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Contratações equivocadas, Goulart e Chape: tópicos da entrevista do presidente do Cruzeiro

Gilvan de Pinho Tavares conversou com os jornalistas por mais de uma hora na sexta

postado em 24/12/2016 06:00

O presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, concedeu entrevista coletiva nessa sexta-feira, na Sede Administrativa do clube, no Barro Preto. O mandatário conversou com os jornalistas por mais de uma hora e esclareceu pontos importantes relacionados ao time em 2016 e projeções para a próxima temporada. Além dos assuntos esportivos, ele comentou a política tumultuada e relação com a Chapecoense depois do trágico acidente aéreo na Colômbia.

Veja alguns dos principais pontos abordados por Gilvan:

Erros no planejamento em 2016

Eu seria ingênuo e burro se eu dissesse que não houve. Quando o Mano recebeu a proposta da China, o auxiliar técnico era o Deivid. Os jogadores e boa parte da imprensa entendiam que o Deivid poderia substituí-lo. Nós também achávamos que daria certo, mas não deu. E fomos atrás de um nome que o Brasil estava carente, como continua carente até hoje. Eu pensei em buscar o Levir (Culpi), mas muitos conselheiros foram contrários.

A gente confiou no Deivid. Não que ele não seja um grande treinador, mas naquele momento ele não estava preparado para assumir o Cruzeiro. Erramos sim, assim como erramos ao trazer um treinador estrangeiro que não conhecia nada do futebol brasileiro. Muitos clubes do país tiveram problemas com isso aqui, inclusive nosso maior rival. Ele assumiu o clube em um momento do ano em que não conseguiu arrumar a equipe, montar o time.

Contratações equivocadas

Achei que erramos em algumas contratações, como todos os clubes erram. Alguns jogadores contratados também não deram certo. Jogador estrangeiro, às vezes, leva mais tempo que o normal para se habituar. Às vezes, é o esquema adotado pelo time. Ao longo do ano, a gente montou um dos melhores elencos do Brasil. Tanto que os jogadores que estão no Cruzeiro e não foram tão utilizados foram procurados para passar por outros clubes.

Situação delicada em grande parte do Brasileirão

Muitas pessoas me perguntaram se eu tinha receio de o Cruzeiro não sair daquela situação, eu disse que confiava no trabalho do treinador e que não teria dúvidas que não passaríamos dificuldades, como não passamos. Faltavam também algumas peças no time do Cruzeiro. Nós contratamos logo na chegada do Mano o Sóbis, o Rafinha. Trouxemos peças importantes para o desenvolvimento do time do Cruzeiro. Nós não cochilamos.

Marcelo Moreno

Sempre tivemos interesse na contratação do Marcelo Moreno, conversamos horas. Ele ainda tem vínculo na China e ele tem um salário elevado. Ele até chegou a reduzir um pouco o salário, mas tem questão de luvas e nós não estamos em condição de pagar mais que o momento permite.
 
Política tumultuada

O Cruzeiro não tem oposição, tem pretendentes a assumir a direção do Cruzeiro. Enxergo isso com bons olhos, porque quando a situação estava muito ruim, quando não tinha atleta nenhum no clube, ninguém queria assumir o Cruzeiro. Agora enxergamos que o Cruzeiro está em uma situação diferente. Temos um elenco que todos gostariam de ter. Todos querem assumir o clube em um momento como esse. Tem pessoas que querem se candidatar ou voltar a trabalhar no futebol do Cruzeiro. Eu costumo dizer para todo mundo que o Cruzeiro de hoje é diferente do Cruzeiro de anos atrás. Exige dedicação em tempo integral, não há hora nenhuma hora para você. Eu não consigo tirar férias nem uma semana sequer. É muito trabalhoso. Contrato, você assina todos os dias muitos contratos. Por melhores que os nossos auxiliares sejam, eles às vezes não podem ler. Então tem que ler todos os contratos. Tem que estar à disposição do clube em tempo integral. Não vou estar mais na presidência do Cruzeiro, mas jamais deixarei de servir o Cruzeiro. O clube foi minha vida por mais de 60 anos. Queremos ajudar o clube a crescer para alcançarmos patamar muito maiores.

Novo formato de eleições

Eu tenho visto muitos clubes fazerem isso. Muitas vezes, o modelo não dá certo lá, mas são clubes completamente diferentes do Cruzeiro. Muitas vezes, são times de futebol só. E o eleitor deles é o eleitor do futebol. Nós temos a separação dos eleitores do clube de lazer e os sócios do futebol. Os sócios do clube de lazer são pessoas ligadas ao clube, às vezes, umbilicalmente. Muitas vezes não frequentam, mas têm ligação com o clube. O Sócio do Futebol é muito volúvel, ele depende demais do procedimento do time de futebol durante o ano. Se o time de futebol está bem, ele mantém o pagamento em dia. Ele não tem essa fidelidade com a política do clube. Aqueles que persistem em continuar, o raciocínio dele é referente à equipe de futebol. Se o time perde, eles querem demitir todo mundo. Se ganhar, volta todo mundo. Acho que a gente tem que separar o torcedor comum do sócio-torcedor. Tem muitos que entram no programa de sócio do futebol para ajudar a colaborar. Eles entendem que a diretoria não é a única a ajudar. A maior parte eu sei, são simples torcedores.

Volta de Ricardo Goulart e Everton Ribeiro

Eu, como torcedor, também estava sonhando com isso. Todos os dois saíram do Cruzeiro por causa de propostas irrecusáveis para ir ao estrangeiro, mas saíram muito bem com a diretoria. Satisfeitos com a condução da negociação deles. Recebo mensagens deles constantemente. Às vezes, recebo manifestação do Goulart que o dia que ele voltar, seria para o Cruzeiro. O Goulart é o melhor brasileiro jogando na China. Gostaram tanto que renovaram o contrato dele por três anos se não me engano. Da mesma forma o Everton Ribeiro.

O que não conseguirá fazer até o fim do mandato

Muita coisa, principalmente obras. Essa crise começou em 2015, e 2016 foi um ano de crise no país. O Atlético-PR tem levado uma vantagem enorme no Campeonato Brasileiro por causa de problema de iluminação e sol no estádio deles. Eles gastaram uma fortuna na manutenção do gramado. Gastavam cerca de 180 mil a 200 mil reais por mês. A solução foi colocar um gramado sintético lá, mas independentemente disso, já pagou o custo da grama sintética. Só quem nunca jogou nas duas camas é que não vê diferença. A bola quica mais, corre mais, você apanha da bola em algumas jogadas. Além disso, mostraram um grande time. Eles foram beneficiados pelo gramado muitas vezes. Se não me engano, perderam muitas partidas. Desde 2015, andava pensando e pensei em fazer uma parceria com o Mineirão, colocar no estádio o gramado sintético. Para colocar os dois gramados na Toca da Raposa II e no Mineirão. Quem joga e treina na grama sintética, não apanha da bola. Não pude fazer isso, mas deixo essa ideia para o futuro presidente do Cruzeiro fazer.

Novo diretor de futebol

Nós tomamos a deliberação de contratar o Tinga, que vai nos ajudar muito no trabalho que o diretor de futebol precisa fazer. Como estamos com as coisas quase todas resolvidas neste sentido de contratações, tem pouca coisa para fazer agora, não precisamos afobar tanto. Temos tempo para olhar isso.

Chapecoense

Quando houve o acidente, nós fomos tão solidários como todos os clubes brasileiros e até de outros países. O que fiz foi oferecer a ajuda humanitária à direção da Chapecoense. Eles nos pediram o Douglas Grolli, que foi atleta deles. Mencionaram dois ou três atletas a mais, mas já estávamos compromissados com outros clubes. Não pediram outros. O que foi possível fazer naquele momento, nós fizemos. Não tinha como desfazer contratos de empréstimos para colocá-los lá. Eles já tinham alguns remanescentes. Eles que pediram e escolheram os atletas, mesmo porque tem muito clube aí que estava fazendo coisas que eu não faria.