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Seis anos do 6 a 1: Cruzeiro celebra aniversário de goleada sobre o Atlético

Triunfo em 4 de dezembro de 2011, na Arena do Jacaré, evitou rebaixamento

postado em 04/12/2017 09:00 / atualizado em 04/12/2017 11:41

Marcos Michelin / EM DA PRESS

O número seis se tornou emblemático para a torcida do Cruzeiro desde que o time ganhou do Atlético por 6 a 1, na Arena do Jacaré, pela última rodada do Campeonato Brasileiro de 2011. Ao conquistar sua maior goleada sobre o rival, a equipe celeste escapou do rebaixamento à Série B – ficou em 16º lugar, com 43 pontos, a dois do Atlético-PR. Nesta segunda-feira (4/12), o placar histórico completa seis anos, e a torcida cruzeirense já usa as redes sociais para mencionar o simbolismo do sexto aniversário do triunfo, tão comemorado quanto um título.

Nesta manhã, a goleada é o segundo assunto mais comentado no Twitter em rede nacional. Vários cruzeirenses estão usando a hashtag '#6a1Day' para falar daquela partida. Já o Cruzeiro publicou dois emoticons de mãos, sinalizando um seis.



O Cruzeiro, que até fez turno razoável no Brasileiro – terminou em sétimo, com 27 pontos –, amargou maus resultados na segunda metade da competição. Logo na abertura do returno, a derrota por 4 a 2 para o Figueirense, no Ipatingão, ocasionou a demissão do técnico Joel Santana, que deixou a Toca da Raposa II com oito vitórias e sete derrotas (53,3% de aproveitamento). A diretoria buscou uma solução caseira para tentar resolver o problema e promoveu o coordenador técnico Emerson Ávila. A situação piorou ainda mais, pois o time contabilizou apenas dois pontos em seis jogos e despencou, na 26ª rodada, para o 16º lugar, com 29 pontos. Ávila acabou retornando ao cargo anterior, e o clube, por meio de mensagem no Twitter, oficializou a contratação de Vagner Mancini, em 26 de setembro.

Mancini também começou com resultados ruins. Só foi conhecer o primeiro triunfo na 31ª rodada, com os 3 a 2 de virada sobre o Atlético-GO, em Sete Lagoas. Anselmo Ramon foi o destaque do duelo, com dois gols. No geral, até o derradeiro confronto contra o Atlético, o comandante registrava 11 partidas, com duas vitórias, cinco empates e quatro derrotas. Com 40 pontos, o Cruzeiro precisava ganhar do rival na última rodada para escapar da queda. Ceará (17º, com 39) e Atlético-PR (18º, com 38) também tinham chances de fugir do descenso. Um dos mais experientes daquele grupo, o ex-volante Leandro Guerreiro relembrou, em entrevista ao Superesportes, a dramaticidade do clássico de 4 de dezembro de 2011 e enalteceu a condução de Vagner Mancini nas palestras pré-jogo.

“Foi o jogo mais tenso da minha vida. O Cruzeiro, que nunca caiu, jogaria num estádio acanhado e lotado. Passamos a semana toda concentrados em São Paulo. Se acontecesse o pior, não sei o que aconteceria conosco, pois a Arena do Jacaré é pequena, os vestiários são apertados, a torcida fica bem perto. Então era uma tensão muito grande. Jogamos sem nossos dois principais jogadores, que eram o Fábio (goleiro) e o Montillo (meia). Mal dormimos de madrugada. Mas creio que fomos bem conduzidos pelo Wagner Mancini, que nos ajudou bastante e têm uma parcela significativa nessa vitória. Ele soube nos colocar para cima, mesmo em situação em baixa”.

O Cruzeiro abriu o placar logo aos 9min, com o meia Roger, que substituiu o suspenso Montillo. Guerreiro ampliou em cabeceio certeiro, aos 28min. Anselmo Ramon, aos 33min, e Fabrício, aos 45min, fizeram 4 a 0 e deixaram em êxtase os 18.500 torcedores na Arena do Jacaré. Ali, o time ficou mais tranquilo. Na etapa final, Wellington Paulista fez o quinto aos 11min. Réver diminuiu para o Atlético, mas Everton marcou o sexto, já nos acréscimos.

Drama

ALEXANDRE GUZANSHE / EM DA PRESS

Leandro Guerreiro, à época com 33 anos, precisou enfrentar o luto pelo falecimento do sogro e pela perda de um filho – a esposa, Patrícia, sofreu um aborto espontâneo na véspera do clássico. O volante chegou a considerar a possibilidade de pedir dispensa, mas acabou ajudando o time em meio a um momento muito complicado na vida pessoal. Ele acabou premiado com um gol.

“Foi um prêmio para mim. Eu não vivia um momento bom, pois minha esposa havia perdido um filho uma semana antes e meu sogro também tinha falecido. Eu, inclusive, pensei em pedir dispensa para ir ao velório, mas a situação do Cruzeiro era muito complicada. O time precisava de ajuda. Então, optei por ficar. E fazer o gol foi um prêmio para mim. Me emocionei bastante na comemoração”.

Guerreiro ainda rechaçou os boatos de que alguns jogadores atleticanos teriam tirado o pé naquela partida, já que haviam livrado a equipe da queda na rodada anterior – o alvinegro ficou em 15º , com 45 pontos.

“Não existe isso. Rebaixar o rival é algo que não teria preço. Tudo que o Atlético queria era rebaixar o Cruzeiro. Imagina? Isso não teria preço para o Atlético. Era tudo que o clube queria, era tudo que o Kalil queria. Acho que quem diz que o jogo foi comprado é porque está tentando arrumar desculpa para justificar a derrota. Se tivesse alguma coisa, que fosse para combinar 1 a 0. Mas 6 a 1, poxa?! (risos)”, afirmou o ex-jogador, que pendurou as chuteiras no fim de 2016 depois de atuar por três anos no América.

Remanescentes


Os goleiros Fábio e Rafael e o zagueiro Leo são os remanescentes daquele elenco que por pouco não caiu. O volante Henrique disputou algumas partidas no Brasileiro de 2011, mas foi vendido ao Santos pouco tempo depois. No dia do 6 a 1, Rafael entrou na fogueira para substituir Fábio, que cumpriu suspensão pelo acúmulo de três cartões amarelos. Leo, por sua vez, atuou improvisado na lateral direita, já que o time não contava com o também suspenso Marquinhos Paraná.

CRUZEIRO 6 X 1 ATLÉTICO


Data: 04/12/2011 (domingo)
Motivo: 38ª rodada do Campeonato Brasileiro
Local: Arena do Jacaré, em Sete Lagoas-MG
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique-RJ (Fifa)
Público: 18.500 pagantes
Renda: R$ 258.564,50
Gols: Roger, aos 9 min., Leandro Guerreiro, aos 28 min., Anselmo Ramon, aos 33 min., e Fabrício, aos 45 min. do 1º tempo; Wellington Paulista, aos 11 min., e Réver, aos 15 min., e Everton, aos 45 min. do 2º tempo
Cartões amarelos: Leandro Guerreiro, Roger, Anselmo Ramon e Charles (Cruzeiro); Pierre e Richarlyson (Atlético)
Cartões vermelhos: Wellington Paulista (Cruzeiro); Werley (Atlético)


Cruzeiro
Rafael; Leo, Naldo, Victorino e Diego Renan; Fabrício, Leandro Guerreiro, Charles (Farías) e Roger (Ortigoza); Wellington Paulista e Anselmo Ramon (Everton)
Técnico: Vágner Mancini

Atlético
Renan Ribeiro; Serginho (Magno Alves), Réver, Leonardo Silva (Werley) e Richarlyson; Pierre, Filipe Soutto, Carlos César e Daniel Carvalho; Bernard e André
Técnico: Cuca

Torcedor relembra onde estava no momento exato da goleada

Cruzeirense que vive na Amazônia, Seu Lúcio relembrou onde estava na tarde do dia 4 de dezembro de 2011, enquanto Cruzeiro e Atlético mediam forças na Arena do Jacaré. O torcedor, que possui deficiência visual, está prestes a ter sua vida transformada em filme. A campanha será expirada em três dias e o custo total para a realização do curta é de R$ 32,650,00.



“Nesta data memorável eu me encontrava em Cachoeira Paulista/SP. Estava na missa, e quando terminou, por volta das 17h, peguei meu radinho de pilha e fiquei sintonizado no jogo do Cruzeiro e Atlético. Naquele dado momento, o Cruzeiro já vencia. O técnico era o Vagner Mancini. Eu dei cada pulo de alegria, pois se o Cruzeiro perdesse, estaria na Segunda Divisão. Quando soube do resultado, fiquei alegríssimo. “Agora sim, o Cruzeiro não cai mais”. Aí o Atlético fez um gol de honra e se tornou o 6 a 1 memorável naquele domingo, linda tarde de sol, e o Cruzeiro gloriosamente continuava na Primeira Divisão”, disse seu Lúcio ao coletivo Memória Celeste.

Para mais informações e participação no financiamento do projeto do filme de Seu Lúcio, acesse catarse.me/azulescuro

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