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ESPECIAL BH 120 ANOS

Paixões: veja como nasceu o amor de Salomé, de 83 anos, pelo Cruzeiro Esporte Clube

Não há um metro quadrado da casa de Salomé Silva, no Bairro Inconfidentes, em Contagem, que não lembre sua maior paixão, o Cruzeiro

Quando o americano Fernando Brant e o cruzeirense Milton Nascimento descreveram as ruas e avenidas vazias nas tardes de domingo por causa do futebol, eles poderiam, muito bem, estar imaginando um típico domingo belo-horizontino. Seja nos seus primeiros anos, nos estádios do Barro Preto, Lourdes ou Alameda; no Independência e, sobretudo, nos últimos 52 anos, no Mineirão, o futebol sempre ditou a rotina das famílias da capital mineira.

Para celebrar os 120 anos de BH, o Superesportes/Estado de Minas reuniu três torcedoras que transformaram as camisas de América, Atlético e Cruzeiro em segunda pele. Zuleine Epiphanio Garcia Leão, a dona Zuzu, de 82 anos, cruza o país de ônibus e avião onde o Coelho estiver. Ana Cândida de Oliveira Marques, de 97, a Vovó do Galo, se tornou um xodó e amuleto da torcida alvinegra. Salomé Silva, de 83, gaba-se de ter faltado a pouco mais de 20 jogos do Cruzeiro em toda a história do Mineirão.

Futebol é paixão e, nas arquibancadas mineiras, elas conjugam o verbo torcer com devoção.



“MORA DENTRO DO MEU CORAÇÃO”

Não há um metro quadrado da casa de Salomé Silva, no Bairro Inconfidentes, em Contagem, que não lembre sua maior paixão, o Cruzeiro. Bandeirões enfeitam o lado de fora da casa, um pedaço de grama sintética serve de tapete na sala, uma raposa empalhada decora a sala, fotos com ex-jogadores e dirigentes enfeitam o armário da cozinha e antigos banners fora a área de lavar, onde vivem seus papagaios, que levam o nome de Adilson Batista e Marcelo Moreno.

Salomé nasceu na zona rural de Bom Despacho e mudou-se para Belo Horizonte em 1958, para trabalhar em casas de família. A paixão pelo Cruzeiro veio com o marido, que jogava em um time amador em Bom Despacho cujo as cores eram azul e branco. Ao longo das décadas, o laço com o Cruzeiro foi ficando mais forte, com os primeiros títulos no Mineirão.

“Dia de jogo do Cruzeiro, eu nem consigo comer direito, perco a fome, perco o sono. Eu sofro por causa do time, mas ele me dá só alegria”, conta Salomé, Hoje, gabando-se de ter faltado a apenas 22 jogos no Mineirão, um no Independência e um em Sete Lagoas.

Desde a década de 1990, Salomé é funcionária do Cruzeiro, trabalhando como faxineira no clube do Barro Preto. Em dia de jogos, sai do trabalho direto para o Mineirão e encara dois ônibus de volta para casa, chegando em Contagem por volta de 2h. “Sou apaixonada pelo Cruzeiro e é o time que me mantém firme".


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