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Ex-companheiros de Perfumo, ídolos do Cruzeiro lembram convivência, 'causos' e lamentam morte

Procópio, Piazza e Tostão atuaram com o ex-zagueiro argentino em Belo Horizonte

postado em 11/03/2016 11:53 / atualizado em 11/03/2016 11:53

Arquivo EM
O Cruzeiro perdeu nessa quinta-feira mais um importante nome de sua prateleira encorpada de ídolos. Depois de cair de uma escada da cantina italiana Carletto, no bairro de Puerto Madero, em Buenos Aires, o ex-zagueiro argentino Perfumo sofreu traumatismo craniano, não resistiu aos ferimentos e acabou morrendo horas depois.

Além da comoção que tomou conta da imprensa local e até da mídia brasileira, ex-companheiros de Cruzeiro lamentaram muito a morte daquele que foi um dos principais defensores que vestiram a camisa azul celeste.

Ao Superesportes, três ídolos cruzeirenses deram depoimentos sobre a convivência com Perfumo. Em todos os testemunhos, o perfil do argentino foi traçado lembrando da simplicidade, correção e gentileza que lhe eram características.

Companheiro de defesa, Procópio relembrou a importância de Perfumo para seu retorno ao futebol e histórias da chegada do argentino ao Cruzeiro. Piazza, por sua vez, depois de lamentar muito a morte precoce do zagueiro, contou da preocupação que o zagueiro, apesar de muito técnico, trazia para os volantes do Cruzeiro. Também muito pesaroso, Tostão fez lembranças da convivência e do ótimo trato com Perfumo em sua passagem pelo clube.

Veja os depoimentos na íntegra:

EM/D.A. Press
PROCÓPIO Eu tive o privilégio de quando o Perfumo veio, ser o supervisor do Cruzeiro. Eu estava machucado e o Felício me pediu para ajudar na direção. E eu que fui uma das pessoas que o recebeu, arranjei apartamento para ele em Belo Horizonte.

Lembro que estava tentando retornar ao Cruzeiro, fazendo testes na equipe depois de terminar meu curso de educação física, com 33 anos, e ele foi essencial para eu voltar. Teve um dia que eu estava treinando, o Perfumo me viu atuar e perguntou ao Hilton Chaves, então técnico, o motivo de eu não treinar entre os titulares. Partindo de um homem com ele, o melhor zagueiro do mundo, tive a chance de treinar entre os titulares e depois ganhar uma oportunidade contra o Vasco, no Rio. Isso me marcou muito.

Ano passado voltei a me surpreender com ele. O Perfumo deu uma entrevista na Revista Placar dando a seleção dele de todos os tempos, com os melhores que ele viu jogar, e o quarto zagueiro sou eu. É um motivo de orgulho para mim, partindo de Perfumo, que jogou com tantos zagueiros bons, viu tantos jogarem e ele me escolher para ser um dos zagueiros, foi uma grande honra.

A notícia de sua morte foi muito triste. Uma pessoa fantástica como homem, além do melhor zagueiro do mundo. Correto, direito, um líder calado, simples pelas atitudes, convicções. É lamentável que esse homem tenha partido tão cedo. Não dormi direito essa noite. Quando você tem algum amigo, você sabe como é. Não precisa estar perto. Ele é um cara que me ajudou no momento mais difícil da minha carreira. Não consigo dimensionar o tamanho dessa perda.

O último contato que tive com ele foi exatamente quando o Atlético foi campeão da Conmebol, em 1992. O técnico do Olímpia era o Perfumo e eu era o comandante do Atlético. Nos encontramos no Mineirão e lá no Paraguai, quando fui ao vestiário, nos falamos por bons minutos. Foi a última vez que eu o vi. Até por isso me assustei quando vi na Revista Placar, na seleção dele de todos os tempos, meu nome. Ele era como um ente querido, mas não nos falávamos há mais de 40 anos.

EM/D.A. Press
PIAZZA A gente foi surpreendido com essa notícia triste, do falecimento, da forma que foi. Perfumo sempre foi um gentleman, além da qualidade como jogador, só o fato de ele ser da própria Seleção Argentina. Um caráter enorme, com uma família muito especial. Andávamos muito em Belo Horizonte, eles (família) iam até nossa casa, até para deixá-lo mais à vontade na cidade. Além da contribuição da passagem dele pelo Cruzeiro, a valorização ao clube, a gente só tem que enaltecer a história dele.

Perfumo era muito discreto, a dificuldade foi só do idioma na época que chegou. Além da qualidade, era de muito caráter. Sempre mantivemos contato, mesmo quando ele se afastou de Minas. A última vez que falei com ele foi há um ano, batemos papo, relembramos histórias, e quis saber novas coisas da vida dele. Estava trabalhando na imprensa da Argentina. A gente guarda as lembranças com muito carinho, ele somou muito na história do Cruzeiro. Conquistou todos nós e isso não se apaga jamais. A recordação é muito carinhosa.

Dentro de campo, a única coisa que me marca muito é no setor direito, era uma luta. Apesar da técnica, o Perfumo gostava muito de sair jogando com o Nelinho ali naquele setor. A gente ficava com preocupação da parte tática, o lado direito ficava muito vulnerável. Nelinho sempre apoiando, Perfumo saindo jogando. Contra o Atlético, o Dario sempre caía pela esquerda do ataque. Para o pessoal do meio de campo restava uma preocupação muito grande (risos).

EM/D.A. Press
TOSTÃO A convivência sempre foi excelente, era muito boa mesmo. A gente gostava muito dele. Ele não chegou no melhor momento do Cruzeiro, tecnicamente teve dificuldades porque o time não estava tão bem, mas se mostrou um excelente zagueiro. Teve uma passagem muito bonita pelo Cruzeiro. Sempre foi uma pessoa muito carinhosa, de fácil convivência, alegre. A lembrança que fica é de uma pessoa gentil, de trato agradável. Ele se enturmou muito fácil com todo mundo, tenho muitas saudades.

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