesta quarta-feira 627 partidas, seis a menos que Zé Carlos, volante das décadas de 60 e 70 –, Fábio, até então, tinha participado apenas de uma disputa por pênaltis pelo Cruzeiro. Em 2006, não teve sorte diante do Santos, no Mineirão, pela Copa Sul-Americana. Depois de vencer o Peixe, por 1 a 0, a Raposa caiu no tiro de 11 metros, por 4 a 3.
Mas, nesta quarta-feira – nove anos depois da primeira disputa por pênaltis –, o goleiro mergulhou duas vezes no canto esquerdo para pegar as finalizações de Luís Fabiano e Lucão. Ele também teve sorte ao ver Souza mandar a bola por cima.
“Entreguei na mão de Deus, orei para que ele pudesse me capacitar e me direcionar da forma que ele me desejasse. E glória a Deus eu pude proporcionar essa alegria ao nosso torcedor”, comemorou o camisa 1 cruzeirense, responsável por "salvar a pele" dos colegas Leandro Damião e Manoel, que desperdiçaram suas respectivas tentativas.
A atuação de Fábio não se resume apenas aos pênaltis. Na partida de ida, o São Paulo poderia ter vencido por diferença muito maior de gols, mas graças ao camisa 1 do Cruzeiro, com ótimas defesas, a equipe paulistana fez apenas 1 a 0. Nas mãos de um de seus maiores ídolos, a Raposa avança na competição continental e mantém o sonho do tricampeonato. A próxima batalha será contra Boca Juniors ou River Plate, que, assim como o São Paulo, carregam histórico de respeito no certame sul-americano.