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No Cruzeiro, Tostão vestia a camisa 8, enquanto o amigo Dirceu Lopes, com quem fez parceria de muito sucesso, era o número 10. Foram eles os líderes do time que encantou o Brasil em 1966, na épica conquista da Taça Brasil sobre o Santos do Rei Pelé. No dia 30 de novembro daquele ano, a equipe celeste recebeu o Peixe no Mineirão e ganhou de goleada por 6 a 2. Uma semana depois, tornou a ganhar o confronto – dessa vez no Pacaembu, em São Paulo – por 3 a 2. Nessa competição, Tostão marcou quatro gols.
A “era Tostão” ficou marcada por grande supremacia do Cruzeiro em Minas Gerais. Com ele em campo, o time estrelado ganhou por cinco vezes seguidas o Campeonato Mineiro: 1965, 1966, 1967, 1968 e 1969, sendo os dois últimos de maneira invicta.
Seleção Brasileira

Na decisão da Copa de 1970, contra a Itália, Tostão foi o responsável por roubar a bola no campo de defesa e iniciar a mais famosa troca de passes da história do futebol. Com direito a show de dribles do volante Clodoaldo e assistência precisa de Pelé, o lateral Carlos Alberto Torres, falecido em 2016, bateu cruzado no canto direito do goleiro Dino Zoff e fechou a vitória brasileira em 4 a 1.
Uma curiosidade é que Tostão sempre recusou prêmios oferecidos pelo governo federal aos campeões de 1958, 1962 e 1970 por compreender que dinheiro público só pode seria gasto com a população de modo geral. Por conta dessa conduta, acabou recebendo críticas de ex-colegas de Seleção.
Dr. Eduardo
As complicações causadas pela bolada no olho esquerdo interromperam a trajetória de Tostão no futebol. Aos 26 anos, depois de curta passagem pelo Vasco, o jogador anunciou o fim da carreira. Ele havia sofrido, à época, novo descolamento de retina e passou pelo mesmo tratamento em Houston, nos Estados Unidos. A orientação do médico Roberto Abdalla Moura, responsável pelas cirurgias (em 1969 e 1973), era que o atleta deixasse de jogar, pois corria o risco de ter uma recidiva.

“(...) Escolhi a medicina por várias razões. Tinha uma grande curiosidade de entender e conhecer os segredos do corpo, da alma, da vida e da morte. Mas aprendi nos livros de Dostoiévski, Sartre, Camus, Machado de Assis, Hermann Hesse, Freud e outros, e nas poesias de Pessoa e Drummond, muito mais da vida e da morte do que na medicina e na dissecação de cadáveres (...)”.
“(...) A profissão de médico é sedutora, traz prestígio social e possibilita ajudar as pessoas, além de interferir na doença e no destino dos pacientes. Sentia-me importante como ser humano. Tinha também uma boa relação pessoal com médicos e com pessoas ligadas à profissão. Era o início da descoberta de um novo mundo (...)”.
Tostão cursou medicina na UFMG de 1975 a 1981. Posteriormente, tornou-se professor da Faculdade de Ciências Médicas e médico da Santa Casa. Por 20 anos, dedicou-se exclusivamente à área da saúde e teve pouco tempo para acompanhar futebol. Somente no fim da década de 1990 é que largou a medicina para virar cronista esportivo.
Cronista esportivo
O intelecto de Tostão também foi aproveitado em análises futebolísticas. Por muitos anos, o ídolo do Cruzeiro foi colunista do Estado de Minas, cujos textos viraram referência na parte acadêmica do jornalismo. Atualmente, ele escreve duas vezes por semana para a Folha de S. Paulo e costuma analisar esquemas táticos, filosofias de jogo e assuntos relativos à Seleção Brasileira, entre outros temas. Além de Tempos vividos, sonhados e perdidos: um olhar sobre o futebol, lançado em 2016, Tostão publicou em 1997 a obra Tostão – Lembranças, Opiniões e Reflexões sobre Futebol.
Tostão
Nome: Eduardo Gonçalves de Andrade
Data de nascimento: 25/01/1947
Naturalidade: Belo Horizonte
Clubes: América (1963), Cruzeiro (1963 a 1972) e Vasco (1972 a 1973)
Gols: Cruzeiro (245), Seleção Brasileira (36), Vasco (7), Seleção Mineira (2), Seleção do Rio de Janeiro (1) e América (1).
Títulos: Taça Brasil (1966), Campeonato Mineiro (1965, 1966, 1967, 1968, 1969), Copa do Mundo (1970), Copa Rocca (1971) e Taça da Independência (1972)
Artilharias: Mineiro 1966 (18 gols), Mineiro 1967 (20 gols), Mineiro 1968 (20 gols), Taça de Prata 1970 (12 gols) e Eliminatórias da Copa do Mundo de 1970 - Zona Sul-Americana (10 gols)