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Por salário em dia, reforços e elenco 'blindado', Itair volta a pedir torcedor do Cruzeiro para aderir ao programa de sócio

Vice vê programa como único meio de seguir viabilizando elenco de alto padrão

postado em 27/01/2018 08:30 / atualizado em 26/01/2018 20:08

Ramon Lisboa/EM/D. A Press
Ao apresentar o lateral-direito Edílson, no dia 12 de janeiro, o vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Itair Machado, lançou um desafio à torcida para aderir ao programa sócio-torcedor e tentar superar a marca de 100 mil associados. Com o investimento dos cruzeirenses, sua pretensão é apresentar um grande reforço no meio da temporada. “Eu gostaria de trazer um jogador que seria um dos maiores reforços da história do Cruzeiro. Mas, para isso, precisaria de 25 milhões de reais para iniciar essa negociação. Se o torcedor corresponder, um chamar o outro, vamos fazer uma contratação de muito impacto”.

Nesta sexta-feira, ao ratificar a permanência de Thiago Neves mesmo com uma proposta do Al-Hilal da Arábia Saudita de US$ 10 milhões, e confirmar que pagará a multa de Fred ao Atlético no valor de R$ 10 milhões, Itair voltou a convocar o torcedor para aderir ao programa de sócios.

O vice de futebol destacou que as receitas com patrocinadores já não sustentam o alto padrão do elenco. Na visão dele, só com mais de cem mil sócios e boa parte deles nas categorias mais rentáveis (Tríplice Coroa – R$ 205/mês; Libertadores – R$ 150/mês; Brasileiro – R$ 105/mês; Copa do Brasil – R$ 90/mês; e Cruzeiro Sempre – R$ 30/mês) será viável manter salários do elenco em dia e os investimentos ousados.

”O torcedor tem que se conscientizar que o Cruzeiro está numa situação financeira difícil e, para que a gente possa manter salários em dia, precisamos chegar na meta de 100 mil sócios-torcedores. Não vale aquele de R$ 12 (Time do Povo), aí é fácil fazer, tem que ser o sócio normal, que paga um valor que vai ajudar o clube. Senão, brevemente, por esses dois ou três meses, a gente corre risco de atrasar salários. A gente está mantendo os jogadores, deixamos de vender outros jogadores. Agora precisamos do torcedor nos ajude. É obrigação do torcedor? Não é. Você vai procurador patrocinador de camisa, patrocinador é R$ 12 milhões, R$ 15 milhões (por ano). Isso aí, se juntar a torcida e fizer o sócio, nem se compara. A torcida hoje é o nosso maior patrocinador. Precisamos de recursos para manter a folha em dia, que é o termômetro do elenco”, justificou.

Apostando no crescimento das adesões ao programa, que hoje tem pouco mais de 69 mil integrantes, Itair Machado revelou sondagens a Bruno Henrique, do Santos, e Ricardo Goulart, do Guangzhou Evergrande, da China. Esse último, grande ídolo da torcida desde a conquista do bicampeonato brasileiro, em 2013 e 2014, foi cotado para ser o substituto de Thiago Neves, caso ele aceitasse a proposta milionária para se transferir para o Arábia.

”Temos que juntar todo mundo e o torcedor nos ajudar a bater essa meta de 100 mil sócios. Com esses 100 mil sócios, vocês estão vendo aí, fomos atrás de Bruno Henrique. Vou confessar um outro negócio para vocês aqui. Eu não sabia que o Thiago Neves ia querer ficar, eu fiquei surpreso com a resposta dele de querer ficar no Cruzeiro, porque US$ 10 milhões de dólares a multa, o clube pagar, e o clube oferecer para ele contrato de dois anos, e pagar US$ 12 milhões. Eu achei que ele iria. Nada tira o meu sono, mas essa noite eu não dormi. É o termômetro da alegria do time o Thiago Neves. Fiquei feliz com a permanência dele. Mas conversei com Ricardo Goulart ontem, conversei com o procurador dele”, disse.

”A gente tem interesse. O torcedor fica querendo Goulart, Goulart, Goulart. Mas o salário ainda é inviável para o Cruzeiro nesse momento, mais para frente pode não ser. Ele tem carinho pelo Cruzeiro, quer voltar para o Cruzeiro, o procurador deixou claro, ele também falou, mas como o Thiago Neves agora vai ficar, não podemos fazer essa contratação. Mas se o Thiago Neves tivesse ido embora...outro motivo que o (departamento) financeiro ficou triste. Eu disse: ‘Você não ver um centavo desse dinheiro, vou pegar ele e trazer o Ricardo Goulart’. Ela (contratação) passaria a ser possível. Porque US$ 15 milhões, a gente teria US$ 10 milhões...e com certeza teria viabilidade financeira para completar o salário. Somos uma diretoria que quer o time cada vez mais forte. Então, nós precisamos que o torcedor acredite nisso e faça o sócio-torcedor”, acrescentou.

Ramon Lisboa/EM/D. A Press

Política de grandes jogadores

No começo do ano, durante as reuniões internas que traçaram estratégias para captar mais adesões ao programa do sócio, Itair Machado teria alertado os seus pares que de nada adiantaria fazer um marketing agressivo sem jogadores que gerassem confiança no torcedor. Baseado nesse pensamento, ele foi atrás de reforços de impacto. Sem sucesso na negociação com Pratto, então no São Paulo, fechou com Fred, do rival Atlético. O Cruzeiro ainda trouxe Edílson, campeão da Libertadores com o Grêmio; Bruno Silva, destaque do Botafogo; David, revelação do Vitória; e ainda Marcelo Hermes, do Benfica, Egídio, em fim de contrato com o Palmeiras, e o meia argentino Mancuello, do Flamengo.

”Se ele (torcedor) vê que tem espetáculo, que o time está correspondendo...Eu participei da primeira reunião do Cruzeiro, de toda diretoria, eu estava escutando as ideias do marketing para trazer sócio-torcedor. Eu, pela minha vivência, paralisei a reunião e disse: pode parar tudo isso daí. Só tem duas maneiras de ter sócio-torcedor: primeiro, ter um bom time, um bom elenco. Segundo, esse time precisa ganhar. Não adiantar ter melhor plantel. Se não tiver uma semana boa, chega lá em Ipatinga e perde para o Tombense (...) Futebol é vitória. As duas receitas para sócios nós temos. Temos um bom time, um bom elenco e agora as vitórias estão vindo. Tenho certeza que vamos ter o número (planejado) de sócio-torcedor”, apostou Itair Machado nesta sexta-feira.

Vendas

Por fim, Itair Machado lembrou que o crescimento das adesões é um meio de blindar um pouco o elenco de propostas vindas do exterior. Na visão dele, com salário em dia e time competitivo, jogadores certamente pensarão duas vezes em mudar de ares. A recusa de Thiago Neves ao Al-Hilal, clube onde é ídolo, foi apontado como um exemplo. 

”Eu sou aquele que o torcedor gosta, o torcedor não gosta que vende, eu também não gosto de vender. Por mim, não venderia. Jogador tem que querer ir (condição do clube para efetuar as vendas). Eu também sou contra. A gente quer trabalhar sempre para reforçar o time. Pode vender algum jogador na janela? Pode. O Murilo mesmo é um que está tendo várias propostas, mas não chegou oficial. Se chegar e o jogador falar que quer ir embora, não tem como o Cruzeiro segurar. Mas o Cruzeiro não quer vender, mesmo (estando) apertado. E volto a dizer: não queremos porque confiamos na força do torcedor para adquirir o plano nosso do sócio. (...) Todo clube brasileiro passou por essa dificuldade, e chegou a hora do Cruzeiro. Mas nós estamos preparados para vencer essa dificuldade”, concluiu.

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