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Maior artilheiro da história do Cruzeiro, craque Tostão celebra aniversário de 70 anos

Ídolo cruzeirense também fez história com a camisa da Seleção Brasileira

postado em 25/01/2017 09:55 / atualizado em 25/01/2017 10:53

Felipe Maciel/Divulgacao
Maior artilheiro da história do Cruzeiro com 245 gols em 383 jogos, o craque Tostão – batizado Eduardo Gonçalves de Andrade – comemora nesta quarta-feira aniversário de 70 anos. Nascido em 25 de janeiro de 1947, em Belo Horizonte, o ex-ponta-de-lança começou a jogar futebol profissionalmente pelo América, em 1963, quando tinha 16 anos. Nessa época, a Raposa contratou o promissor jogador, que viria a se tornar grande ídolo do clube e a ser presença importante na Seleção Brasileira. Por causa de uma bolada no olho esquerdo – em dividida com o zagueiro corintiano Ditão num jogo pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, em 24 de setembro de 1969 –, Tostão sofreu descolamento da retina e precisou parar de jogar futebol quatro anos mais tarde, mesmo tendo passado por tratamento nos Estados Unidos.

Da estreia em 1963 à despedida em 1973, Tostão ficou conhecido pela excelente visão de jogo e pelo vasto repertório de lances. Quem o acompanhou “in loco” pôde ver um atleta habilidoso, inteligente e de grande capacidade de finalização. Canhoto, ele gostava de percorrer toda a extensão de campo para participar da troca de passes da equipe e da construção dos ataques.

No Cruzeiro, Tostão vestia a camisa 8, enquanto o amigo Dirceu Lopes, com quem fez parceria de muito sucesso, era o número 10. Foram eles os líderes do time que encantou o Brasil em 1966, na épica conquista da Taça Brasil sobre o Santos do Rei Pelé. No dia 30 de novembro daquele ano, a equipe celeste recebeu o Peixe no Mineirão e ganhou de goleada por 6 a 2. Uma semana depois, tornou a ganhar o confronto – dessa vez no Pacaembu, em São Paulo – por 3 a 2. Nessa competição, Tostão marcou quatro gols.

A “era Tostão” ficou marcada por grande supremacia do Cruzeiro em Minas Gerais. Com ele em campo, o time estrelado ganhou por cinco vezes seguidas o Campeonato Mineiro: 1965, 1966, 1967, 1968 e 1969, sendo os dois últimos de maneira invicta.

Seleção Brasileira

Curta Circuito/Divulgacao
Obviamente que as grandes atuações pelo Cruzeiro proporcionaram a Tostão lugar cativo na Seleção Brasileira. Foram 36 gols marcados em 65 partidas vestindo a amarelinha. Na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, o jovem de 19 anos anotou o tento de honra do Brasil no revés por 3 a 1 para a Hungria, na fase de grupos. No Mundial de 1970, disputado no México, o craque foi improvisado no ataque, como espécie de pivô, e teve papel tático fundamental, abrindo espaço para Jairzinho e Pelé se aproximarem das metas rivais. Com a camisa 9, Tostão fez dois gols no triunfo por 4 a 2  sobre o Peru, pelas quartas de final da competição.

Na decisão da Copa de 1970, contra a Itália, Tostão foi o responsável por roubar a bola no campo de defesa e iniciar a mais famosa troca de passes da história do futebol. Com direito a show de dribles do volante Clodoaldo e assistência precisa de Pelé, o lateral Carlos Alberto Torres, falecido em 2016, bateu cruzado no canto direito do goleiro Dino Zoff e fechou a vitória brasileira em 4 a 1.

Uma curiosidade é que Tostão sempre recusou prêmios oferecidos pelo governo federal aos campeões de 1958, 1962 e 1970 por compreender que dinheiro público só pode seria gasto com a população de modo geral. Por conta dessa conduta, acabou recebendo críticas de ex-colegas de Seleção.

Dr. Eduardo

As complicações causadas pela bolada no olho esquerdo interromperam a trajetória de Tostão no futebol. Aos 26 anos, depois de curta passagem pelo Vasco, o jogador anunciou o fim da carreira. Ele havia sofrido, à época, novo descolamento de retina e passou pelo mesmo tratamento em Houston, nos Estados Unidos. A orientação do médico Roberto Abdalla Moura, responsável pelas cirurgias (em 1969 e 1973), era que o atleta deixasse de jogar, pois corria o risco de ter uma recidiva.

Arquivo O Cruzeiro/EM
Tostão, então, partiu para um novo caminho: o da medicina. No livro Tempos vividos, sonhados e perdidos: Um olhar sobre o futebol, ele conta que em 1974 – quatro anos depois de ter sido titular da Seleção Brasileira tricampeã mundial – conseguiu aprovação para os cursos de medicina, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e fisioterapia, da Faculdade de Ciências Médicas.

“(...) Escolhi a medicina por várias razões. Tinha uma grande curiosidade de entender e conhecer os segredos do corpo, da alma, da vida e da morte. Mas aprendi nos livros de Dostoiévski, Sartre, Camus, Machado de Assis, Hermann Hesse, Freud e outros, e nas poesias de Pessoa e Drummond, muito mais da vida e da morte do que na medicina e na dissecação de cadáveres (...)”.

“(...) A profissão de médico é sedutora, traz prestígio social e possibilita ajudar as pessoas, além de interferir na doença e no destino dos pacientes. Sentia-me importante como ser humano. Tinha também uma boa relação pessoal com médicos e com pessoas ligadas à profissão. Era o início da descoberta de um novo mundo (...)”.

Tostão cursou medicina na UFMG de 1975 a 1981. Posteriormente, tornou-se professor da Faculdade de Ciências Médicas e médico da Santa Casa. Por 20 anos, dedicou-se exclusivamente à área da saúde e teve pouco tempo para acompanhar futebol. Somente no fim da década de 1990 é que largou a medicina para virar cronista esportivo.

Cronista esportivo

O intelecto de Tostão também foi aproveitado em análises futebolísticas. Por muitos anos, o ídolo do Cruzeiro foi colunista do Estado de Minas, cujos textos viraram referência na parte acadêmica do jornalismo. Atualmente, ele escreve duas vezes por semana para a Folha de S. Paulo e costuma analisar esquemas táticos, filosofias de jogo e assuntos relativos à Seleção Brasileira, entre outros temas. Além de Tempos vividos, sonhados e perdidos: um olhar sobre o futebol, lançado em 2016, Tostão publicou em 1997 a obra Tostão – Lembranças, Opiniões e Reflexões sobre Futebol.

Tostão


Nome: Eduardo Gonçalves de Andrade

Data de nascimento: 25/01/1947

Naturalidade: Belo Horizonte

Clubes: América (1963), Cruzeiro (1963 a 1972) e Vasco (1972 a 1973)

Gols: Cruzeiro (245), Seleção Brasileira (36), Vasco (7), Seleção Mineira (2), Seleção do Rio de Janeiro (1) e América (1).

Títulos: Taça Brasil (1966), Campeonato Mineiro (1965, 1966, 1967, 1968, 1969), Copa do Mundo (1970), Copa Rocca (1971) e Taça da Independência (1972)

Artilharias: Mineiro 1966 (18 gols), Mineiro 1967 (20 gols), Mineiro 1968 (20 gols), Taça de Prata 1970 (12 gols) e Eliminatórias da Copa do Mundo de 1970 - Zona Sul-Americana (10 gols)

Quinho

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